domingo, 22 de janeiro de 2017

Zootopia

Byron Howard criou Zootopia, um filme de utopia animal onde mamíferos convivem pacificamente, mas a lógica natural entre predadores e presas ainda não foi completamente superada. Portanto, Judy Hopps, é uma coelha fofinha e determinada que sonha tornar-se uma polícia respeitada mas não é isso que acontece nos seus primeiros dias de trabalho. Leões, ursos, rinocerontes e outros gigantes da natureza, considerados mais capazes para o trabalho, são pouco afáveis com a nova companheira de trabalho. Judy aprende que o mundo está cheio de oportunidades e também de preconceitos, incluindo os dela mesma. Judy tem alguma resistência em confiar nas raposas desde o seu primeiro encontro com Nick Wilde. Este porém, é o típico astuto espertalhão que ganha a vida a enganar pessoas. A relação de Judy e Nick começa a mudar quando a dupla é obrigada a unir forças para resolver um caso policial. 
Filme repleto de mensagens moralistas (o respeito pela fauna e o aviso de não acreditar nas aparências) e de referências a cultura pop (música e comida) , cheio de piadas inteligentes e um design cuidadoso. Há um encaixe perfeito entre as profissões dos animais e a sua personalidade e aquilo que nós humanos pensamos deles. Depois, a animação é sincera: o preconceito existe e precisa ser vencido. 
Produto de uma nova fase do estúdio Disney, que também evitou transformar Elsa em uma vilã unidimensional, Zootopia  é um filme muito bonito que cumpre o seu objetivo sem nunca esquecer a diversão para o qual contribui. 

domingo, 15 de janeiro de 2017

Dangal

Baseado na vida real do wrestler indiano Mahavir Singh Phogat, Dangal é a história de um pai que luta contra a sociedade e as suas normas para transformar  as suas filhas em wrestlers  e vencedoras medalhadas (pela primeira vez na história da Índia).
O filme não foge ao seu estilo de Bollywood e explora ao máximo as emoções das personagens. É um tanto cansativo o dramatismo moldado e trabalhado em duas horas e pouco de filme. Mas a banda sonora enche as imagens de vivacidade, bem ao estilo que Bollywood nos habituou.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Divertida Mente

Filme descrito como o mais ousado e maduro da Pixar nos últimos anos, Divertida Mente tem como tema principal a complexidade das emoções que uma pessoa possui e como toda essa complexidade é a chave para a personalidade de cada um de nós. A personagem Riley, uma pré adolescente, é o alvo indicado para podermos ver em ação emoções como a alegria, tristeza, inocência, ingenuidade e todas as outras emoções que acompanham o seu crescimento. E a Pixar, a partir daqui, cria uma narrativa criativa e cheia de conteúdo, com apoios sólidos em metáforas pouco infantis mas infantilmente belas demais. Daquelas que deslumbram as crianças e ocupam os adultos. É um filme que nos faz literalmente entrar na cabeça de uma personagem, que dá vida e cor à psicologia da personagem e que cria uma história no caminho natural do crescimento mental.  Já imaginaram a cara da felicidade? E a da tristeza? Como será a raiva em pessoa? Para ver. Pouco há para falar. Porque a criatividade é para ser vista e pouco comentada. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Florence: Quem é Essa Mulher?

O diretor Stephen Frears, aposta num filme com registo cómico para nos apresentar Florence Foster Jenkins, uma mulher herdeira de uma grande fortuna, com uma paixão enorme pela música, mas sem o mínimo talento para o que ela mais gostava de fazer: cantar opera. Para tal, investe numa interpretação simplificada das relações humanas e na narração dos típicos códigos de convívio entre as classes sociais. Mais, privilegia a doença e um triângulo amoroso em detrimento da arte e do canto. E a atenção é dedicada à perseverança e persistência no concretizar de um sonho, que só é possível graças à fortuna que tudo compra e à excentricidade que tudo transforma. 
Frears ridiculariza a personagem nos momentos de canto mas alimenta-a de piedade e compaixão quando desnuda os seus medos, receios e alguma ingenuidade. É uma personagem pouco dada a realismos mas que merece aqui alguma misericórdia, puxada no humanismo da sua excentricidade. 
O elenco é cheio de talento: Hugh Grant e Meryl Streep. Bastavam. Mas podemos ainda surpreendermo-nos com a excelente exibição de com Simon Helberg. 
Florence: Quem é Essa Mulher? parece-me um filme frio em termos narrativos, mas cinematograficamente e enquanto narrativa cómica, cumpre bem os seus objetivos

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Lutetia

26 de abril de 1945. Os primeiros deportados que sobreviveram aos horrores dos campos de concentração nazis encontraram a liberdade em solo francês. Foi em Saint-Germain des Prés, na esquina da Boulevard Raspail com a Rue de Sèvres, que tudo aconteceu no famoso Hotel Lutetia. Muitos deportados ficaram aqui até ao fim do mês de Agosto e muitos deles souberam aqui da morte ou desaparecimento dos seus parentes e conhecidos. O Hotel Lutetia também acolheu deportados estrangeiros e crianças judias de Buchenwald, combatentes da resistência polonesa presos na França, republicanos espanhóis capturados em 1940 e deportados para Mauthausen. Se Lutetia era um lugar de regresso à vida, também era símbolo da dimensão da tragédia, especialmente para aquelas famílias que vinham ao hotel todos os dias e esperavam encontrar algum parente.
Através de quinze Posters, a exposição aborda os diversos aspectos levantados pela recepção dos sobreviventes. Como é que o governo acabou por escolher, em Paris, um local de encontro e de controlo reservado para deportados? Quem fez parte desta gestão? Qual o papel da Resistência na logística desta acção?
Temática interessante e rica em informação com alguns objetos expostos valiosos e que justificam por si só a visita, nomeadamente, sapatos usados por deportados nos campos de concentração e também algumas peças de vestuário. De realçar a exposição de uma 'Estrela de Judeu' que os judeus usavam ao peito. No entanto, tamanha e vasta informação e conteúdo deveriam ser tratados de forma menos aborrecida nos Posters expostos. A disposição dos Posters também é deficitária e prima pela falta de espaço da galeria.


9 a 14 Janeiro 2017 
Salle Aurore,avenue Lafayette.
Rochefort

domingo, 8 de janeiro de 2017

Pompeia


O início de Pompeia não é nada animador. Um homem que mata e deixa morrer uma criança. E descobrimos logo o vilão. Sem surpresas. A criança que obviamente não morre será o herói. Sem surpresas. Depois, anos mais tarde surge a criança já homem feito e uma mulher que o olha e admira. Será a donzela e rapidamente se apaixonam. Sem surpresas. O discurso é do mais previsível que pode existir. 
O diretor Paul W.S. Anderson limita-se a usar Pompeia como plano de fundo para brincar e mostrar mortes, espadas, combates, guerras e corpos mutilados. Só. 
Há quem acredite que a salvação do filme está nos efeitos sonoros e nos efeitos especiais. Eu não. Nada salva este filme e todos os efeitos são péssimos. 
Os atores pouco falam e pouco interagem. Parecem modelos de uma passerelle que o Paul W.S. Anderson dirige. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Race

Stephen Hopkins não tem o mesmo brilhantismo no cinema como tem em séries televisivas (24 Horas, Californication e House of Lies). Fez até agora filmes mediocres e com o seu último Race não fugiu a esse registo. O filme conta a história real do lendário Jesse Owens, atleta negro que brilhou nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, e que 'destruiu' a festa dos ideais de supremacia ariana de Hitler. A personagem é interessante e a história é fascinante. O filme, no entanto, não é nada mais que 'fraquinho'. Tem alguns bons momentos, alguns atores competentes, mas nada oferece de novo.