quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Casa das Histórias apresenta nova temporada

A Casa das Histórias Paula Rego (Cascais) vai estender as exposições "Oratório" e "O corpo tem mais cotovelos", ambas com encerramento previsto esta sexta-feira, até aos dias 5 e 19 de Fevereiro, respectivamente. Com 52 mil visitantes registados desde a inauguração destas duas exposições, em Julho, a afluência de público ao museu é o motivo para extensão da vida em sala destas peças.
No entanto, caberá ao artista plástico Bruno Pacheco o arranque oficial da programação para 2012, com o primeiro espaço de autor na Casa das Histórias (até agora, dedicada exclusivamente à obra de Paula Rego). O projecto de Bruno Pacheco inaugura no dia 1 de Março e será composto por pinturas de grandes dimensões que "desenvolve poderosas narrativas visuais que questionam os modelos de representação na arte contemporânea", descreve um representante da Casa das Histórias.
A 24 de Junho, data em que encerra o espaço dedicado a Bruno Pacheco, inauguram em simultâneo duas outras exposições, "Damas e Pé de Cabra", um diálogo entre obras de Paula Rego e Adriana Molder, que estará patente até ao fim de 2012, e "Mood/humor", uma remontagem da série "Possession", de Paula Rego, pertencente ao Museu de Serralves e inédita em Cascais e Lisboa.
No mesmo dia, a instituição inaugura uma remontagem a partir de algumas pinturas importantes da colecção expostas em Paris, com curadoria de Catarina Alfaro, e apresenta também um diálogo entre uma obra de Paula Rego - "O Anjo" (1998) - e parte de uma série inédita de trabalhos em desenho de Pedro Calapez. Esta mostra tem curadoria de Helena Freitas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A nova voz de Cabo Verde será uma filha da diáspora

As candidatas à sucessão de Cesária Évora como "a voz de Cabo Verde" são cabo-verdianas nascidas em outras partes do mundo, na maior parte dos casos em Lisboa. Mayra Andrade, a mais bem colocada, nasceu em Cuba e vive em Paris.
Se Cesária Évora, falecida no sábado, era, é, "a voz de Cabo Verde" e o maior emblema internacional do país, o desaparecimento físico da diva dos pés descalços deixa vago, de certa forma, o lugar que a filha do Mindelo até aqui ocupava no panorama musical internacional. As candidatas à sucessão são várias e mais ou menos conhecidas, tendo em comum o facto de, ao contrário de Cesária, não terem nascido em Cabo Verde e serem, antes, filhas da diáspora crioula.
A principal candidata a desempenhar doravante o lugar de voz de Cabo Verde é, apesar da sua grande juventude, Mayra Andrade. Nasceu em Cuba e é possuidora da biografia mais peculiar de todas. Passou os primeiros anos na capital de Cabo Verde, mas desde cedo começou a percorrer várias capitais do mundo seguindo o padrasto, que era diplomata. Aos seis anos, instalou-se no Senegal, depois em Angola e na Alemanha, vivendo actualmente em Paris. É, Cesária à parte, a artista cabo-verdiana mais conhecida internacionalmente, lugar que conquistou logo com o primeiro disco, "Navega", premiado em vários países europeus.
Logo atrás, na preferência do público, estará Lura. Com uma carreira de vários anos, consistente, nasceu em Lisboa, em 1975, e editou o disco de estreia, "Nha Vida", em 1996. "Na-ri-na", tema de Orlando Pantera incluído no álbum "Di Korpu Ku Alma", de 2005, valeu-lhe o primeiro grande sucesso, posição que consolidou com o excelente "M´bem di fora", de 2006. "Eclipse", o seu último trabalho, não teve, porém, a mesma repercussão.
Outro nome incontornável, apesar da carreira internacional ainda incipiente, é o de Nancy Vieira. Nascida na Guiné-Bissau em 1975, vive em Lisboa desde os 14 anos e atingiu com o álbum "Lus", de 2007, um dos momentos mais refinados da música cabo-verdiana mais recente. Antes disso, tinha trabalhado com alguns dos nomes grandes da música portuguesa, como Rui Veloso e Luís Represas, tendo publicado mais dois álbuns a solo e conquistado alguma notoriedade com o tema "Peca sem dor".
Entre as mais conhecidas "cabo-verdianas" conta-se ainda Sara Tavares, a antiga vencedora do concurso televisivo Chuva de Estrelas, a qual, após um início de carreira titubeante, enveredou, nos últimos trabalhos, por uma ligação às suas raízes cabo-verdianas, cantando frequentemente em crioulo. Nasceu também em Lisboa, em 1978, e, embora não siga uma linha muito próxima daquelas que são as principais tradições musicais de Cabo Verde, tem vindo a cimentar uma carreira internacional da área da world music.
Também nascida em Lisboa, em 1981, Carmen Souza é outra das "cabo-verdianas" que tem vindo a cimentar uma carreira internacional importante. Funde a tradição musical das ilhas com sonoridades do jazz , tem já publicados três discos a solo e esteve pré-nomeada para os Grammies em 2010, na categoria de melhor álbum de da world music contemporânea.
Entre as menos conhecidas em Portugal está Maria de Barros, uma cabo-verdiana nascida no Senegal e que vive no EUA. A sua música combina a inspiração da morna com outras sonoridades latinas, nomeadamente a Salsa.
Outros nomes ainda em ascensão são os de Danae (nascida há 26 anos em Cuba, como Mayra Andrade) e Isa Pereira, a qual, embora viva em Cabo Verde desde os primeiros meses de idade, nasceu também em Lisboa. O seu primeiro trabalho discográfico, "Kriola Enkantu", foi considerado um dos melhores de 2011 em Cabo Verde.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Morreu Cesária Évora

A cantora cabo-verdiana Cesária Évora morreu hoje, aos 70 anos, no Hospital Baptista de Sousa, na ilha de São Vicente, Cabo Verde. O funeral está marcado para terça-feira à tarde no Mindelo.
A "diva dos pés descalços", como a imprensa se referiu muitas fez a Cesária Évora, nasceu há 70 anos na cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de S. Vicente no seio de uma família de músicos.
Numa das muitas entrevistas que deu, certa vez, afirmou: "tudo à minha volta era música". O pai, Justiniano da Cruz, tocava cavaquinho, violão e violino, instrumentos que se tornaram característicos daquelas ilhas, o irmão, Lela, saxofone, e entre os amigos contava-se o mais emblemático compositor cabo-verdiano, B. Leza.
"Cize" como era carinhosamente tratada pelos amigos, tornou-se no nome mais internacional de Cabo Verde, país de onde o mundo conhecia já grandes músicos como Luís Moraes e Bana.
Desde cedo que Cesária Évora se lembrava de cantar, como referiu numa das muitas entrevistas que deu: "Cantava ao ar livre nas praças da cidade para afastar coisas tristes". Aos 16 anos canta nos bares das cidade e nos hotéis começando a ganhar uma legião de fãs que a aclamavam já como
"rainha da morna".
A independência da nação africana, em 1975, coincide com o início de um "período negro" da cantora que deixa de cantar, tem problemas com o alcoolismo e trabalha noutra área.
Em 1985 a convite de Bana, proprietário de um restaurante e uma discoteca com música ao vivo em Lisboa, Cize vem a Lisboa e grava um disco que passou despercebido à crítica, seguindo para Paris onde é "descoberta" e daqui, como aconteceu com outros cantores, partiu para os palcos do mundo.
Em 1988 grava "La diva aux pied nus", álbum aclamado pela crítica. Nesta fase da sua carreira tem um papel fundamental, que se manteve até ao final, o empresário francês José da Silva.
Em 1992 Cesária Évora gravou "Miss Perfumado" e aos 47 anos torna-se uma "estrela" internacional no mundo da world music, fazendo parcerias com importantes músicos e pisando os mais prestigiados palcos.
Uma carreira internacional que passou várias vezes por palcos portugueses cujas salas esgotavam para ouvir, entre outros êxitos, "Sôdade".
Em 2004 recebeu um Grammy para o Melhor Álbum, de world music contemporânea pelo disco "Voz d'Amor". "Cize" não pára e continua em sucessivas digressões, regressando de quando em vez à sua terra natal.
"Eu preciso de quando vez da minha da terra, do povo que sou e desde marulhar das ondas", confidenciou certa vez.
A cantora começa a enfrentar vários problemas de saúde e alguns "sustos" como afirmava, mas regressava sempre aos palcos e aos estúdios com alegria.
Em 2009 o Presidente francês Nicolas Sarkozy entrega-lhe a medalha da Legião de Honra, depois de uma intervenção cirúrgico que a levou a temer pela vida.
Cesária voltou aos estúdios e anunciou não só uma digressão como a gravação de um novo que deveria sair no próximo ano.
No dia 24 de setembro numa entrevista ao Le Monde a cantora afirma que tem de terminar a carreira por conselho médico. A sua promotora, Tumbao, emite um comunicado confirmando as declarações da "diva dos pés descalços", e dando conta da tristeza que sentia por ter de o fazer. Nesse mesmo dia ao princípio da tarde a cantora é internada no hospital parisiense de Pitie-Salpetriere, por ter sofrido "mais um acidente vascular cerebral (AVC)". A Tumbao emitiu nesse mesmo dia um comunicado dando conta que o diagnóstico clínico da mais internacional artista cabo-verdiana era "reservado".
Hoje faleceu Cize, aos 70 anos, completados no passado 27 de agosto, e após uma curta visita a Lisboa onde pediu para passear a pé pelo bairro de São Bento.
Ao longo da carreira, além das inúmeras digressões e atuações em televisões, gravou 24 álbuns, um DVD, "Live in Paris", e registou dezenas de colaborações em discos.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Melancolia

Com a Terra à beira da catástrofe, o choque com outro planeta, decorrem os dias de duas irmãs, interpretadas por Charlotte Gainsbourg e Kirsten Dunst. A primeira hora é dedicada ao casamento de Dunst, e Lars quer que se repare na proeza. Na segunda, o mundo abeira-se do fim, Dunst está já sem marido, e nem a irmã que a protegia lhe vale. O filme nunca satisfaz a expectativa da catástrofe nem se distingue por existir de forma silenciosa e plácida na catástrofe.
Em Melancolia, os planos do banho de lua de Kirsten Dunst, de caras o momento mais surpreendente do filme, indicam-no com bastante força. Fora fogachos como este, contudo, Melancolia (que nada tem de esteticamente repulsivo como Anticristo”) continua a carecer de uma mão à altura da amplitude do gesto: a primeira parte, no casamento, é pobre, em estilo reportagem (câmara à mão) sem vigor nenhum); e a segunda, incapaz de resolver se espera pelo fim do mundo como metáfora ou como facto, arrasta as personagens (também elas perdidas entre a composição e a simples silhueta) num corrupio esvaído de qualquer angústia, ou... melancolia, especial. Nada de repulsivo, apenas de muito enfadonho.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Morreu Carlo Peroni, um dos criadores de Calimero

Ao lado dos irmãos Nino e Toni Pagot, criou o famoso pintainho preto com parte de uma casca de ovo na cabeça, conhecido por Calimero, que preencheu páginas de banda desenhada e teve direito a inúmeras séries de televisão. Carlo Peroni, conhecido pelo pseudónimo Perogatt, morreu esta terça-feira aos 82 anos em Itália, anunciou hoje a sua família.
Carlo Peroni, que nasceu em Novembro de 1929 em Ancona, na Itália, começou por trabalhar no restauro de pinturas e na criação de frescos, só depois se dedicou a tempo inteiro ao desenho e à criação de bandas desenhadas.
Durante anos trabalhou para vários jornais e revistas não só italianas como estrangeiras, para a televisão pública italiana RAI e ainda para a indústria cinematográfica, para a qual desenhou muitos dos cenários e dos efeitos especiais dos famosos estúdios de cinema onde muitos clássicos foram rodados, os Cinecittá.
É entre este percurso, em 1963, que surge a personagem do Calimero, inicialmente criada para uma publicidade. Mas o pintainho que passa a vida a queixar-se de ser vítima de perseguição e que se tornou famoso com a frase "É uma injustiça, não é?", rapidamente se tornou popular e ganhou uma série de animação com o seu nome.
Draghiottino, Slurp, Gianconiglio, Tio Boris, Nerofumo, Paciocco e o Inspetor Perogatt foram outras das personagens criadas por Carlo Peroni.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tesouros da animação vão ser leiloados em Hollywood

Um megaleilão no dia 17 junta mais de 600 'itens' da história da animação dos EUA. Alguns estão avaliados em milhões de dólares.
Um esboço da personagem de Pinóquio, para o filme animado homónimo de Walt Disney; um estudo para uma curta-metragem animada do Pato Donald, dos anos 30; uma imagem de um cartoon de Tom e Jerry autografada pelos seus criadores, Bill Hanna e Joseph Barbera. Estes são apenas alguns dos mais de 600 tesouros pertencentes à história do cinema de animação americano, que vão à praça no dia 17, em Hollywood, num leilão apropriadamente baptizado Icons of Animation, promovido pela leiloeira especializada Profiles in History. Haverá a possibilidade de licitar online.

domingo, 11 de dezembro de 2011

"Sangue do Meu Sangue" vence prémio para melhor filme em festival francês

O mais recente filme de João Canijo, Sangue do Meu Sangue voltou a ser distinguido num festival internacional. Depois de San Sebastian, em Espanha, foi a vez de Pau, em França, onde arrecadou o prémio para melhor filme.
Sangue do Meu Sangue estava em competição com outros seis filmes, no Festival International du Film de Pau, que vai apenas na segunda edição. O evento chega neste sábado à noite ao fim, com a entrega de prémios. A actriz Anabela Moreira, que acompanhou o filme, vai receber o galardão.
Na mesma nota em que dá conta do prémio em França, a produtora, a Midas Filmes, sublinha ainda que o filme estará também em competição no Miami International Film Festival, em Março do próximo ano. Em Setembro, saiu do festival de San Sebastian, em Espanha, com o prémio da crítica internacional e uma menção honrosa.
João Canijo trabalhou durante três anos em Sangue do Meu Sangue, escrito em parceria com o elenco, que inclui Rita Blanco, Cleia de Almeida, Anabela Moreira, Rafael Morais, Nuno Lopes, Beatriz Batarda e Marcello Urgeghe. É um melodrama familiar, que narra o amor de uma mãe pela filha, nos subúrbios de Lisboa.
Sangue do Meu Sangue, que sucede a Mal Nascida e a Fantasia Lusitana na filmografia de João Canijo, está há dez semanas em sala, em Portugal. É, de acordo com os dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual, o filme português com maior receita bruta deste ano.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Musicbox comemora cinco anos com quatro noites de festa

O espaço nocturno Musicbox, no Cais do Sodré, em Lisboa, comemora esta semana cinco anos de actividade com quatro noites com concertos de músicos portugueses e estrangeiros, exibição de filmes e actuações de DJ.
Desde Dezembro de 2006, o Musicbox foi palco de "milhares de concertos, alguns festivais e eventos muito especiais". Para o programador deste espaço, Alex Cortez, fazer um balanço dos últimos cinco anos "não é muito fácil".
Entre os muitos eventos realizados, Alex Cortez, destacou alguns "de referência", como o Lisboa Capital República Popular, uma série de concertos que se realiza desde 2009 em torno dos ideais de Abril adaptados ao actual cenário português, o Festival Silêncio, que teve início também em 2009, e a programação especial de aniversário, que os proprietários do Musicbox tentam que "seja sempre marcante".
Tudo somado, Alex Cortez faz um balanço "extremamente positivo" dos cinco anos de funcionamento da sala do Cais do Sodré.
De ano para ano "tem havido sempre um acréscimo de público", algo que Alex Cortez acredita dever-se à "qualidade dos artistas", mas também à comunicação feita pela sala de espectáculos.