quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Arquivos Secretos


O Arquivo Municipal de Lisboa lançou um repto a 18 criadores contemporâneos para produzir a exposição de artes plásticas, intitulada 'arquivos secretos', organizando paralelamente um vasto programa de actividades.
Esta iniciativa abre à descoberta do público o acervo documental que se encontra à sua guarda através do olhar dos artistas: Alexandra Oliveira, Ana Fonseca, António Vasconcelos Lapa, Beatriz Horta Correia, Carla Cabanas, Cláudia Damas, Fabrice Ziegler, Graça Pereira Coutinho, João Castro Silva, João Paulo Serafim, J. Rosa G., João Tabarra, Mara Castilho, Maria Pia Oliveira, Miguel Gaspar, Mónica de Miranda, Paula Paour, Rui Poças.
Este projecto reúne obras em diversos suportes, como a fotografia, vídeo, instalação ou livro de artistas, que revelam uma perspectiva única e até agora (in)visível do Arquivo de Lisboa.
A exposição comissariada por Sofia Castro tem como premissa estabelecer o diálogo e a aproximação entre os criadores com os técnicos da Divisão de Arquivo Municipal.
As visitas aos depósitos do Bairro da Liberdade, do Arco do Cego e da Rua da Palma desencadearam o processo de criação, tornando-se matéria/tema/cenário para a concretização das obras que se apresentam. Todas as peças criadas são inéditas, concebidas em exclusivo para esta exposição, espelhando questões como o tempo e a memória, a guarda e o lugar do arquivo na contemporaneidade.
O programa dos arquivos secretos inclui, para além da exposição, visitas guiadas ao depósito, visita guiada à exposição e conversas com os artistas.
Horário: 12 de Outubro a 30 de Novembro - Segunda a sábado, das 10:00 às 19:00,
Encerrado: domingos e feriados
Entrada gratuita

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Culturgest recebe concerto de solidariedade a favor do Hospital de Santa Maria



A Associação dos Amigos do Hospital de Santa Maria organiza o 11º Concerto da Solidariedade no Grande Auditório da Culturgest, já esta quarta-feira, 31 de outubro, pelas 21h00, a favor da própria associação.
Será apresentado o musical “O Principezinho”, baseado no livro de Antoine de Saint-Exupéry, com música de Victor Palma. A interpretação é do Coro Juvenil de Lisboa (na foto) com a direção musical do maestro Nuno Margarido Lopes e a encenação de Maria Luísa Carles.
A entrada para o espetáculo não é paga, "mas a entrega do bilhete é feita mediante o pagamento de um donativo", explica ao SAPO Música um membro da Associação dos Amigos do Hospital de Santa Maria.
Contudo, a mesma fonte ressalva que "quem não tiver condições para dar um donativo, pode assistir na mesma ao concerto".

sábado, 27 de outubro de 2012

O Princípio da Inércia

Pessoa Coletiva é um projeto de Mafalda Santos e Susana Gaudêncio, que a partir da partilha de espaço de trabalho comum, procura promover e catalisar projetos em colaboração com outros artistas. Dessa triangulação surge a exposição O Princípio da Inércia, que para além de apresentar o trabalho das artistas inclui as contribuições dos convidados: Isabel Carvalho, Javier Nuñez Gasco, Margarida Dias Coelho, Miguel Soares, Raphael Taylor, Antoni Muntadas e Mário Moura. 
A exposição para além de desenho, escultura, instalação, pintura e vídeo apresenta uma coletânea de livros selecionada por Mário Moura e a publicação On Translation: Culorae (1998), cedida por Antoni Muntadas. O projeto inclui também uma publicação com conteúdos complementares aos apresentados na exposição e às contribuições dos artistas. 
A exposição encerra a 4 de Novembro, às 18h, com um concerto de REC BRUTUS e o lançamento do pasquim satírico pro‐lirico BURACO # 5.


  • QUANDO

    22 Set 2012 a 04 Nov 2012

  • ONDE

    Museu da Cidade - Pavilhão Branco, Lisboa

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

“L’Illusionniste”

 “L’Illusionniste” é, antes de mais nada, uma obra que pretende homenagear o falecido realizador/actor francês Jacques Tati. O filme foi concretizado inteiramente em sua honra e as pistas para chegar a tal conclusão abundam ao longo da película. Como se já não bastasse o facto de o argumento ser da autoria do próprio Tati, Sylvain Chomet (realizador do famoso e premiado “Belleville Rendez-Vous”) fez questão de colocar variadíssimos detalhes na película que permitem ao espectador mais atento identificar, de imediato, a inconfundível presença de Tati. Pois vejamos: Jacques Tati é o próprio ilusionista que protagoniza o filme (a personagem chama-se Tatischeff, o nome de nascença do referido realizador/actor francês); no final descobrimos que o filme é dedicado à filha de Tati; e no próprio decorrer da película, deparamo-nos com uma cena em que o ilusionista entra num cinema e dá de caras com um filme de imagem real protagonizado pelo mesmo Tati. Ora, o que poderia advir de uma obra que é concretizada com um objectivo tão especial em mente? Muito simples. O que advém de tal empreendimento é um filme singular, absolutamente diferente de tudo o que tínhamos visto até aqui (talvez o único filme que se lhe assemelhe seja o próprio “Belleville Rendez-Vous”). “L’Illusionniste” é uma ode ao antigo cinema mudo. O que aqui temos a oportunidade de visionar é animação no seu estado mais puro. Os diálogos (já de si escassos) entre as personagens são perfeitamente irrelevantes e desnecessários. Pois através das dinâmicas do desenho e da amálgama de sons e melodias, a narrativa desenvolve-se com uma naturalidade espantosa e o espectador é perfeitamente capaz de compreender tudo aquilo que Chomet (e Tati) lhe pretende trasmitir (ou quase tudo…).
 A narrativa do filme é francamente simples. Tatischeff (com a voz de Jean-Claude Donda) é um simpático ilusionista que percorre o mundo com o intuito de realizar espectáculos de magia nos mais variados teatros e Music Halls. A sua carreira já conheceu melhores dias, pois o mundo não pára de se desenvolver e o público mais refinado parece ter esquecido aquilo que a magia tem de tão único e especial. Um dia, ao actuar num alegre pub da Escócia, Tatischeff conhece uma jovem chamada Alice (Rankin). Esta fica absolutamente encantada com o velhote e não mais larga a porta do seu quarto. E quando o ilusionista parte para outras aventuras, a jovem segue-o à socapa e passa a viver com ele como se fosse sua filha. Única razão, aliás, pela qual o mágico a deixa partilhar os seus aposentos: por esta o fazer lembrar uma filha perdida que, agora, apenas o acompanha no formato de uma velha fotografia a preto-e-branco…
É justo classificar “L’Illusionniste” como um filme belíssimo. E também extremamente complexo. Os aplausos vão todos para a equipa de artistas que desenhou os inúmeros (e maravilhosos) cenários da narrativa. Ao contrário do que muitas vezes se vê noutras produções do género, não existe um único frame em estado de hibernação. O que quero dizer com isto é que o cuidado empregue nos detalhes de cada cenário é extraordinário (palmas aqui para Chomet), havendo sempre qualquer coisa em movimento, por muito minúscula e imperceptível que seja. É precisamente no aspecto visual (a tal animação no seu estado mais puro) que “L’Illusionniste” mais impressiona. Estamos perante uma das animações mais belas e originais de todos os tempos, trazendo de novo para a ribalta a ideia de que o desenho à mão é uma tradição a manter. As animações por computador podem ser mais aprazíveis para o público em geral. Mas artisticamente falando, o desenho à mão continua a ser bem mais glorioso, conseguindo dar uma outra vida e singularidade às diversas personagens.

 Nada a ressalvar na componente visual do filme. Mas então e o resto? Ora, aí é que “L’Illusionniste” já deixa algo a desejar. Fiquei com a nítida sensação de que esta obra funcionaria muito melhor como curta-metragem. Muito pouca coisa acontece para tantos minutos de película. E como consequência, o filme acaba por se tornar ligeiramente aborrecido e enfadonho. Ele comporta uma mensagem muito forte e bem relevante! Mas até essa mensagem não chega para abafar o sentimento de que lhe falta muita coisa para funcionar como longa-metragem de méritos reconhecidos.
De forma muito resumida, aquilo que posso dizer é que “L’Illusionniste” se trata de um filme indicado para os fãs acérrimos da animação. Esses decerto não deixarão de se surpreender com a multiplicidade de desenhos dinâmicos, coloridos e competentemente sonorizados. Mas para quem estiver à espera de assistir a uma obra com muito mais sumo que isto, a mais recente película de Sylvain Chomet adquirirá contornos de filme quase experimental e talvez até excessivamente alternativo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Orfanato

 Depois do reconhecimento mundial com O Labirinto do Fauno (indicado a seis Oscares), Guillermo Del Toro passou de cineasta a produtor requisitado, e O Orfanato é justamente a prova disso.
O roteiro, escrito pelo espanhol Sergio Sánchez resume-se a: Laura (Belén Rueda) vive numa casa que foi o seu antigo orfanato. Ali ela planeia, ao lado do noivo e do filho adoptado, construir uma espécie de retiro para crianças com necessidades especiais. Os problemas começam quando o filho de Laura, Simón (Roger Príncep), começa a dialogar frequentemente com amigos imaginários. Certo dia, Laura, cansada das invenções de Simón, não lhe dá ouvidos sobre os tais amigos. O menino então desaparece. Laura entra em desespero - principalmente porque Simón, seropositivo, precisa tomar remédios diariamente para controlar o HIV. Passam-se meses e nada de notícias - resta à mãe investigar o desaparecimento sozinha, o que a leva a descobrir coisas temíveis sobre o orfanato.
Em entrevistas, Del Toro diz-se orgulhoso de ter produzido o filme com apenas 4,5 milhões de euros e reitera o facto de que boa parte da equipa é composta por estreantes. 
O Orfanato abusa, em boa parte por causa do esquematismo do roteiro, de diversas situações que já vimos antes, e vimos muito: o retorno à casa mal-assombrada, o filho que vê fantasmas, os macabros desenhos infantis, o personagem mascarado que deve virar action-figure, o noivo céptico que não acredita no que a mulher crê, etc. O que O Orfanato tem de bom - e que é uma qualidade difícil de traduzir em palavras - é o approach e arrojo visual que colmatam as falhas do roteiro.




terça-feira, 23 de outubro de 2012

Chantal Akerman + Pedro Costa

    Esta exposição, organizada em conjunto com o Festival Doclisboa’12 e co-produzida entre o DocLisboa e a Balaclava Noir, será apresentada no Carpe Diem, na Cinemateca Portuguesa e naGaleria Palácio Galveias. Neste contexto, reúnem-se várias instalações marcantes de Chantal Akerman que dialogam com instalações de Pedro Costa. A mostra inscreve-se no contexto do 10° ano de existência do Doclisboa e da criação de uma nova secção do festival, intitulada PASSAGENS, que lida com dois fenómenos recentes: as integrações do cinema nos museus e do documentário na arte contemporânea. As obras dos dois cineastas vêm assim abrir a reflexão sobre este novo cenário do cinema e do documentário.
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      De 20 out a 20 nov 12
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domingo, 21 de outubro de 2012

“A ARTE DO PREVISÍVEL”

 A Embaixada da República de Chipre, com a colaboração da Câmara Municipal de Lisboa, apresenta na Cordoaria Nacional a primeira exposição coletiva em Portugal de arte contemporânea de Chipre com a participação de três consagrados pintores – Andreas Karayan, Constantinos Stefanou e Zenon Jepras. 
Esta Exposição faz parte do programa cultural da Embaixada de Chipre no âmbito da Presidência da União Europeia (Julho/Dezembro 2012).
A Exposição oferece uma oportunidade única para os amantes de arte apreciarem uma coleção de importantes trabalhos que retratam vistas fascinantes dos diferentes horizontes de cada artista nas suas viagens exploratórias à vidas quotidiana de pessoas comuns, que magicamente convergem para a mesma mensagem: os tempos difíceis que os europeus enfrentam atualmente serão em breve superados.
CORDOARIA NACIONAL
Galeria Torreão Nascente
Av. da Índia – Rua da Junqueira – Lisboa
HORÁRIO EXPOSIÇÃO:
3F – 6F: 10H – 18H
SAB/DOM: 14H – 18H
2F/FERIADOS: FECHADA

13 Setembro a 21 Outubro 2012

sábado, 20 de outubro de 2012

'Miss Perfumado' comemora 20 anos e é remasterizado

Ao comemorar 20 anos, o álbum 'Miss Perfumado', de Cesária Évora, vai ser pela primeira vez remasterizado.
O álbum original vendeu mais de meio milhão de cópias em todo o mundo e a nova versão chega às lojas a 29 de outubro.Inclui êxitos como 'Sodade', que lançaram a carreira de Cesária no panorama internacional.
O disco vai estar disponível numa versão de luxo e vai ser editado com um CD extra com os maiores sucessos dos três primeiros discos da carreira da cantora: 'La Diva aux pieds Nus'; 'Distino di Belita' e 'Mar Azul', adianta o site da Sonyc.
Cesária Évora nasceu na cidade de Mindelo, na ilha de S. Vicente em Cabo Verde. Tornou-se a cantora cabo-verdiana com maior reconhecimento internacional até hoje. Era conhecida como 'a diva dos pés descalços'.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

OS COMEDORES DE BATATAS- Maria Beatriz

 Esta série de obras da autoria da Maria Beatriz parte de uma das pinturas mais celebradas de Vincent van Gogh, Os Comedores de Batatas. Trata-se de uma obra do período inicial da sua carreira, anterior à sua instalação em França, onde as preocupações sociais e humanas da obra de maturidade estão já intensamente presentes. No entanto, Maria Beatriz desvia-se de toda a intenção ilustrativa, transportando para a contemporaneidade o tema. Figuras isoladas em vez de um grupo familiar, uma maioria de jovens de diferentes níveis, embora revelando todos sinais de algum desenraizamento social. Na mão ou nos bolsos as personagens mostram grandes e grossos palitos de batatas fritas (tal como se servem nos pacotes comprados nas ruas da Holanda de hoje), sinal recente de comida dos pobres urbanos – como se os sinais de miséria dos mineiros oitocentistas persistissem hoje nesta dimensão da fast food universal. A artista pinta sobre delicadas superfícies de veludo mas, numa mesa que instala na exposição, um monte de cascas de batata recorda-nos a intenção crítica inicial de ambos os artistas.

7 setembro a 25 novembro 2012
Lisboa
Museu da Eletricidade

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Doclisboa 2012

 O Doclisboa arranca esta quinta-feira e este ano tem um cariz político, com a projeção de documentários sobre manifestações e ocupações em vários pontos do mundo. A possibilidade de fecho da RTP2 também está em foco.  

Seis espaços da cidade vão receber 68 filmes portugueses num total de 186 documentários. Até dia 28 há competições nacionais e estrangeiras, homenagens, sessões especiais e uma atenção muito especial às convulsões que se têm registado no mundo. Este ano os desempregados têm desconto na compra do bilhete.

Aceda aqui à programação.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lisbon & Estoril Film Festival vai trazer a Portugal Willem Dafoe e Enrique Vila-Matas

 O festival, previsto de 9 a 18 de Novembro, exibirá em antestreia, por exemplo, “Operação Outono”, de Bruno de Almeida, “Amor”, de Michael Haneke, “The Master”, de Paul Thomas Anderson, e “Passion”, de Brian de Palma, a quem será dedicada uma retrospectiva. 
“Amor”, do realizador austríaco Michael Haneke, a história da relação de um casal idoso, conquistou este ano a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes, cujo júri era presidido por Nanni Moretti. 
A secção competitiva, que se propõe, segundo o dossier de apresentação, dar a conhecer cinematografias de territórios europeus de menor visibilidade, "que de outra forma não chegariam ao grande público", apresenta "Student", de Darezhan Omirbayev, "Sueño y Silencio", de Jaime Rosales, "L'Intervallo", de Leonardo di Constanzo, "Después de Lúcia", de Michel Franco, "Winter, Go Away", dirigido por um colectivo de dez jovens realizadores russos, "Low Tide", de Roberto Minervini, "Der Glanz Des Tages", de Tizza Covi e Reiner Frimmel, "Laurence Anyways", de Xavier Dolan, "Children Of Sarajevo", de Aida Bejic, "Rengaine", de Rachid Djaïdani, e "Avalon", de Axel Petersén. O júri é formado pelo actor Willem Dafoe e pela actriz Fanny Ardant, pelos neurocientistas António e Hanna Damásio e pelos músicos Alfred Bendel (pianista) e Sonia Wieder-Atherton (violoncelista). 
O festival integra homenagens aos cineastas João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, Monte Hellman, Lucretia Martel, e ao crítico Serge Daney. Além de Brian de Palma, também o taiwanês Hou Siao-Shien será alvo de uma retrospectiva. 
O Lisbon & Estoril Film Festival decorrerá de 09 a 18 de novembro, novamente repartido entre a capital e o concelho de Cascais.  
Dirigido pelo produtor Paulo Branco, o festival acontece anualmente desde 2007, no Estoril, tendo-se expandido para Lisboa em 2011. 
O evento tem sido responsável pela antestreia em Portugal de várias produções internacionais e portuguesas e tem convidado personalidades ligadas à cultura. Este ano, uma delas será, por exemplo, o escritor catalão Enrique Vila-Matas.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

The Devil's Double


O corajoso tenente iraquiano Latif Yahia (Dominic Cooper) é forçado a abandonar a sua própria vida para se tornar no duplo oficial do filho mais velho de Saddam Hussein, Uday Hussein (Dominic Cooper), um homem sinistro e sádico que leva uma vida relaxada e recheada de drogas, carros velozes, mulheres fáceis e violência gratuita. Ao concluir que a sua vida está em risco, assim como a dos vários membros da sua família, este bravo soldado decide fazer o que lhe pedem e começa a aprender a agir como se fosse o verdadeiro Uday Hussein, mas nem todos os avisos e lições do mundo o podiam preparar para o horror do estilo de vida deste detestável homem que vai fazer-lhe a vida negra. 
O ator britânico Dominic Cooper é, sem sombra de dúvidas, o grande destaque desta vigorosa cinebiografia de Latif Yahia, um inocente homem iraquiano que durante anos foi forçado a ser o duplo de Uday Hussein, um dos homens mais poderosos e perigosos do Médio Oriente. A dupla performance de Dominic Cooper como Latif Yahia e Uday Hussein é brilhante. O seu irrepreensível desempenho como o moralista Latif e o sádico Uday é digno de registo, mas a nota positiva de “The Devil’s Double” não depende apenas desta magnifica performance, porque esta produção conta com também uma razoável direção de Lee Tamahori e um enredo decente que, apesar de não ser historicamente fidedigno, promove uma série sequências recheadas de intensidade dramática que envolvem a dicotomia entre o desejo de bonança de Latif e o desejo de caos de Uday, duas personagens que ao longo do filme são alvo de uma poderosa mas nada imparcial abordagem psicológica que nos expõem às virtudes do herói e aos defeitos do vilão. A estes aspetos positivos somam vários pontos negativos como o excesso melodramático de certos eventos e a escassez de exatidão e contextualização histórica, mas o pior elemento narrativo deste filme acaba mesmo por ser o dispensável pseudo-romance proibido entre Latif e Sarrab (Ludivine Sagnier), que só serve para desviar a nossa atenção do melhor elemento do filme, ou seja, a relação obsessiva e odiosa entre Uday e Latif. Contudo, convém reforçar a ideia que estamos perante um drama razoável mas com várias falhas relevantes, que nos apresenta uma refrescante perspetiva sobre a vida privada da Família Hussein. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Up - Altamente


Este filme da Pixar, assinado por dois veteranos da casa, Pete Docter e Bob Petersen, não é tão surpreendente como "Wall E", que tinha aquela inesperadíssima espécie de profundidade "teórica" (o analógico e o digital), uma cobertura suave mas acutilantemente "política", e sobretudo aqueles primeiros quarenta e cinco minutos com "música do ruído" no lugar dos diálogos. Mas tem, e torna-o logo claro, semelhante capacidade para enganchar o espectador, pequeno ou grande, jovem ou adulto.
É "para todos" sem que isso implique - como no segredo da Disney - qualquer infantilismo. Pelo contrário, e não nos ocorre melhor elogio a "Up", é mais adulto - e emocionalmente mais sincero, mais genuíno e mais maduro - do que muita coisa que por aí anda, em "live action", a ser vendida aos adultos. É o que lhe permite, por exemplo, começar o filme praticamente com uma morte. Um dos protagonistas é um velhote recém-enviuvado, e uma notável sequência introdutória apanha-o ainda em criança, acompanha-o pelos anos do casamento (há um plano extraordinário e totalmente inesperado, com Ellie, a mulher, no hospital, e sem palavras percebemos que o casal não pode ter filhos) e deposita-o no que afinal será o tempo da "acção". Meia-dúzia de minutos e o que parecia que ia ser a história afinal não é. O procedimento surpreende por várias razões, mas a principal é a delicadeza com que introduz e trata esses temas, o envelhecimento e a morte, tão pouco vistos em filmes deste género. O velhote recebe depois a visita de um escuteiro, um miúdo rechonchudo e desajeitado mas dotado de intermináveis entusiasmo e boa-vontade. Por motivos demasiado complicados de explicar, ver-se-ão a bordo de uma casa voadora (o estratagema dos balões coloridos fornece uma das sequências mais "líricas" do filme, plena de invenção visual) rumo à América do Sul. Encontram animais exóticos, animais comuns (cães de todo o tipo) e um vilão.  Lição de vida, claro, para o velhote como para o miúdo. Talvez embalado por criticas promissoras, devo ter criado expectativas altas de mais para o filme. E este para mim foi uma pequena desilusão. Pequena porque se a primeira parte do filme é muito boa, a partir do momento em que aterram na selva acho que o filme se perde um pouco. Parece que a partir desse ponto foi feito por outras pessoas, um projecto a duas mãos. Não que o filme seja mau. É bom... mas a sua descontinuidade a nivel de qualidade estraga o que parecia poder ser excelente.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Concertos de Domingo-Gulbenkian



7 outubro 2012
Caminus Duo
Joana Vieira, piano
Mikhail Shumov, violoncelo

Duas obras para duo de violoncelo e piano de R. Schumann e Luís de Freitas Branco. A terminar o recital, a música para bailado de S. Prokofiev numa transcrição para violoncelo e piano feita em 1971 por R. Sapozhnikov.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Festa do Cinema Francês


A comédia "Paulette", de Jérôme Enrico, em antestreia mundial, abre hoje, no Cinema S. Jorge, em Lisboa, a Festa do Cinema Francês que apresentará 52 filmes de produção recente, com particular atenção para os movimentos cívicos pela democracia.
A sessão de hoje conta com a participação da atriz Dominique Lavanant, protagonista do filme.
A 13.ª edição decorrerá até ao dia 14 de outubro na capital, seguindo depois para outras cinco cidades portuguesas. Dos 52 filmes a exibir, 20 são em antestreia nacional.
Uma homenagem ao realizador Olivier Assayas e uma retrospetiva do cineasta Jacques Audiard são outras iniciativas do festival apadrinhado pela atriz e cantora Maria de Medeiros.
A organização, a cargo do Instituto Franco-Português, sublinhou que, além das comédias e dramas, da ficção e documentário que tornam o cinema francês "bastante diversificado, mas com identidade forte", a Festa do Cinema Francês estará "atenta às inquietações e à realidade social".
Depois de Lisboa, a Festa do Cinema Francês seguirá, cronologicamente, para Almada, Faro, Porto, Coimbra e Guimarães, estando confirmadas exibições de alguns filmes em Évora, Estarreja, Seixal e Setúbal.
Aceda aqui à programação. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dois portugueses nomeados para o prémio PT de Literatura


Valter Hugo Mãe com a obra 'A Máquina de Fazer Espanhóis' e Gastão Cruz com 'Escarpas' são os dois portugueses entre os 12 finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa.
Foram anunciados hoje os 12 finalistas da 10ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa. Pela primeira vez, os concorrentes foram avaliados e votados separadamente, em três categorias: poesia, romance e conto/cronica.
Os quatro livros finalistas da categoria poesia são: 'Escarpas', do poeta português Gastão Cruz; 'Vesúvio', da brasileira Zulmira Ribeiro Tavares; 'Da arte das armadilhas', de Ana Martins Marques; e 'Junco', do artista plástico também brasileiro Nuno Ramos, vencedor do Prémio Portugal Telecom 2009, com 'Ó'.
Na categoria romance, o estreante Bernardo Kucinski, com seu primeiro romance 'K.' está ao lado do também brasileiro Michel Laub, com 'Diário da queda'; Julián Fuks, com 'Procura do romance' e o português Valter Hugo Mãe, com 'A máquina de fazer espanhóis'.
Para completar a lista de finalistas, quatro escritores de contos: Dalton Trevisan, com 'O anão e a ninfeta'; Sérgio Sant"Anna, com 'O livro de Praga'; João Anzanello Carrascoza, com 'Amores mínimos' e Evando Nascimento, com 'Cantos do mundo'.
Os vencedores serão anunciados em novembro, em São Paulo. O vencedor em cada categoria recebe um prémio de 50 mil reais (19,4 mil euros), assim como o Grande Prémio Portugal Telecom 2012.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Leitores de Mapas: dois séculos de História da Cartografia em Portugal


Organizada no âmbito do IV Simpósio Ibero-Americano de História da Cartografia a exposição apresenta uma ampla retrospectiva sobre os estudos de cartografia antiga realizados em Portugal ao longo dos últimos duzentos anos. É revisitada a obra produzida no domínio da história da cartografia por mais de uma dezena de investigadores portugueses, entre os quais sobressaem os nomes do 2.º visconde de Santarém, Duarte Leite, Abel Fontoura da Costa, Jaime e Armando Cortesão, Luís de Albuquerque e Avelino Teixeira da Mota.

Foram seleccionadas cerca de 80 peças pertencentes aos diversos fundos da BNP, incluindo livros, artigos, manuscritos autógrafos, fotografias, gravuras, atlas e mapas. A exposição ilustra os progressos de um campo do saber ao qual Portugal esteve associado desde a sua génese, nas primeiras décadas do século XIX. Encontra-se organizada em quatro núcleos, correspondentes a períodos definidos por contextos culturais, científicos e político-diplomáticos específicos.

O primeiro núcleo, intitulado O século do visconde, está centrado na extensa série de estudos preparados a partir da década de 1840 pelo diplomata Manuel Francisco de Barros e Sousa, 2.º visconde de Santarém, os quais deram um horizonte disciplinar à própria história da cartografia. O segundo painel estrutura-se em torno do círculo da náutica, designação escolhida para o período de transição do século XIX para o século XX, quando o projecto português para a história da cartografia foi relançado por um grupo de oficiais da Armada que ambicionaram construir um conhecimento científico dos territórios coloniais. Ernesto de Vasconcelos, Fontoura da Costa, Gago Coutinho e Teixeira da Mota revêem-se neste projecto, ao qual a Universidade de Coimbra também aparece associada através de Luciano Pereira da Silva, Duarte Leite e Armando Cortesão.

O terceiro período tratado ilustra a longa permanência de Jaime Cortesão no Brasil, entre 1940 e 1957, determinada por motivos políticos. Designado O exílio do cartólogo, destaca-se aqui a série de cursos sobre história da cartografia política brasileira que Jaime Cortesão leccionou no Ministério das Relações Exteriores do Brasil entre 1944 e 1950. Estes cursos abriram novas perspectivas ao estudo integrado dos mapas e da formação do território brasileiro e representaram a primeira experiência formal de ensino da história da cartografia no mundo. No último painel, chamado Afirmação de uma ciência, tratam-se articuladamente três nomes que deixaram uma marca profunda nos estudos sobre história da cartografia em Portugal na segunda metade do século XX: Armando Cortesão, Avelino Teixeira da Mota e Luís de Albuquerque. Tal como a exposição torna patente, a colaboração entre estes três autores foi decisiva para a maturação de uma consciência epistemológica para esta disciplina iniciada na transição do século XVIII para o século XIX em torno da arte de ler os velhos mapas.

A inauguração da exposição da BNP será acompanhada pela edição de um livro onde se reúne um conjunto de quinze estudos inéditos, assinados por um conjunto alargado de investigadores de distintas especialidades e procedência institucional. Estes estudos permitem realizar uma primeira leitura integrada ao desenvolvimento intelectual da história da cartografia em Portugal. Trata-se de uma edição conjunta do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, do Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa e da Biblioteca Nacional de Portugal.

11 Setembro - 15 Outubro | Sala de Exposições - Piso 3 | Entrada livre
Biblioteca Nacional