quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Mother
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Diecisiete
Dezessete é um esplêndido filme espanhol que nos oferece uma historia sofrida e cuidadosamente dramática, repleta de mensagens honestas e inspiradores e com atuações brilhantes. O filme acompanha a vida de Hector, um adolescente de quinze anos que está num centro de detenção e reintegração juvenil por ter cometido diversos crimes, incluindo invasão e roubo. Hector é vitima da sua própria vida: criado longe dos pais e subestimado pelo irmão mais velho, Ama desesperadamente a sua avó, que se encontra em estado terminal- todos os pequenos delitos que comete é para manter o bem estar dela sem nunca pensar nas consequências. Solitário e introspetivo, tem como únicos amigos um livro de Código Penal (que sabe de cor) e um cão (com quem interage no centro de detenção). Entretanto, quando o cão 'desaparece' do centro, Hector decide fugir, resgatar o seu amigo e voltar para junto da sua avó. Inesperadamente, o seu irmão ajuda-o nessas missões às quais se propõe, e através daqui reinicia-se uma aproximação entre ambos e o reencontro com o amor que os bafejou na infância. A interação humano-animal é uma constante no filme e os caës com os quais Hector se cruza marcarão sempre os seus passos e evolução enquanto pessoa. Dificilmente ficaremos indiferentes a este filme se formos amantes de animais. Biel Montoro (Hector) e Nacho Sánchez (Ismael) são excelentes atores e o roteiro é tão criativo quanto engenhoso. Em nenhum momento o filme nos cansa ou exagera: o enredo e as atuações equilibram muito bem as emoções e toda a carga dramática. Dezessete é uma jornada de três dias em que ambas as personagens aprendem, evoluem e amam. E naturalmente perdoam a vida pelo azedume do passado que lhes dificulta o presente. O filme não é drama cliché, é um relato sólido da vida que suspira eternamente por felicidade mesmo quando tudo é adversidade.
domingo, 27 de dezembro de 2020
Viver Duas Vezes
Viver Duas Vezes é um filme espanhol dramático com algumas nuances de comédia para aligeirar o peso da temática em questão. A temática é portanto a doença de Alzheimer que começa a afetar a vida de um professor universitário de Matemática e o seu pequeno núcleo familiar. À medida que a doença se torna uma dura realidade, este professor decide ir atrás do seu primeiro grande amor, com receio de esquecer tudo o que viveu. Para tal, contará com a ajuda da sua filha, genro e neta. A naturalidade é a chave deste filme: os atores atuam de forma simples e genuína e exploram as suas personagens com carisma, tentando fazer da imperfeição o motor para a normalidade das suas vidas. Destaque para a relação entre duas personagens: o avô e a neta- entre 'arranhadelas' e confusões próprias da diferença de geração, o amor puro e fiel mantêm-os unidos, sem necessitar dos melodramas comuns do cinema. Mas o que realmente importa aqui é a abordagem ao Alzheimer. Estamos perante um filme bonito, engraçado, dramático, real e muito pouco prepotente.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Desenhos animados em dia de Natal:
(A continuação das aventuras de Po, agora o Dragão Guerreiro, e os cinco furiosos, contém as mesmas características que fizeram do original um sucesso: piadas irreverentes em torno de um panda lutador de Kung Fu, sequências de lutas emparelhadas com a banda sonora do filme, e efeitos visuais 3D nas cenas de ação (uma dádiva do Kung Fu Panda 2 dada pelo avanço tecnológico da computação gráfica).(Filme que nos apresenta uma comunidade de Yeti (mais conhecidos por Pé-Grande) que habita no topo de uma grande montanha, acima das nuvens. Certo dia um dos membros desta comunidade, tropeça num piloto acabado de se despenhar de um avião. E é quando vê o seu pé que percebe que está perante o Pé-Pequeno, que até aquele momento era apenas um mito. Decide então ir em busca de todos os pés pequenos do mundo para provar que tal facto não é mito mas sim realidade. E começa assim uma grande aventura entre Yeti e Humanos. A ideia do filme é bastante simples e resulta: inverter os maus da fita, ou seja, os Yeti não säo assim tão assustadores e os humanos conseguem-no ser bastante. Os momentos musicais säo exagerados e extensos mas e entretenimento familiar é garantido).
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
The King
The King é uma adaptação de várias peças de Shakespeare que contam a história do rei Henrique V de Inglaterra que herda o reino após a morte de seu pai, o rei Henrique IV, durante a Guerra dos Cem Anos entre ingleses e franceses. A fotografia e direção de arte são duas peças fundamentais neste filme que pretende ser um épico de guerra, embora várias vezes tombe para o drama histórico. A história é rica em detalhes e foca-se integralmente na relação hostil de Henrique V e seu pai e na sua inexperiência como futuro rei. O maior erro deste filme, a meu ver, é a infidelidade para com a verdade histórica em detrimento de acontecimentos fantásticos, talvez por seguir muito a linha de peças teatrais. Destacam-se dois atores com atuações magníficas: Sean Harris e Robert Pattinson. Para os amantes de épicos de guerra, The King é uma narrativa confortável mas peca pelo excesso de violência, por subestimar factos históricos e por uma cenografia escura e amorfa.
sábado, 28 de novembro de 2020
sábado, 14 de novembro de 2020
"Hold-up"
Imagens impactantes, convidados/intervenientes prestigiados, entrevistas em fundo negro, música cativante ... e temos reunidos todos os ingredientes do documentário Hold-Up, que tem agitado opiniões e redes sociais desde o seu lançamento no dia 11 de novembro. É um documentário com pretensões de ser testemunho jornalístico mas para mim não deixa de ser um filme mesclado de alguma realidade e muita ficção cientifica. Construído com habilidade, verdade seja dita, Hold-Up responde ao que se propõe: convencer. Para isso, há uma construção extraordinária de testemunhos convincentes com as mais variadas teses de conspiração.
A temática não poderia ser mais atual: a epidemia de Covid-19 e a sua gestão por parte das autoridades. Numa primeira parte, todas as críticas e duvidas sobre as ações governamentais säo plausíveis e bem discutidas. A origem do Sars-CoV-2 ainda não está explicada e a gestão governamental desta epidemia levanta muitas críticas e interrogações válidas por parte da população. No entanto, o filme critica, critica, critica e não dà alguma resposta ou resolução. Fácil é falar quando nada se tem a propor, não é?"
Os entrevistados foram escolhidos a conta, peso e medida: ex-pesquisador do Inserm, ex-Prémio Nobel de Física ou até um ex-Ministro da Saúde. Tudo a contribuir para seriedade do que se defende, embora, convém não esquecer que todas estas personalidades säo também contraditórias e foram alvo de algumas difamações. Logo, têm algo a resolver com uma gestão política que em algum dado momento os prejudicou. Os cientistas apresentados no filme justificam a sua presença não só pelo trabalho ate então realizado mas também pela posição que defendem: säo contra o consenso cientifico em prol de uma liberdade de expressão individual atacada e aniquilada. E apontam os seus colegas como seres mentirosos. Apontar o dedo a alguém faz de nós mais verdadeiros? Em vez de apresentarem provas concretas de uma suposta manipulação política que pretendem denunciar, os entrevistados baseiam-se em afirmações não provadas nem sequer comprovadas. Apelam única e exclusivamente ao lado emocional do espetador e eu só posso avaliar o filme como sensacionalista. Contudo a construção deste filme, em sistema retórico com um acumular em camadas de todos os argumentos é genial, já que leva muito tempo aos críticos de dissecar toda a informação e construir uma analise fidedigna. O que permite ao filme enraizar-se e ganhar terreno junto da sociedade. Até porque existe sempre alguma verdade ali pelo meio. Uma mistura de falsidade e realidade que torna tudo mais difícil de descortinar.
A segunda parte do filme é realmente o descarrilar pleno na ficção cientifica e tudo o que é teoria da conspiração. Uma mistura de teses antigas desenvolvidas ao longo dos tempos que culminam no que vivemos hoje. Enigmas que há muito nos fascinam e que tentamos resolver. E o espetador é encaminhado minuciosamente a acreditar em ideias cada vez mais radicais. Por fascínio, por medo e por falta de respostas. Mais uma vez, o sistema de retórica seduz e retém quem assiste. Para mim, é quase tudo um mar de noticias falsas, onde pouco ou nada se pode provar.
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
A Plataforma
A poposta é muito simples: uma prisão vertical em mecanismo rotativo em que a única fonte de alimento é uma plataforma repleta de comida que parte todos os dias do topo até à base. A condição humana é posta à prova: os que se encontram nos níveis superiores da prisão alimentam-se como reis, embebidos pela gula. As sobras vão descendo à medida que a plataforma desce também, e quanto mais abaixo nos encontramos, menos comemos. Ninguém sabe quantos pisos existem, nem quantas pessoas ali estão, mas percebe-se que se houver um racionamento de comida, todas as pessoas consumiriam o necessário para poderem sobreviver. Mas esta é a utopia residente na película. No início conhecemos Goreng (Iván Massagué), um prisioneiro que acaba de chegar, por vontade própria. Conhecemos ainda Trimagasi (Zorion Eguileor), o seu experiente companheiro de cela, impaciente por liberdade.
É através de Goreng que conhecemos o cenário assustador de todo este mecanismo prisional e testemunhamos a desumanização ali presente. O pròprio Goreng, prisioneiro por vontade própria, sofre uma mudança de mentalidade que aos poucos e poucos testa o limite da sua humanidade. Impedido de agir em grupo para restaurar alguma dignidade aquele espaço, decide agir sozinho e ser obviamente vitima da sua insanidade.
Graficamente, nâo é filme que se veja de ânimo leve. Mas creio que o estômago quer-se leve ou mesmo vazio. A violência gráfica é uma constante e a fotografia uma mais valia.
A Plataforma pode muito bem ser o retrato da nossa sociedade altruísta, individualista e egoísta. Como sobreviver e prosperar no meio de tanta violência? O fim pode ser surpreendente mal amado. Mas estamos perante uma verdadeira distopia e o desconforto é o objetivo a alcançar para o espetador.
Direção de fotografia primorosa e um desempenho fenomenal do elenco. É notável a qualidade técnica duma produção tão modesta.
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
Lorax
O filme Lorax é uma obra do conhecido Theodor Seuss Geisel, Dr. Seuss, autor de inúmeros contos infantis. As suas obras são conhecidas pelo uso do exagero como catarse e pelas personagens coloridas e alegres. O filme passa-se em uma cidade chamada Thneedville, onde não existem árvores de verdade, pois estas foram completamente destruídas, e consequentemente o ar que respiram é artificial e comercializado pela empresa O’hare. Tudo nesta cidade é fabricado com plásticos : desde as árvores aos alimentos.
Ted, um jovem rapaz apaixonado por Audrey, descobre que o desejo da sua amada é ter uma árvore de verdade. Para demonstrar todo o seu amor, Ted viola todas as regras da cidade para tentar encontrar árvores a sério. A avó é sua aliada nas mais diversas aventuras que lhe permitirão descobrir o porquê de não haver árvores na cidade e mudar o rumo dos acontecimentos ao plantar a primeira árvore real no centro da cidade.
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
The Purge
terça-feira, 27 de outubro de 2020
Il était une fois à Monaco
sábado, 24 de outubro de 2020
100 Metros
O filme 100 Metros conta a história de Ramón (Dani Rovira), executivo numa empresa de marketing e publicidade que descobre sofrer de esclerose múltipla. A partir de então ele estabelece como meta disputar uma prova de triatlo, ao mesmo tempo em que aceita, luta, supera e se depara com todas as dificuldades provocadas pela doença. E nós, público, testemunhamos todos os desafios fracassados e superados por Ramón. Dani Roriva, o Ramón, desempenha bem o seu papel de vitima desta doença, mas para mim é Karra Elajalde, o Manolo do filme, que brilha como sogro insuportável, antipático e bruto. O filme é uma abordagem digna e sincera da luta de todos os doentes que sofrem de esclerose múltipla. O resultado é portanto comovente- um retrato de persistência, adaptação, mudança, aceitação e resiliência.
domingo, 18 de outubro de 2020
The Last Shaman
James Freeman, o protagonista, conhece vários xamãs que o encaminham em transes rituais e outras receitas que o debilitam fisicamente, numa giratória constante de emagrecimento e vómitos. É clara a necessidade do afastamento da vida e rotina ocidental, o isolamento de tudo e de todos e a descoberta de um mundo indígena que se rege pelas leis da natureza. Mas também é clara a tendência do documentário em exagerar. Tanto que muitas das vezes soa tudo a falso. Atrevo-me portanto a duvidar da veracidade do documentário. E a lamentar o uso erróneo da cultura de um país da América latina em prol de uma busca terapêutica para um mal estar tipicamente ocidental.
sábado, 26 de setembro de 2020
Open season
Open season é uma animação da Sony de 2016, logo é uma produção tenrinha destes estúdios, que se lançaram há somente alguns anos nesta aventura de produzir animações. É uma produção divertida mas que peca pelo argumento pobre e repetitivo: mesmo com uma mensagem em tons ecológicos, o que é sempre de valorizar, tudo o resto é cansativo de tanto que é reincidente. São mesmo poucas as animações que nos surpreendem pela inovação ao evitarem cair naquele emaranhado de uma amizade em grupo e de todos os valores a considerar no ato de partilhar. O sentido de humor também é formula já antes vista, imperdoável portanto, porque os diretores do filme säo pessoas com bastante currículo 'nestas andanças'. Exigia-se mais. E até mesmo o argumento ficou a cargo de profissionais vindos da Disney. Exigia-se muito mais. Mas a historia do urso domesticado por uma guarda florestal que vai aprender a viver na floresta e a lidar com a vida selvagem fará certamente as delicias de toda a criançada. Mas era preciso muito mais.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
My Octopus Teacher
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
IO
Filme dirigido por Jonathan Helpert e que retrata o planeta Terra em completo abandono, após a poluição chegar a níveis catastróficos. Este acontecimento obriga a população existente a encontrar formas de sobreviver fora do planeta Terra- é criada a Operação Exôdo, onde são enviadas naves com habitantes da Terra para uma colônia em IO, uma das luas de Júpiter. Neste cenário, a cientista Sam Walden (Margaret Qualley) decide ficar na Terra para tentar provar que as teorias de seu pai estariam certas, e que é possível adaptarmo-nos às mudanças e sobreviver. Vivendo numa espécie de laboratório, Sam consegue produzir a sua própria comida e trabalhar nas suas pesquisas, além de interessar-se por arte, filosofia, e comunicar-se por e-mail com seu namorado Ellon, que foi enviado para IO. A rotina de Sam muda quando uma tempestade destrói toda sua pesquisa científica, e Ellon envia-lhe um e-mail onde a informa que a última nave partirá para IO em poucos dias e que não haverá retorno à Terra. Sam decide então partir, mas antes é surpreendida pela chegada de Micah (Anthony Mackie), que viaja num balão de gás hélio até ao laboratório, esperando encontrar o pai de Sam e reforçar a sua crença de que a Terra ainda pode ser um planeta habitável. IO é um filme com apenas três atores, poucos cenários e muitos efeitos especiais. O filme vive dos diálogos entre as personagens e tem muito pouco ou quase nada de ação. Mas precisava de diálogos mais profundos e mais ricos para alcançar o devido sucesso. Porque tudo nos é longínquo e ausente e nada do que façam as personagens chega a ser desafiante ou interessante. O objetivo de IO até é de grande nobreza: apelar à consciência humana sobre os danos causados pela poluição e alertar para as possíveis consequências da degradação do planeta. Esta temática não é sentida de forma explícita, mas subentende-se durante todo o enredo e permite que cada um de nós tire as suas próprias elações. IO não faz parte das superproduções de filmes de ficção cientifica. Não vive do espetáculo visual e da pura fantasia. Io faz parte dos filmes reflexivos e intrigantes. Vive de uma história coerente que reflete a solidão e a esperança. Mas falta-lhe coerência e profundidade para não ser o que é: frágil e por vezes enfadonho.
quinta-feira, 30 de julho de 2020
O Silenciosa da Cidade Branca
Roteiro de Daniel Calparsoro que escreve este suspense, inspirado na primeira parte da Trilogia da Cidade Branca, da Eva García- este é um popular livro espanhol, onde nos é apresentado um serial killer que aterroriza uma cidade há mais de vinte anos. O suspense do filme inicia-se logo quando dois corpos de jovens de vinte anos são encontrados nus na cripta de uma Catedral. O detetive especialista, Unai é então chamado para iniciar uma captura ao assassino, que fez um ritual que parece uma cópia do que já teria acontecido no passado. Então uma série de crimes começam a acontecer e a investigação criminal atropela-se a si própria perante tantas dúvidas e mistérios. O filme meio é quase que uma 'versão espanhola' do filme Hannibal. A fotografia, de luzes frias, esteticamente funciona bem, e consegue criar a esfera de suspense que o filme precisa. As paisagens filmadas acompanham o ritmo de cenário de perseguição que o filme precisa. O clima é tenso e angustiante mas não se livra de alguns clichês do género e há 'aqui e ali' alguns cortes bruscos difíceis de compreender. O Silenciosa da Cidade Branca não é um filme excelente mas responde às expectativas de um suspense que faz o trabalho dele. Nem mais nem menos.
terça-feira, 28 de julho de 2020
THE OLD GUARD
Um filme centrado na atriz Charlize Theron e num profundo impacto visual: é isto. Um filme desprovido de complexidade e originalidade em todo o guião: imortais há centenas de anos, os quatro personagens principais participam em missões ultra secretas para salvar pessoas em perigo, que futuramente mudarão o rumo do mundo. The Old Guard acaba assim por ver a sua essência reduzida a uma série de batalhas e lutas desencadeadas por quatro seres sobrenaturais, dos quais não se sabe as origens e muito pouco dos seus percursos. Tal facto, expõe o filme a uma ausência total de dinamismo e a uma maré cheia de superficialidade. Estamos perante um exemplo de cinema de ação que erra ao não aprofundar melhor o roteiro e seus argumentos, e que subestima o enredo em detrimento do espetáculo visual. Depois, é tudo demasiado supérfluo, tudo demasiado apressado.
domingo, 12 de abril de 2020
Milagre na Cela 7

terça-feira, 7 de abril de 2020
One of Us

O documentário é o relato de um longo processo caracterizado pelo luto, a perda, a solidão, conflitos identitários, extrema pobreza e as dificuldades para aprender os códigos de uma sociedade moderna.Tudo é a expressão dos problemas de ex-ortodoxos para adquirirem as ferramentas necessárias e sobreviverem fora da comunidade chassídica. Educados no gueto ortodoxo, fechados entre si e sem o mínimo contacto com outras formas de vida e estar, as comunidades chassídicas representadas em One of Us, não possuem sequer conhecimentos de geografia, matemática, história, contabilidade e física, o que, em conjunto com a falta de habito em trabalhar, complica severamente a adaptação dessas pessoas ao modo de vida pelo qual anseiam.
One of Us apresenta-nos um lado da ortodoxia quase desconhecido e o fenómeno da deserção religiosa no judaísmo (que tem crescido significativamente nos últimos anos). A crueldade de grupos fundamentalistas que 'fazem de tudo' para evitar e punir quem pretende afastar-se da comunidade é uma realidade bem patente. Este documentário é uma grande oportunidade para descobrir e aprofundar conhecimentos sobre as comunidades chassídicas.
sábado, 4 de abril de 2020
Teatro em Casa- teatro Aberto
Uma excelente iniciativa do teatro Aberto ao transmitir peças de teatro online e gratuitas, no site e nas redes sociais desta casa de artes.
sábado, 28 de março de 2020
'Dona Maria II em casa'
Uma excelente iniciativa do teatro Nacional Dona Maria II ao transmitir peças de teatro online e gratuitas, no site e nas redes sociais desta casa de artes.
terça-feira, 24 de março de 2020
Bienvenue à Marly-Gomont

quarta-feira, 11 de março de 2020
1917
1917 é um filme de guerra que desconstrói o próprio conflito ao alienar-se dele para se focar na vontade de viver ao celebrar a obsessividade do sucesso da missão.
terça-feira, 10 de março de 2020
The Mountain Between Us
A desgraça é sempre exagerada e as soluções encontradas para continuarem vivos vão perdendo intensidade à medida que roçam a repetibilidade e o déjà-vue. A historia de amor acaba por ser a ultima oportunidade do próprio filme para se salvar a si mesmo. Oportunidade fracassada, diga-se. Os dois atores salvam o que podem com as suas consistentes representações. Mas não chega. O roteiro faz deste romance algo maquinal e desengonçado. Longe de ser um filme perfeito no género de 'historias de sobrevivência e superação', requer muita boa vontade do espetador para justificar o esforço em vê-lo.
domingo, 8 de março de 2020
Meu amigo Totoro
No enredo, Mei é uma menina solitária que vive com a irmã mais nova e o pai, professor universitário, que trabalha muito e passa a maior parte do tempo fora de casa. A mãe està hospitalizada e ela visita-a de vez em quando. O resto do tempo é dividido entre a escola e o seu mundo imaginário- nele ela cria uma relação de amizade com um espírito da floresta chamado Totoro. Aos poucos e poucos, ela deixa a irmã mais nova partilhar deste seu mundo imaginário e integra-a na convivência com esta criatura mágica.
O filme é uma fábula sobre a solidão das crianças perante a incompreensão dos adultos e sobre os medos infantis para encarar a realidade. Totoro é a representação da felicidade, inocência e desejos infantis. A amizade entre Totoro e as irmãs é das historias mais bonitas contadas em cinema de animação. Miyazaki é brilhante ao orientar a história no sentido natural do ciclo da vida quando surgem momentos de confronto entre tristeza e sofrimento. Miyazaki conta-nos de forma simples, didática e bonita o amadurecimento das crianças que rapidamente se tornam jovens adolescentes.
Os cenários são bucólicos, um verdadeiro hino à natureza. E a visão infantil tão bem trabalhada torna este filme um dos melhores de Miyazaki: um clássico e uma obra-prima em técnica, qualidade e sensibilidade em grau elevado.
sábado, 7 de março de 2020
sexta-feira, 6 de março de 2020
Parasitas
quinta-feira, 5 de março de 2020
Frozen II O Reino do Gelo
quarta-feira, 4 de março de 2020
Love, Simon
A história já todos nós a vimos bastantes vezes: um jovem simpático a frequentar o secundário e rodeado pelo seu grupo de amigos. Um publico escolar estereotipado e dividido entre os desportistas, os nerds, os totòs, os miúdos das artes e os miúdos rebeldes. A diferença està no protagonismo dado a uma personagem gay. E é aqui que reside a vitória e a ‘inovação’ oferecida por esta história. Afinal de contas este serà o filme sobre adolescentes que os adolescentes gays nunca tiveram. E também o merecem.
Love, Simon é um filme leve, bem feito e com um argumento autêntico e verosímil. É impossível não sentir empatia e encontrar até semelhanças com várias personagens do elenco. Em particular, é impossível não partilhar a angústia de Simon, a personagem principal, no seu medo de não ser bem compreendido ou de passar a ser visto de uma outra forma pelos amigos e pela sua família, caso compartilhe com o mundo a sua orientação sexual. E é assim, num emaranhado de entretenimento simples mas atento à complexidade da questão, que nos é exposto este inocente descobrir da própria sexualidade- ótimo convite a reflexões sociais para todos nós. Para que não se compliquem coisas simples e se respeite a diferença nesta vida.
domingo, 23 de fevereiro de 2020
Gone Girl
Gone Girl é um filme de David Fincher adaptado pela romancista Gillian Flynn do seu próprio best-seller. É uma historia um tanto ou quanto psicopática sobre um casamento de sonho que se torna um pesadelo: é o ruir de um casamento às mãos de um caso policial após um desaparecimento inesperado. Era um casamento perfeito entre um rapaz modesto da classe média e a menina pródiga de Nova York. Era perfeito até deixar de o ser. Era perfeito na fachada e deixa de o ser quando a fachada é insuficiente para parecer primoroso. Amy, a esposa, desaparece misteriosamente e inicia-se a caça a quem a levou. Aperta-se o cerco e o próprio marido é suspeito. E Fincher lança o espetador para um jogo de ilusão onde nada é o que parece e tudo insiste em nos ludibriar.
David Fincher e Gillian Flynn partem para uma desconstrução do mistério que construiram de forma engenhosa e literalmente cinematográfica para enganar o publico e o deixar em parte incerta. Tudo é trabalhado e planeado para oferecer ao espetador um filme coerente harmonioso e responsável.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
Klaus
Mais um filme sobre a figura do Pai Natal. Mais um no meio de tantos outros. Será too much? Será que o público precisa de mais um filme sobre o Pai Natal? Por incrível que pareça, sim. Klaus é um filme que não està a mais e ainda acrescenta algo mais.
A história é bem simples: um aprendiz de carteiro, rico e mimado, filho do presidente dos correios é enviado para uma cidade nórdica, perdida no meio do nada, para realizar o envio de seis mil cartas durante um ano. Ou isso ou perder a sua imensa herança. A cidade é longe de tudo e de todos e vive em constante conflito com dois clãs sempre em confronto. E é neste cenário gelado e esquecido que o aprendiz de carteiro vai tropeçar no velho Klaus e construir a história da dádiva de presentes que todos nós conhecemos.
Klaus é uma mistura de técnicas de animações tradicionais e modernas. Esqueçam o 3D. Os traços de desenhos à mão são uma evidência, assim como o resto que há de bom no 2D. Tudo é visualmente bem feito, desde as luzes até à textura.
Apesar da história simples e pouco surpreendente do roteiro, Klaus é delicioso. Quase mágico. Talvez porque à medida que a narrativa avança, a cidade vai ganhando novas cores, as personagens vão ganhando novos tons. E todo este desenvolvimento é consequência do relacionamento entre Klaus e o jovem carteiro. E todos os pormenores da lenda do Pai Natal vão aparecendo e encaixando-se na narrativa.
Klaus é um filme infantil que cativa claramente qualquer adulto. Merecia o Óscar, a meu ver.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
domingo, 19 de janeiro de 2020
Dois Papas
O grande Fernando Meirelles está de volta (Deus seja louvado). E vem com Deus atrás dele: resolveu praticar um pouco de catolicismo e presenteou-nos com Dois Papas.
Inspirado em factos reais, este é um filme totalmente focado em Joseph Ratzinger e Jorge Mário Bergoglio, que nos leva de volta ao começo do século após a morte do Papa João Paulo II e à ascençäo de Ratzinger e depois de Bergoglio. Elogios para mais tarde, e existem, obviamente, (não fosse eu apreciadora convicta de Fernando Meirelles), creio que o filme deveria ser designado como pura ficção. Para os menos conhecedores da verdadeira historia, criam-se aqui várias imagens e ideias erradas. Completamente erradas. Há claramente uma inspiração na realidade mas é tão ténue que não me permite aceitar este filme como 'baseado em factos reais.' Para os mais interessados, é fácil de encontrar as diferenças entre a verdade e a ficção. Basta pesquisar. Não me vou alongar aqui nesta questão. O que é certo é que são estas diferenças que tendem a destoar a historia ao trabalharem numa preferência pela figura do cardeal Bergoglio em detrimento de Ratzinger. E gostos à parte, o que foi foi e o que não foi não foi. E há muita coisa que assim não foi. Nem Bergoglio precisa ser tão favorecido nem Ratzinger tão menosprezado.
Quanto a elogios, é de louvar os diálogos e as interpretações de Anthony Hopkins e Jonathan Pryce. Esta é a verdadeira joia do filme e tão bem lapidada por Meirelles. Vejam o filme e admirem estes dois atores a atuar no mesmo patamar da perfeição.
sábado, 18 de janeiro de 2020
Marriage Story
Um filme cuidadosamente criado por Baumbach, com ritmos precisos, alinhados e um cenário montado ao pormenor. Adam Driver, o ator, é extraordinário, assim como a atriz Scarlett Johansson. Quando falta o diálogo, ficamos muito bem servidos com todas as brilhantes expressões destes dois atores, que exprimem o que uma infinidade de palavras não conseguiria.
O filme é daqueles que pode ser a realidade do nosso vizinho, primo, amigo ou de nós próprios: é comum, universal, real e concreto. É portanto dos que dão murros no estômago. Pela dura realidade. E dos que nos fazem sorrir. Porque é tão fácil identificarmos-nos, reconhecer-mos algo ou alguém.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
O Fotógrafo de Mauthausen
Mais um filme que trata os horrores da Segunda Guerra Mundial. E serão sempre de louvar todos os filmes sobre esta temática porque é proibido esquecer todas as atrocidades que aconteceram.
Este filme é porventura sobre uma história menos conhecida do público em geral: no campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, um grupo de prisioneiros espanhóis foi preso. Prisioneiros estes que lutaram contra o regime ditatorial de Franco. Um desses prisioneiros, fotógrafo de profissão, foi 'obrigado' a fotografar acontecimentos dentro daqueles muros, a maioria deles para enaltecer o poderio e a ideologia nazi. Este homem aproveitou para salvar e recuperar inúmeros negativos e mostrar ao mundo as barbaridades cometidas pelos nazis.
Esta é uma história imperdível. O campo de concentração de Mauthausen foi reconstituído ao pormenor. Puro realismo. Chegamos mesmo a sentir a angústia de todos aqueles presos sem rumo e sem esperança. A fotografia em tons acinzentados também ajuda bastante a sentir toda uma tristeza eterna e sofrida.
O fotôgrafo de Mauthausen é um belo filme de homenagem a este herói- Francesc Boix- com belíssimas interpretações e um roteiro extraordinário.
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
The Terminal

Rapidamente nos afeiçoamos à personagem, sobretudo devido ao excelente argumento, mas muito também devido à excelente interpretação de Tom Hanks.
Usufruímos aqui dos melhores momentos cómicos criados por Spielberg até hoje, de uma surpreendente intensidade dramática, bem como de uma extraordinária interação entre os atores. Falo de Tom Hanks, obviamente, mas também de Catherine Zeta-Jones e Stanley Tucci."The Terminal" é um filme obrigatário.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
Trolls
Trolls é um filme de animação totalmente apoiado na música e em canções comercialmente conhecidas e interpretadas por personagens coloridos e divertidos. Estes personagens são bonecos de cabelos compridos que vivem para cantar, dançar e abraçar e são vitimas dos mostrengos Berguens que vivem em constante depressão e resmunguice. Os Berguens acreditam que só existe uma forma de combater a resmunguice e a depressão: comer Trolls.
Com uma historia simples e bonita mas nem um pouco inovadora, o sucesso de Trolls reside na sua banda sonora e no seu expoente musical. “Move Your Feet”, da banda Junior Senior; “The Sound of Silence” (Simon & Garfunkel); “September”, do Earth wind and fire; Cyndi Lauper e “True Colors”; e até “Hello”, Lionel Richie. Tudo isto podemos ouvir numa perfeita e articulada simbiose com o enredo em questão. E usufruímos até de alguns momentos imprevisíveis que nos surpreendem. E embora todos nós saibamos o desfecho, de todo uma novidade, é impossível não terminar de ver este filme com um sorriso no rosto e a cantarolar êxitos musicais.