sábado, 29 de setembro de 2012

Para Roma com Amor


Há uma frase dita por Alec Baldwin em Para Roma, com Amor que resume as fraquezas e forças do novo filme de Woody Allen: “a idade não é sabedoria, a idade é cansaço”. E este é um filme cansado, preguiçoso, espécie de homenagem aos filmes em episódios e à alta comédia italianos dos anos 1960 onde o nova-iorquino se limita a cumprir as “figuras obrigatórias” do turismo romano, sem nada adiantar quer à capital italiana quer ao seu cinema. É tanto mais triste quanto se percebe haver aqui um projecto subterrâneo - o abismo entre a fantasia e a realidade, à medida do que já se sentia por exemplo em Meia-Noite em Paris (2011) - mas que Allen já não tem energia (nem paciência) para levar até ao fim. Ainda há algumas boas piadas (era o mínimo) mas percebe-se à distância estar aqui um cineasta a cumprir calendário.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Design e Cenografia do Brasil, no MUDE


Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.’
As palavras foram recolhidas da mão de Oscar Oscar Niemeyer. este fim de semana quando fui à inauguração da exposição ‘Design Brasileiro – Mobiliário Moderno e Contemporâneo’ . Uma das exposições que celebram a Abertura do Ano do Brasil em Portugal que apresenta uma selecção de mais de 80 peças de mobiliário e luminária, da colecção de Raul Schimdt, da autoria de 17 artistas, desde os anos 40 do século XX até aos nossos dias.
As peças oferecem uma leitura da evolução do design no Brasil, sublinhando dois grandes momentos: o período moderno, dos anos 40 e 50, com peças de Joaquim Tenreiro, José Zanine Caldas, Sérgio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Paulo Mendes da Rocha e Oscar Niemeyer; a contemporaneidade, marcada pela diversidade, irreverência e sustentabilidade, com nomes como os Irmãos Campana, Brunno Jahara, Zanini de Zanine, Sergio Matos, Carlos Motta, Ovo, Maneco Quinderé e Domingos Tótora.
Em paralelo , o Ano do Brasil em Portugal no MUDE  conta ainda com a Mostra Nacional Brasileira na 12ª Quadrienal de Praga: Espaço e Design Cénico – PQ´11: Personagens e Fronteiras: Território Cenográfico Brasileiro, comissariada por Aby Cohen e Ronald Teixeira.
Apresentada como uma instalação,  a mostra organiza-se em quatro secções (memória, lugares, acção e transposição) para oferecer um retrato dos projectos cenográficos realizados no Brasil durante os últimos anos. São cerca de 25 produções de cenógrafos e figurinistas expostos em diferentes suportes – instalações, vídeos, croquis, objetos e fotografias – realizados para produções cénicas, performances televisivas e ainda instalações artísticas.
Esta exposição integrou a ‘Representação Brasileira na 12ª Quadrienal de Praga (2011)’, tendo sido distinguida com o importante prémio da ‘Triga de Ouro’ que distingue a melhor representação nacional. A  instalação recorda a importância da cenografia e do design cénico, compreendendo o papel do desenho de figurinos e adereços, sonoplastia, imagem e luz para a plasticidade final de qualquer espectáculo.
E já que está no MUDE não deixe de ver a sala dedicada aos ‘Tesouros da feira da Ladra, a beleza do design anonimo’. A ‘Colecção David Usborne’, acervo constituído na Feira da Ladra e em outros mercados de rua, testemunha o gosto ancestral pelo coleccionismo, ao mesmo tempo que evidencia a diversidade das colecções de design que diferem entre si pelas intenções, conceitos e propósitos.’ A não perder pois encerra este Domingo.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

“Homeland” destrona “Mad Men” nos Emmy

“Segurança Nacional” e “Game of Thrones” ("A Guerra dos Tronos"), ambas disponíveis no cabo em Portugal, foram as mais premiadas pela Academia das Artes e Ciências Televisivas norte-americana nesta 64.ª edição dos Emmy. Ambas levam seis estatuetas para casa. 

O título de melhor comédia ficou pela terceira vez nas mãos de “Modern Family” (“Uma Família Muito Moderna”). Também esta série é exibida na TV por subscrição em Portugal.

“Mad Men” – cujas primeiras temporadas passaram por cá em sinal aberto, na RTP2 – esperava fazer história nesta edição: se tivesse vencido o título de melhor série dramática seria a primeira a conseguir manter o prémio cinco anos consecutivos. 

Mas a noite pertenceu mesmo a “Segurança Nacional”, que conseguiu ainda os prémios de melhor actor (Damien Lewis), melhor actriz (Claire Danes) e melhor guião (Alex Gansa, Howard Gordon e Gideon Raff). A estes somam-se os dois prémios de carácter técnico, entregues na semana passada.

Ao receber o prémio de melhor série dramática o produtor executivo Alex Gansa elogiou toda a equipa de “Segurança Nacional”. “É o grupo mais talentoso com quem já trabalhei, tenho uma sorte incrível”, disse Gansa, destacando os premiados, nomeadamente, a “incomparável Claire Danes e o irresistível Damian Lewis”. 

Damien Lewis, que interpreta um soldado americano de regresso a casa depois de ter estado alguns anos em cativeiro no Iraque, mostrou-se surpreendido ao receber o prémio. Foi a primeira nomeação e deixou para trás Jon Hamm, que faz de Don Draper de “Mad Men”, Bryan Cranston (“Breaking Bad”), Steve Buscemi ("Boardwalk Empire"), Michael C. Hall ("Dexter"), e Hugh Bonneville ("Downton Abbey"). 

“Downton Abbey”, a série britânica que se passa em 1912, estava nomeada em 16 categorias e apenas venceu a estatueta de melhor actriz secundária para Dame Maggie Smith. No ano passado a série tinha vencido nas categorias de melhor minissérie, melhor realização e melhor argumento.

Na comédia, Jon Cryer venceu o prémio de melhor actor pelo seu papel em “Dois Homens e Meio”, e Julia Louis-Dreyfus, que na série “Veep” é Selina Meyer, foi premiada na categoria de melhor actriz. Eric Stonestreet e Julie Bowen, ambos actores de “Uma Família Muito Moderna”, foram premiados nas categorias secundárias da representação. 

Julianne Moore também brilhou na noite de domingo e levou para casa o Emmy de melhor actriz numa minissérie ou filme para TV pelo seu papel em “Game Change”, o filme em que dá vida a Sarah Palin. “Game Change” arrecadou também o galardão de melhor minissérie ou filme para TV.

Kevin Costner, o Devil Anse Hatfield de “Hatfields & McCoys” venceu o Emmy de melhor actor numa minissérie ou filme para TV.

“Undercover Boss - O Colega Misterioso”, que passa também na cabo portuguesa e que coloca proprietários de grandes empresas a trabalhar com os empregados sem estes saberem, arrecadou o galardão de melhor reality show.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

'Weekend', de Andrew Haigh abre hoje o Queer Lisboa 16


O festival, que decorre até 29 de Setembro no Cinema São Jorge vai ter uma nova secção competitiva para melhor curta portuguesa. O Brasil é o país em foco.
O festival abrirá hoje com "Weekend", produção britânica de Andrew Haigh, que soma quase uma dezena de prémios internacionais, sobre um relacionamento entre dois homens que se conhecem num bar, e encerrará dia 29 com "Cloudburst", novo filme de Thom Fitzgerald, misto de comédia romântica e "road movie", refere a organização.
O 16.º Queer Lisboa contará com 91 filmes, grande parte dos quais provenientes dos Estados Unidos, Brasil e Portugal, e com primeiras exibições em salas nacionais.Como se assinalam as celebrações do Ano do Brasil em Portugal, a organização criou a secção "Queer Brasil", por ser um país "cuja produção cinematográfica recente tem contribuído de forma incisiva para o cinema 'queer'".
Entre os filmes selecionados contam-se curtas-metragens escolhidas pelo festival Cinema Mix Brasil, a comédia "Amores possíveis" (2001), de Sandra Werneck, "Como esquecer" (2010), de Malu de Martino, e "Teus olhos meus" (2011), de Caio Sóh.
Na competição de melhor longa-metragem está "A novela das 8" (2001), retrato de Odilon Rocha do Rio de Janeiro, em 1978, ainda no tempo de repressão militar, enquanto na competição de documentário se apresenta "Olhe para mim de novo" (2011), de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, que integrou este ano o festival de Berlim.
Para estimular a produção de cinema português, mesmo em tempo de cortes nos apoios financeiros, o Queer Lisboa decidiu criar uma competição para premiar a melhor curta-metragem, com um prémio no valor de cinco mil euros em serviços de pós-produção vídeo na Pixel Bunker.
Aceda aqui à programação. 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

“Usura”


O mesmo fotógrafo que em 2006 recusou receber o prémio BES Photo inaugura hoje – no BES Arte e Finança – “Usura”, o nome dado à prática de cobrar juros excessivamente altos. O título da exposição deve gerar leituras dúbias, mas o próprio Paulo Nozolino garante que baptizou as suas fotografias devido a um poema de Ezra Pound. Esquecendo por momentos a possível controvérsia, o próprio Nozolino decide redefinir a nossa atenção: quando questionado sobre a prática fotográfica, a resposta é fugaz: “Isso não interessa, é olhar e perceber o que sente”.
“A fotografia é, e sempre será, um trabalho de registo de memória”, indica o fotógrafo de 57 anos. Neste caso, as memórias são as desolações da humanidade, desde o holocausto ao 11 de Setembro. Sem localizações geográficas específicas em legenda (lembrem-se que isso não interessa), a invasão ao Iraque ou as ruínas de Chernobyl são impressas a preto e branco, num espaço intemporal, à procura da nossa sensibilidade e não de uma lição detalhada e pedagógica.
“Em Julho passado fui para Sarajevo, que tinha acabado de ser bombardeado. Vi uma sala que estava toda destruída, no chão estavam centenas de páginas de livros. As pessoas de Sarajevo tinham agora de apanhar páginas do chão para ler. No fundo, estes trípticos são nove páginas rasgadas de um livro de história”, explica o autor sobre as nove obras expostas.
“Usura” é a primeira exposição a reunir os nove trípticos do fotógrafo, permitindo que exista uma linguagem comunicativa entre três imagens em simultâneo. Como se a própria escuridão retractada não bastasse, as salas do BES Arte e Finança, com iluminação mínima, obrigam a encarar de frente as milhares de pessoas que o passado vitimou. “Neste momento enfrentamos a banalização do olhar”, lamenta Nozolino, acrescentando ainda que, “as pessoas convenceram-se que deixou de haver tempo para verdadeiramente olhar para uma imagem”. A reflexão é o único modo de estar, a consequência de não corresponder a este chamamento é a perda de informação. “Temos de parar porque se não morremos”, aconselha.
“Estou a prestar homenagem aos mortos, a nova geração já não se lembra do que aconteceu na Segunda Guerra Mundial”, indica. Enquanto percorre os trípticos, o fotógrafo observa atentamente nas sombras a reacção do público. Este é o resultado de dez anos de trabalho, expostos para os que vão passar socialmente com pressa pelas imagens e os que estão dispostos a deixar-se absorver. “Dois anos são o passado e cinco são história”, diz, concluindo que “não nos podemos esquecer que o mundo existe há muito tempo”.
O fotógrafo inaugura hoje “Usura” no BES Arte e Finança em Lisboa. Os nove trípticos estão expostos até ao dia 4 de Janeiro

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Parlamento homenageia Manoel de Oliveira


A boa recuperação do estado de saúde após a hospitalização no mês de Julho deverá permitir que Manoel de Oliveira se desloque hoje a Lisboa para a homenagem que lhe vai ser prestada pela Assembleia da República (AR), a assinalar o início do ano parlamentar.
Na sessão, a começar às 18h no Salão Nobre do Palácio de S. Bento, será feita a antestreia nacional do seu novo filme, O Gebo e a Sombra, a adaptação muito pessoal que o realizador fez do livro homónimo de Raul Brandão. Às 20h, na praça em frente à AR, será também exibida a sua primeira longa-metragem, o clássicoAniki-Bobó (1942).
Que O Gebo e a Sombra seja um filme sobre a pobreza, e a associação que a partir daí se poderá fazer com a crise que actualmente afecta o país, a presidente da AR não vê como facto relevante. "O centro da política deve ser sempre a dignidade, e isso não depende de nenhum contexto histórico específico; é indiferente que seja em tempo de abastança ou de pobreza", justifica Assunção Esteves, que, no entanto, lamenta que o quadro de crise não lhe permita promover mais iniciativas do género. A presidente nota, de resto, que a homenagem a Manoel de Oliveira não é uma iniciativa inédita em S. Bento, lembrando a exibição, em ocasiões anteriores, de um filme sobre o Holocausto e de um documentário sobre a libertação dos presos políticos após o 25 de Abril de 1974.
A estreia de O Gebo e a Sombra é assim apresentado como "um acto de cidadania" e de "abertura do Parlamento à comunidade" - a sessão tem entrada livre, até ao limite da lotação. Quem ficar de fora poderá assistir à exibição de Aniki-Bobó, numa sessão que, de certo modo, evoca aquela que em Maio se realizou no mesmo sítio e com a qual uma plataforma de realizadores e figuras do cinema - a que se associou Oliveira - protestou e alertou para o "risco de morte" que afectava o cinema português. Situação que parece eternizar-se, apesar de entretanto ter sido aprovada a nova Lei do Cinema.
Apesar do contexto de crise, a cerimónia desta tarde na AR "não terá discursos nem solenidades", diz Assunção Esteves, que irá limitar-se a "dar as boas-vindas" a Manoel de Oliveira. O realizador, no final, regressará ao Porto para continuar a sua convalescença.
O Gebo e a Sombra, que teve estreia mundial no início do mês, em dias sucessivos, no Festival de Veneza e na Cinemateca Francesa em Paris - onde a obra do realizador está a passar numa retrospectiva integral -, vai entrar no circuito comercial português a 11 de Outubro em salas de Lisboa, Porto e Coimbra.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Apenas uma noite


Apenas uma Noite é a estreia da iraniana Massy Tadjedin na direção, e com certeza merece alguma atenção. Tendo sido a sensação do Sundance Film Festival, o filme retrata o declínio de um casamento, tendo como base a suspeita de uma traição e um amor inesquecível. 
A chegada do ex-namorado de Joanna e a viagem de Michael com uma atraente secretária divide o foco das atenções, e a incrível montagem paralela de Susan E. Morse (editora dos filmes de Woody Allen de 1979 a 1998), não permite que o marasmo ou a perda do ritmo narrativo aconteça num único momento.
A fotografia urbana e escura de Peter Deming transmite às imagens a frieza que toma conta do relacionamento principal, que já abalado, aparece em conflito com novos objetos de desejo pelo meio do caminho. A banda sonora é precisa e pontual, marcada pela sensibilidade das cenas, optando por uma propícia variação musical ao piano. As actuações são um caso à parte. Keira Knightley é mediana mas bastante interessante. A sua personagem ultrapassa poucos centímetros a linha de mudança, e a atriz consegue transmiti-la para o espectador com muita competência e carisma. Sam Worthinton não tem espaço para mostrar muita coisa, de modo que sua actuação aqui pode passar despercebida. Quem realmente brilha é o francês Guillaume Canet e o novaiorquino Griffin Dunne, duas personagens muitíssimo bem construídas e com atuações deliciosas. Eva Mendes é a bela amante de Michael, mas não se destaca além da média.
Sem pretensões e com um final sugestivo, Apenas uma Noite é um filme tecnicamente muito bem executado, e que concentra um nível mínimo de erros cénicos e narrativos. Não temos uma inovação nos dramas românticos ou uma proposta diferente no que se refere a um casal preso ao passado – ou a algo do presente que não pertença ao casamento; mas mesmo assim, a película destaca-se com facilidade de muitas outras produções do género que não se desprendem da vulgaridade. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

“Sangue do Meu Sangue” é o candidato português aos Óscares

Amplamente apreciado pela crítica e premiado em vários festivais internacionais, “Sangue do Meu Sangue”, protagonizado por Rita Blanco, Cleia de Almeida, Anabela Moreira e Rafael Morais, foi o escolhido para representar Portugal nos prémios mais cobiçados do mundo do cinema, os Óscares, que acontecem em Fevereiro de 2013. No entanto, o filme português é ainda um candidato à nomeação aos Óscares.
O filme foi escolhido por um júri composto pelo produtor Paulo Trancoso, os actores Virgílio Castelo e Susana Borges, os realizadores José Carlos Oliveira e Luis Galvão Teles, e o crítico Lauro António. Para serem candidatos ao prémio maior do cinema os filmes teriam de ter estreado entre Outubro de 2011 e Setembro de 2012. Neste caso “Sangue do Meu Sangue” chegou aos cinemas em Outubro do ano passado e foi o filme de ficção nacional mais visto desse ano.
O filme de João Canijo, que escreveu o argumento em parceria com os actores, narra o amor incondicional de uma mãe solteira, que mora no Bairro Padre Cruz, nos subúrbios de Lisboa, pela filha, personagens interpretadas por Rita Blanco e Cleia de Almeida.
Desde que se estreou no ano passado no Festival de San Sebastian, onde conquistou o Prémio da Crítica Internacional e o Prémio Otra Mirada da TVE, “Sangue do Meu Sangue” tem sido amplamente premiado. No seu percurso por festivais, o filme foi distinguido em Pau (França), Barcelona (Espanha), Linz (Áustria), Miami (EUA).
Depois disso foi apresentado, entre outros, nos festivais de Toronto, Bussan, Rio de Janeiro, Munique, Vílnius e Corunha,. 
Mas não foi apenas no estrangeiro que “Sangue do Meu Sangue” deu que falar. Em Portugal, o filme foi consagrado no Festival do Faial e no Caminhos do Cinema Português, em Coimbra, para além dos Prémios SPA, e os Globos de Ouro.
O filme português concorre agora com os filmes já anunciados: “Barbara”, de Christian Petzold (Alemanha); “Lore”, de Cate Shortland (Austrália); “Amour”, de Michael Haneke (Áustria); “Buta”, de Ilgar Najaf (Azerbeijão); “Children of Sarajevo”, de Aida Begic (Bósnia e Herzegovina); “Sneakers”, de Ivan Vladimirov e Valeri Yordanov (Bulgária); “Lost Loves”, de Chhay Bora (Cambodja); “Pieta”, de Kim Ki-duk (Coreia do Sul); “Unfair World”, de Filippos Tsitos (Grécia); “Kauwboy”, de Boudewijn Koole (Holanda); “Just the Wind”, de Benedek Flieugauf (Hungria); “Our Homeland”, de Yong-hi Yang (Japão); “The Third Half”, de Darko Mitrevski (Macedónia); “Death for Sale”, de Faouzi Bensaïdi (Marrocos); “Kon-Tiki”, de Joachim Rønning e Espen Sandberg (Noruega); “When I Saw You”, de Annemarie Jacir (Palestina), “80 Millions”, de Waldemar Krzystek (Polónia); e “Beyond the Hills”, de Cristian Mungiu (Roménia).
No ano passado, o documentário “José e Pilar”, de Miguel Gonçalves Mendes, foi o candidato português, mas acabou por não conseguir a nomeação aos Óscares.
Os nomeados aos Óscares de 2013 vão ser conhecidos a 10 de Janeiro, numa cerimónia no Samuel Goldwyn Theater e a entrega dos Óscares está marcada para o dia 24 de Fevereiro.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

António Lobo Antunes e Gonçalo M. Tavares finalistas do Prémio Médicis


Os escritores portugueses integram a lista de oito finalistas do Prémio Médicis para romance estrangeiro publicado em França, a entregar em Novembro.
Gonçalo M. Tavares é nomeado pelo romance “Uma Viagem à Índia”, enquanto “O arquipélago da insónia” é a obra de Lobo Antunes seleccionada, de acordo com a lista de finalistas publicada na Internet.
“O arquipélago da insónia”, romance de António Lobo Antunes de 2008, teve primeira edição francesa na Primavera deste ano, na casa Christian Bourgois, com tradução de Dominique Nédellec.

Lobo Antunes, Prémio União Latina em 2003, integrou várias vezes a lista do Prémio Médicis. Recebeu o Prémio Femina, de melhor romance estrangeiro publicado em França, em 1997, com “Manual dos Inquisidores”, obra editada em Portugal no ano anterior.

O livro “Uma Viagem à Índia”, de Gonçalo M. Tavares, com posfácio de Eduardo Lourenço, acaba de ser lançado em França pelas edições Viviane Hamy e conta igualmente com tradução de Dominique Nédellec.

Gonçalo M. Tavares já venceu o prémio de Melhor Livro Estrangeiro, publicado em França - Prémio Fémina, em 2010, com o romance “Aprender a rezar na era da técnica”, obra que também foi finalista do Médicis, no mesmo ano.

A obra “Uma Viagem à India”, de Gonçalo M. Tavares, foi editada em 2010 pela Caminho, recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Melhor Narrativa Ficcional, da Sociedade Portuguesa de Autores, e o Prémio Portugal Telecom de Literatura 2011, entre outros.

Além de Gonçalo M. Tavares e de António Lobo Antunes, integram a lista de oito finalistas ao Médicis estrangeiro o colombiano Juan Gabriel Vasquez, a norte-americana Margaux Fragoso, o alemão Ferdinand von Schirach, o russo Vassili Golovanov, o israelita Avraham B. Yehoshua e o chileno Alejandro Zambra.

O Prémio Médicis foi criado em 1958 e é atribuído desde então, todos os anos, a uma obra de um autor francês e, desde 1970, também a um livro estrangeiro editado em França.

Com o Goncourt, o Fémina e o Prémio da Academia Francesa, constituiu um dos mais importantes galardões literários em França.

Os vencedores do Prémio Médicis 2012 serão anunciados no próximo dia 6 de Novembro.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Herta Müller apresenta exposição na Biblioteca Camões


A Nobel da Literatura Herta Müller apresentou esta tarde a exposição 'O círculo vicioso das palavras', sobre a sua vida, que pode ser vista até dia 28 de setembro na Biblioteca Camões, em Lisboa. A autora falou sobre o seu novo livro e a sua carreira mas também deu a sua opinião sobre a crise portuguesa.
"A exposição serve para que as pessoas tenham uma ideia geral sobre de onde venho. Existe na Roménia uma minoria alemã, e eu fazia parte de um grupo de autores, o 'Banat'. Mas também do meu contexto familiar, o papel da nossa minoria durante o nacional socialismo", explicou a autora nascida na Roménia.
A alemã afirmou que o seu processo criativo remonta há 20 anos e que a realidade é um pretexto para o que escreve. "Fui dezenas de vezes interrogada pela polícia secreta e nunca anotei como foi, mas tendo vivido aquela situação sei bem como podia ser. Este livro da raposa, infelizmente, não é uma história inventada", disse.
A visita a Lisboa vem no seguimento da exposição que abriu portas dia 6 mas também do lançamento do seu romance 'Já então a raposa era o caçador' que chegou hoje às bancas pela primeira vez em português. A apresentação está marcada para dia 13 de setembro, às 18:30 no Goethe-Institut.
Em relação à crise da zona euro a escritora afirmou que a Europa não se limita à questão financeira, mas é uma união cultural, deixando claro que não é especialista em questões económicas nem tem nenhuma receita mágica para acabar com a crise. "Mas seja qual for a solução, países tais como Portugal e Grécia são parte da Europa", afirmou.
Herta Müller falou também sobre o Nobel que recebeu em 2009: "Tive de lidar com isso. Tive de aceitar mas não sou eu, como pessoa, quem ganhou o prémio. Eu não mudei como pessoa. À excessão de algumas coisas exteriores, como conferências de imprensa, nada mudou. O mundo exterior é que associa [o prémio] a um certo status. Quando estou a escrever não penso que sou prémio Nobel, nem me ajuda. Quando vejo o papel em branco, o prémio Nobel diz adeus".

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

MoteLx 2012


Na sua sexta edição, o MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa promete uma grande programação. De regresso marcado ao Cinema São Jorge, o festival decorrerá de 12 a 16 de Setembro.
Este ano, o convidado de honra será o realizador italiano Dario Argento, dando continuidade aos convidados de peso para um festival relativamente tão recente. A retrospectiva dedicada ao realizador, insere-se na secção Culto dos Mestres Vivos, com destaque para a trilogia «As Três Mães», com Suspiria (1977), Inferno (1980) eMother of Tears (2007). No último dia do festival, Dario Argento estará presente na Sala Manoel de Oliveira para uma masterclass. O festival contará ainda com outros convidados: o realizador italiano Jonathan Zarantonello, os franceses Julien Maury e Pascal Laugier, o britânico Alex Chandon e o norueguês Pål Sletaune.
Outras masterclasses serão dadas pelo escritor português David Soares, autor de diversas obras de terror e fantástico ou pelo colectivo Clones, criadores das curtas-metragens Papá Wrestling (2009), Blarghaaarhgarg (2010) e Banana Motherfucker (2011). Também João Leitão irá apresentar o episódio-piloto da série televisivaCapitão Falcão (filme surpresa da última edição do MOTELx) e discutir a origem da personagem, um super-herói do Estado Novo. O produtor português Paulo Branco estará presente também no festival para uma Q&A acerca da secção Quarto Perdido, que este ano apresenta O Território (1981), de Raúl Ruiz e O Estado das Coisas(1982), de Wim Wenders. Haverá ainda tempo para a apresentação de um making of do videoclipe Lickanthrope, da banda Moonspell, por Filipe Melo, bem como uma tarde de jogos de tabuleiro para toda a família.
Um dos pontos altos do festival é a atribuição do prémio para a Melhor Curta de Terror Portuguesa, existente desde a terceira edição. Este ano, os candidatos ao prémio são:
  • Aconteceu no Interior, de Ricardo Machado
  • Até Quando, de Jorge Cramez
  • A Bruxa de Arroios, de Manuel Pureza
  • The Headless Nun, de Nuno Sá Pessoa
  • Leito de Maldição, de Paulo Teixeira Rebelo
  • Mutter, de Tony Costa e Rafael Antunes
  • O Princípio do Fim, de Joel Rodrigues e André Agostinho
  • O Reino, de Paulo Castilho
  • Silêncio, de Hélio Valentim e Ricardo Ferreira
  • Tormenta, de Francisco Carvalho


Aceda aqui à programação. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Suzanne Vega celebra os 25 anos de Luka

Já há uns aninhos que Suzanne Vega não dá notícias de material novo (o seu último álbum foi Beauty & Crime, de 2007), mas a autora de Marlene on the Wall está longe de estar parada. Além de estar a reinterpretar o seu repertório discográfico em modo unplugged sob o genérico Close-Up, Vega celebra em 2012 os 25 anos da edição daquele que é o seu álbum emblemático, Solitude Standing, em 1987. É o álbum que inclui o incontornável êxito que foi Luka, mas também Tom's dinerGypsyCalypso ou Language, e é o pretexto para um concerto comemorativo a 16 de Outubro na sala do Barbican, em Londres, onde Solitude Standing será interpretado na íntegra, completado por repertório seleccionado da carreira da cantora-compositora (os bilhetes, já à venda, custam 30 libras, aproximadamente 37 euros). O espectáculo de Londres irá ter uma primeira apresentação especial de beneficência a 9 de Outubro no City Winery, em Nova Iorque, com os lucros a reverterem a favor dos tratamentos médicos de Mark Dyde, roadie de Suzanne. Entretanto, a cantora irá lançar em Setembro o quarto volume da série Close-Up, sob o genérico Songs of Family, depois dos anteriores Love Songs,People & Places e States of Being. Os álbuns têm sido publicados em edição de autor através do site oficial de Vega (www.suzannevega.com) e, fora dos EUA, distribuídos através da independente britânica Cooking Vinyl.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

João Tordo seleccionado para prémio europeu


O romance O Bom Inverno, de João Tordo, integra uma lista de pré-seleccionados ao Prémio do Livro Europeu, organizado pela associação Esprit d’Europe. O escritor português foi seleccionado com a edição francesa da obra, traduzida por Dominique Nedellec e publicado pela Actes Sud. Na área do ensaio surge também pré-seleccionado A Europa Segundo Portugal, de José Eduardo Franco e Pedro Calafate. O júri do prémio — na sua 6.ª edição — é composto por jornalistas de vários países da União Europeia, todos eles correspondentes em Bruxelas, e este ano tem como presidente o realizador grego Costa-Gavras.O prémio foi criado em 2007 com o apoio de Jacques Delors e distingue anualmente um ensaio e um romance de autores dos países membros da União Europeia que exprimam uma visão positiva da Europa. Cada um dos vencedores, anunciados a 5 de Dezembro em Bruxelas, recebe dez mil euros. Editado pela Dom Quixote em Agosto de 2011, O Bom Inverno marca o regresso de João Tordo, depois do Prémio José Saramago de 2009. O romance conta a história de um escritor frustrado e hipocondríaco, que viaja até Budapeste para um encontro literário, e está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Coxo, portador de uma bengala, e planeando uma viagem rápida, acaba por conhecer Vincenzo Gentile, um escritor italiano mais jovem, que o convence a ir numa viagem da Hungria até Itália.