segunda-feira, 11 de março de 2024

Linda veut du poulet !

  

Linda veut du poulet! é um filme de animação de Chiara Malta e Sébastien Laudenbach e foi vencedor do prémio Cristal para a melhor longa-metragem no festival de Annecy. Este filme conta a história familiar de Paulette e Linda. Paulette, jovem mãe e péssima cozinheira compromete-se a preparar uma das receitas preferidas de Linda, sua filha, num dia de greve geral em França. Cómico e comovente, num rodopiar de cores gráficas mais importantes que o próprio traço do desenho, o filme centra-se na busca desesperada  de uma galinha por parte de Paulette para poder cozinhar a tal receita que a filha lhe pede. Esta aventura vai muito além de uma simples tarefa culinária- Linda, injustamente castigada por ter roubado um anel, que não roubou, quer como recompensa que a mãe lhe prepare uma receita do seu falecido pai. E a busca incessante por uma galinha em dia de greve vai unir amigos, família e todo um bairro. Apesar do constante espírito infantil, o filme não se priva de abordar outras temáticas, como o luto, as greves, os bairros sociais e as relações familiares. 

sábado, 2 de março de 2024

Été 85

 Été 85, filme do cineasta francês François Ozon, é uma historia que entrelaça amor, tragédia e morte, num coming out dramàtico de dois jovens adolescentes, no inicio dos anos 80. O filme é baseado no livro Dance on My Grave, de Aidan Chambers. Retrato de um intenso e apaixonante primeiro amor, Été 85, é uma viagem através da descoberta pessoal: pelas lentes de François Ozon passeamos por entre cenários nostálgicos, ambientes luminosos, quentes e pormenorizados, numa verdadeira ode à imagem. É portanto natural uma certa ampliação das emoções que nos chega através das imagens, de todo o pormenor visual. É explorada (de uma forma bastante honesta) toda a problemática com a obsessão,  o trauma, a desilusão e o fim da juventude idealizada. É honestamente aborrecido quando o realizador tenta preencher de forma repetitiva toda a narração com temáticas filosóficas- sobre morte, existencialismo e afins... para além de repetitivo, as temáticas carecem ainda de alguma pobreza, na forma como säo abordadas. Felizmente, Été 85 respira profundamente através da conexão entre os dois personagens que formam o jovem casal. Respira ainda naquela tentativa singela de Ozon em idealizar o amor- aquele brilho lírico, aquela saturação ao trabalhar a imagem e aquela nostalgia vibrante de todos os cenários, säo realmente interessantes.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

A Sociedade da neve

 

A Sociedade da Neve – baseada no livro de Pablo Vierci – tem como referência o trágico acidente aéreo que vitimou 45 passageiros a bordo de um avião das Forças Armadas do Uruguai, que levava, desde Montevidéu, um clube de rugby para jogar em Santiago, no Chile, em outubro de 1972. O filme é realizado pelo espanhol Juan Antonio Bayona. A historia diz-nos que mais da metade dos tripulantes não resistiu às condições inóspitas e hostis dos Andes, sobrevivendo, ao fim, apenas dezasseis. Será sobre este grupo de sobreviventes que o filme se desenvolve, a fim de expor as ações e estratégias levadas a cabo para enfrentar os dilemas, carências e dificuldades à sobrevivência humana.  Se no outro filme de 1993 sobre a mesma tragédia, os mortos não ganham 'vida', aqui Bayona opta por homenageá-los dando-lhes alguma vida.- Deliberadamente escolhe, para narrar todo o filme, uma personagem que não sobreviveu, representando todos os que sucumbiram mas que também fazem parte da historia. Destaque também para a fotografia que é espetacular do início ao fim. 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Avatar: The Way of Water

 

E säo treze anos que separam Avatar: O Caminho da Água do primeiro filme, ambos realizados por James Cameron.  E se o primeiro filme teve o impacto que teve graças à inovação tecnológica, este segundo, com as rápidas mudanças assistidas neste campo, não se fica nada atrás. Repetindo a formula do primeiro filme, nas imagens, nos cenários, na continuação da historia e nos momentos de maior tensão (combates), o visual deslumbra-nos ao aprimorar alguns detalhes, nomeadamente na iluminação e velocidade. É um espetáculo constante nas cenas de pura ação mas também nos momentos mais sentimentais e intimistas das personagens: aqui Cameron consegue com que o publico se aproxime das personagens pelo drama que vivem (vitimas de uma guerra injusta) e também pelo excelente trabalho tecnológico em 4D que os torna quase palpáveis.  Se o visual já nos fascina por entre montanhas, agora é a vez de nos deliciarmos com paisagens aquáticas, demonstrando a capacidade total de imaginação ao continuar a recriar novos mundos. Este é o filme que nos proporciona através do audiovisual uma das melhores experiências vividas numa sala de cinema. É contudo legitimo culpar a historia de um certo simplismo, de uma certa rotatividade sem respostas... uma das frustrações.  Ainda assim, o filme tem resultados admiráveis, ao entrelaçar de forma competente, beleza, emoção e confrontos interplanetários. Exemplificando, é admirável por vezes nos esquecermos que nada daquilo a que assistimos é real. Merece muito ser visto.