terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Diecisiete

 

Dezessete é um esplêndido filme espanhol que nos oferece uma historia sofrida e cuidadosamente dramática, repleta de mensagens honestas e inspiradores e com atuações brilhantes. O filme acompanha a vida de Hector, um adolescente de quinze anos que está num centro de detenção e reintegração juvenil por ter cometido diversos crimes, incluindo invasão e roubo. Hector é vitima da sua própria vida: criado longe dos pais e subestimado pelo irmão mais velho, Ama desesperadamente a sua avó, que se encontra em estado terminal- todos os pequenos delitos que comete é para manter o bem estar dela sem nunca pensar nas consequências. Solitário e introspetivo, tem como únicos amigos um livro de Código Penal (que sabe de cor) e um cão (com quem interage no centro de detenção). Entretanto, quando o cão 'desaparece' do centro, Hector decide fugir, resgatar o seu amigo e voltar para junto da sua avó. Inesperadamente, o seu irmão ajuda-o nessas missões às quais se propõe, e através daqui reinicia-se uma aproximação entre ambos e o reencontro com o amor que os bafejou na infância. A interação humano-animal é uma constante no filme e os caës com os quais Hector se cruza marcarão sempre os seus passos e evolução enquanto pessoa. Dificilmente ficaremos indiferentes a este filme se formos amantes de animais. Biel Montoro (Hector) e Nacho Sánchez (Ismael) são excelentes atores e o roteiro é tão criativo quanto engenhoso. Em nenhum momento o filme nos cansa ou exagera: o enredo e as atuações equilibram muito bem as emoções e toda a carga dramática. Dezessete é uma jornada de três dias em que ambas as personagens aprendem, evoluem e amam. E naturalmente perdoam a vida pelo azedume do passado que lhes dificulta o presente. O filme não é drama cliché, é um relato sólido da vida que suspira eternamente por felicidade mesmo quando tudo é adversidade.

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