quinta-feira, 28 de junho de 2012

França condecora a escritora Dulce Maria Cardoso

A edição dos livros "Campo de Sangue" (2002), "Os Meus Sentimentos" (2005) e "Até Nós" (2008), já traduzidos em França e noutras línguas, valeu à escritora Dulce Maria Cardoso (n. 1964) a condecoração francesa de Cavaleira da Ordem das Artes e Letras. O Ministério da Cultura francês justifica a distinção - a entregar em Lisboa, em data ainda a designar - pelo papel que a obra da escritora tem na "irradiação da cultura em França e no mundo". Criada em 1957, a condecoração da Ordem das Artes e das Letras corresponde a uma das mais altas distinções honoríficas da República Francesa e homenageia personalidades que se destacaram pela sua contribuição na difusão da cultura em França. Entre os portugueses que já receberam esta condecoração estão os escritores Lídia Jorge e António Lobo Antunes, a fadista Mariza, o comendador Joe Berardo, o ensaísta Eduardo Lourenço, o editor Manuel Alberto Valente, o coreógrafo e bailarino Rui Horta, a actriz Leonor Silveira, o jornalista Carlos Pinto Coelho e o encenador Joaquim Benite. Dulce Maria Cardoso, que em 2009 recebeu o Prémio Europeu de Literatura pelo romance "Os Meus Sentimentos", é autora do livro de contos "Até Nós" e do romance "O Chão dos Pardais" publicado em Portugal em 2009. Em 2011 publicou "O retorno", sobre a experiência dos retornados, da descolonização de Angola (de onde saiu na infância, via Ponte Aérea), do fim do Império e das suas consequências no Portugal contemporâneo. O romance foi considerado pela crítica como o melhor do ano e venceu ainda o prémio especial da crítica nos Prémios LER/Booktailors 2011. A escritora nasceu em Trás-os-Montes em 1964, passou a infância em Angola e vive agora em Lisboa. Formou-se na Faculdade de Direito de Lisboa e o seu primeiro romance "Campo de Sangue" recebeu o Grande Prémio Acontece de Romance.

terça-feira, 26 de junho de 2012

“Por Aqui Tudo bem”, da angolana Pocas Pascoal, triunfa no Los Angeles Film Festival

O filme “Por Aqui Tudo Bem”, da realizadora angolana Maria Esperança (Pocas) Pascoal, ganhou o primeiro prémio do júri para ficção no Los Angeles Film Festival, anunciou a organização. “A realizadora transformou a sua história pessoal de exílio de Angola num drama profundamente comovente, cujo poder cinematográfico é particularmente impressionante no trabalho de um realizador estreante”, refere a declaração do júri do festival de cinema independente da Costa Oeste dos Estados Unidos. Escolhido pelo júri entre 200 curtas e longas-metragens de mais de 30 países, “Por Aqui Tudo Bem” - “All is Well” na versão inglesa - conta a história de duas irmãs angolanas que fogem da guerra civil no seu país para Lisboa e, depois, para França. Para o júri, trata-se de uma “exploração da experiência de emigração e, especialmente, dos laços entre parentes, num trabalho de marcante eloquência visual e honestidade emocional”. Produzido por Luís Correia, o filme conta com interpretação de Cheila Lima, Ciomara Reis, William Brandão e Vera Cruz. O Prémio Narrativa tem um valor monetário de 15 mil dólares (11,8 mil euros), atribuído pela organização cultural sem fins lucrativos Film Independent. O festival, na sua 18.ª edição, atribuiu ainda um prémio do júri para um documentário, este ano para “Drought” (“Seca”), de Everardo Gonzalez. “Por aqui tudo bem”, de Pocas Pascoal, foi distinguido com o prémio de melhor longa-metragem portuguesa de ficção, na 9.ª edição do IndieLisboa, Festival Internacional de Cinema Independente, que encerrou a 6 de maio.

terça-feira, 19 de junho de 2012

“Dot.com”, de Luís Galvão Teles, nomeado para Melhor Filme Europeu nos Globos de Ouro italianos

“Dot.com” concorre com o filme francês, que foi um sucesso de bilheteiras na Europa, “Amigos Improváveis” (“Les Untouchables”) de Eric Toledano e Olivier Nakache, e o vencedor dos Óscares deste ano, “O Artista”, Michel Hazanavicius. Apesar de em Portugal ter estreado em 2007, o filme só chegou a Itália no final do ano passado, tendo sido muito bem recebido pela crítica e pelo público italiano. O La Repubblica escreveu que “Aguasaltas.com [título em Itália] é já um filme de culto”. Em comunicado, Luís Galvão Teles disse ter ficado surpreendido com a escolha de “Dot.com” entre centenas de filmes europeus que estrearam em 2011 em Itália. “É uma escolha inesperada entre duas escolhas evidentes e um 'fenómeno' pelo menos invulgar, inesperado e extraordinário”. Dot.com (2007), que conta no elenco com com João Tempera, Maria Adanéz, Marco Delgado, Margarida Carpinteiro, Pedro Alpiarça, Adriano Luz, José Eduardo, Isabel Abreu e André Nunes, conta a história de Águas Altas, uma pequena aldeia no interior de Portugal, que se torna um caso nacional mediático quando uma multinacional espanhola pressiona os aldeões para fechar o site da aldeia, que tem precisamente o mesmo nome de uma marca de águas que os espanhóis querem lançar no mercado. Luís Galvão Teles, fundador da produtora Fado Filmes, prepara neste momento uma nova longa-metragem, “Gelo”, sobre o amor para além da morte. Co-produziu anteriormente “Elles”, “Jaime”, de António-Pedro Vasconcelos, e “Fados”, de Carlos Saura.

domingo, 17 de junho de 2012

A Branca de Neve e o Caçador

Com uma fotografia de tons escuros e sombrios, ‘Branca de Neve e o Caçador’ consegue de forma eficaz criar uma visão alternativa deste conto de fadas, com Charlize Theron a dominar por completo o campo da interpretação no papel da Rainha Ravenna. Kristen Stewart, que interpreta Branca de Neve, mantém o seu registo habitual. Pouca expressividade ou emoção na interpretação de uma personagem pura e inocente. Chris Hemsworth é seguro no papel do caçador, mantendo aquela imagem bruta e de rudes modos que vimos já em ‘Thor’. ‘Branca de Neve e o Caçador’ consegue ser um bom entretenimento, conseguindo construir um mundo alternativo sombrio que nos absorve – ao contrário da outra adaptação de Branca de Neve, ‘Mirror Mirror’, que tem uma tonalidade totalmente inversa desta – mas que não deixa de deixar transparecer muitas fragilidades numa narrativa que depende demasiado da personagem de Charlize Theron.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Caetano Veloso comemora 70 anos com reedições e iniciativas inéditas

Ao todo são 47 álbuns e centenas de músicas que Caetano Veloso disponibilizou para audição no seu novo site. Esta é a primeira vez que a discografia completa do músico brasileiro está disponível online, no entanto a audição apenas está a funcionar para já no Brasil. Caetano Veloso completa 70 anos a 7 de Agosto mas esta semana já começou a celebrar o seu aniversário presenteando os fãs com um novo site, onde é possível ouvir em streaming gratuito a sua discografia completa. O brasileiro aderiu ainda às redes sociais (Facebook e Twitter) e anunciou a reedição do álbum “Transa”, gravado em Londres e lançado há 40 anos. Até Agosto são esperadas mais surpresas. Além de ser possível ouvir gratuitamente todas as músicas completas, o utilizador pode ainda ler as letras das canções e ver as capas e os livros que acompanham os discos. No fim pode comprar o álbum completo ou as músicas individuais na loja da Apple, o iTunes. Paula Lavigne, ex-mulher e agente de Caetano Veloso, disse a O Globo que o músico tem colaborado activamente na construção deste novo site. “Por desconfiança minha, eu não cedia muito a obra do Caetano para comércio digital, mas, como a [editora] Universal tem o catálogo todo, foi simples fazer isto agora”, explicou a responsável, lembrando que por vezes as pessoas queixavam-se da dificuldade que tinham em encontrar alguma música mais antiga ou menos conhecida de Caetano. “Ninguém poderá reclamar mais que não encontra uma gravação dele”, acrescentou Paula Lavigne, que espera no futuro conseguir incluir ainda os trabalhos que Caetano Veloso fez com outras editoras. Além da música, o site tem ainda duas secções dedicadas ao cinema e aos livros, disponibilizando para consulta e para compra os livros e os filmes assinados por Caetano Veloso. Até Agosto, Caetano Veloso vai publicar ainda vários vídeos onde fala da sua infância, a sua família e a sua carreira. O primeiro vídeo foi publicado esta semana, assim como fotos inéditas do músico em criança com a sua família. Os vídeos e os álbuns de fotografias vão ser agrupados e publicados por décadas, sendo que o vídeo e as imagens desta semana correspondem à década de 1940. Em Agosto, no aniversário do músico e compositor, vai chegar às lojas um álbum de homenagem a Caetano Veloso, que terá as suas músicas cantadas por artistas brasileiros contemporâneos, como Mariana Aydar, que interpretará “Araçá Azul” (1973) ou Marcelo Camelo, que cantará “De Manhã” (1965).

terça-feira, 12 de junho de 2012

My Week With Marilyn

Adoptando um estilo narrativo clássico e ligeiramente académico, “My Week With Marilyn” acaba por apresentar um retrato fiel e despretensioso desta sex-bomb que somente desejava comprovar o seu talento, oferecendo quase duas horas de cinema competente e cheio de bom gosto aos espectadores que ansiavam ver a miss Monroe de regresso ao grande ecrã, ainda que não a verdadeira Marilyn Monroe. Simon Curtis não é dos realizadores mais conhecidos na indústria e o seu escasso currículo comprova isso mesmo. “My Week With Marilyn” é a sua primeira longa-metragem para cinema, o que não significa necessariamente que o homem não tenha talento. A sua câmara é segura quanto baste para dar vida a uma narrativa com todas as características de vencedora, ainda que Curtis retire muito partido da escola britânica de fazer cinema, claramente marcada por interpretações fortes e consistentes, recriações de cenários e guarda-roupa fabulosos, e um guião com quase tudo no sítio. De facto, é uma pena que esse mesmo guião caia demasiado na tentação de endeusar Marilyn Monroe. Os homens da película são quase todos retratados como pobres coitados que caem aos pés da miss Monroe ao mais ínfimo dos assopros, e isso soa a tremendo exagero. Porém, todos conhecemos o poder que Marilyn exercia sobre o sexo masculino, tendo o guião optado por hiperbolizar essa faceta da famosa sex-symbol. Essa será, de resto, a única falha de um argumento que prima pelo realismo e pela eficácia da mensagem que transmite. Com a ajuda de uma Michelle Williams que (quase) nos faz esquecer a verdadeira Marilyn Monroe, “My Week With Marilyn” afirma-se sobretudo como um bom filme de época, uma espécie de drama romântico com pitadas de comédia musical, que fará as delícias dos fãs da actriz falecida nos anos 60. O modo sóbrio e calculista como aborda o lado mais humano (e menos conhecido) de Monroe será um dos pontos fortes da película, que também presenteia os cinéfilos mais acérrimos com dezenas de referências cinematográficas absolutamente inesquecíveis. Em suma, não deverá desiludir a grande maioria dos espectadores, mas não se deve cair no erro de pensar que se está perante um dos filmes mais deslumbrantes do ano. Apenas um filme competente e, a espaços, divertido.

sábado, 9 de junho de 2012

MoMa adquire obra de Siza Vieira


O Museum of Modern Art (MoMa), em Nova Iorque, confirmou esta sexta-feira a aquisição de um conjunto de desenhos e maquetes de três projetos do arquiteto Siza Vieira.
O Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre no Brasil (1998-2008), a intervenção SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) em São Victor, no Porto (1974-1977) e a agência do Banco Pinto & Sotto Mayor, em Oliveira de Azeméis (1971-1974), foram os projetos assinados por Siza Vieira escolhidos para o acervo do MoMa.
Pedro Gadanho, curador de arquitectura contemporânea do MoMa desde o início de 2012, disse que "foi com enorme prazer que deu continuidade a um interesse já anteriormente expresso pelo MoMA relativamente à presença da obra do arquitecto Siza Vieira na coleção de Arquitectura e Design do museu. E, nesse sentido, foi particularmente gratificante poder escolher pessoalmente com o arquiteto um conjunto representativo de esquiços, desenhos de projeto e maquetes destes três projetos."
No total o MoMa adquiriu 84 desenhos e 35 fotografias, assim como uma brochura e maquete da obra em São Victor, e ainda uma maquete do museu Iberê Camargo.
Esta sexta-feira estava agendada uma conferência de Siza Vieira, em Nova Iorque, organizada em conjunto pelo MoMa, pela Architectural League of New York e pelo Aicep Portugal Global. A data de confirmação da aquisição na mesma altura da conferência era uma coincidência, mas a palestra acabou por ser cancelada devido à hospitalização do arquitecto na quarta-feira, em consequência de uma fratura do úmero.
O valor pago pelo MoMa não foi divulgado, o que faz parte da sua política relativamente às aquisições, e segundo o Gabinete de Imprensa do museu ainda não há planos para a exibição da obra de Siza.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A Fonte das Mulheres

La Source des Femmes – A Fonte das Mulheres é o novo filme de Radu Mihaileanu e mais um dos do realizador que foge aos padrões do convencional, do que estamos habituados a ver nas salas de cinema. Não é uma grande produção, não conta com um grande orçamento, nem com uma campanha de marketing fenomenal. É um filme que se sustenta unicamente no guião, na história que quer contar – a história de uma aldeia com uma fonte, mas onde o amor já secou. O filme surge como uma lufada de ar fresco, com a sua abordagem dualística, com tanto de sério como de divertido, a um problema que tem tanto de velho como de actual, e que poucas vezes vemos retratado no cinema. Numa qualquer aldeia islamita do globo, Leila, farta das consequências que a subida à única fonte de água traz para as mulheres, decide iniciar uma greve. Uma greve que visa privar os homens daquilo que acredita ser o único poder das mulheres sobre os mesmos: o amor. Lutando contra tudo e contra todos, Leila inicia uma verdadeira revolução no seio da sociedade onde vive, pondo homens contra mulheres, pais contra filhos e pondo em causa muitos dos dogmas do Islão. Mais do que ser um filme sobre homens e mulheres, sobre a natureza e diferenças dos dois sexos, A Fonte das Mulheres é um filme sobre coragem. A coragem de Leila para lutar contra uma sociedade estagnada, com fortes e velhas raízes presas em princípios religiosos, tradições, usos e costumes seculares. Apesar da seriedade do assunto retratado, e muito embora algumas cenas sejam verdadeiramente dramáticas e violentas, a condução da narrativa é sempre feita de uma forma leve e com bom humor. A música é outro elemento que está também sempre presente: por vezes inspiradoras, outras vezes despretensiosas e engraçadas, e ainda, outras vezes, melancólicas. A Fonte das Mulheres é um filme imperdível, que não deixa ninguém indiferente, e que merece mais atenção do que aquela que tem recebido. Pela mensagem, pelas interpretações (de Leïla Bekhti e Biyouna, sobretudo) e pela actualidade dos temas.

sábado, 2 de junho de 2012

Moda e festas lisboetas no mês de Junho no Nimas


No mês de festas populares, o Nimas promete uma combinação pensada para agradar aos amantes de cinema. Fãs de Camilo Castelo Branco poderão ver a adaptação de Mistérios de Lisboa, feita pelo chileno Raúl Ruiz. Conta com caras conhecidas como Ricardo Pereira, Adriano Luz e Maria João Bastos.
Por entre sardinhadas e marchas populares, Junho vai ser mês preenchido para os cinéfilos.
Uma programação para todos os gostos, que começou dia 1 de Junho. Do cinema angolano a alegorias sobre Lisboa, passando por cinema LGBT, tudo estará à disposição. O cinema português não será esquecido.  O último mergulho, de João César Monteiro, já foi exibido, seguem-se João Pedro Rodrigues com Morrer como um homem e Marco Martins com Alice serão representantes.
Não abandonando a lusofonia, o cinema angolano estará presente com filmes como Momentos de glória (José Paulino dos Santos), Amanhã será diferente (Pocas Pascoal) e Kunta (Ângelo Torres), entre outros. Para dar o toque final ao ambiente, os filmes serão acompanhados pelas rimas e batidas de um dos rappers angolanos mais conceituados, Megga. 
E como a sardinha não pode faltar em pleno Santo António, o Nimas convidou a produtora "Sardinha em Lata" para apresentar algumas das suas curtas de animação.
A marcha do orgulho LGBT Lisboa 2012 também fará a sua aparição no espaço lisboeta com Hedwig - A origem do amor do realizador Jonh Cameron Mitchell, realizador de Shortbus e Rabbit Hole. A longa, exibida hoje, conta a história de uma drag queen que forma uma band rock depois de enfrentar advsersidades como a traição do namorado e uma operação de mudança de sexo mal-sucedida.
A moda também não passa ao lado deste ciclo de cinema. O documentário, do realizador Matt Tyrnauer,Valentino: The last emperor, retrata a história de um dos ícones da moda mundial, Valentino Garavani.
Finalmente, o espectador poderá contar com filmes mostrados pelos parceiros habituais do espaço lisboeta, como a APORDOC. Louiseher mothersher fatherher brother and her sistersThe perfect divorce e All my fathers  retratam e propõem um olhar diferente sobre o conceito de família.