quinta-feira, 30 de junho de 2011

Um mês de música e dança no Largo do Teatro de S. Carlos

A interpretação cabe à Orquestra Gulbenkian, dirigida por Martin André, e à cantora Susana Gaspar. Actualmente membro do National Opera Studio, em Inglaterra, esta jovem soprano portuguesa encontra-se entre os cinco cantores, seleccionados entre mais de 300 candidatos, que a partir de Setembro passam a integrar o prestigiado Estúdio Jette Parker, da Royal Opera House de Londres.

Pelo palco ao ar livre do Largo do Teatro de São Carlos, em Lisboa, passarão até dia 31 de Julho 19 espectáculos de acesso gratuito com dez programas musicais diferentes e duas propostas ao nível da dança a cargo da Companhia Nacional de Bailado: Uma Coisa em Forma de Assim, obra criada por nove coreógrafos portugueses com música de Bernardo Sassetti (27 e 28 de Julho) eNoite de Ronda, de Olga Roriz (dias 30 e 31).

No plano musical destaca-se o miniciclo Diálogos, Pianos & Percussão com a participação dos pianistas Artur Pizarro e Vita Panomariovaite e dos percussionistas Elizabeth Davis e Richard Buckley na interpretação da magnífica Sonata para dois pianos e percussão, de Bela Bartók (dia 13) e o diálogo entre Mário Laginha, Bernardo Sassetti e os percussionistas Elizabeth Davis e Pedro Carneiro num programa que inclui a estreia absoluta dePercussionistas IV, peça da autoria dos próprios pianistas.

A Orquestra Gulbenkian, dirigida por Pedro Neves, volta a actuar no dia 2 (com as obras Pulcinela, de Stravinsky, e O Amor Bruxo de Falla) e a Orquestra Sinfónica Portuguesa apresenta ao longo do festival os programas Estrelas e Planetas, Baile Vienense e Noites de Ópera: Grandes Aberturas. Este último complementa a apresentação do dia 19 do Coro do São Carlos dedicada a coros de óperas famosas.

À Orquestra Metropolitana de Lisboa (dirigida por Cesário Costa) cabe a Noite Italiana dos dias 9 e 10 de Julho (com obras de Rossini e Respighi e a Sinfonia Italiana, de Mendelsshon) e as músicas do mundo encontram-se representadas pelo Ensemble Tuva, oriundo da Rússia e especialista no canto difónico, técnica que permite a emissão conjunta de dois sons pelo mesmo cantor (4 e 5 de Julho).

terça-feira, 7 de junho de 2011

Bonecos Estrunfes vivem num regime estalinista e racista

Antoine Buéno é um professor francês que publicou agora um livro "Le Petit Livre Bleu: Analyse critique et politique de la société des Schtroumpfs", onde faz uma análise sobre os bonecos azuis, investigando a história dos Estrunfes, as mensagens subliminares de cada personagem, o dia-a-dia das histórias. No seu estudo, o autor garante ter encontrado vários valores totalitários.
Para o francês, a sociedade dos Estrunfes é "típica de uma utopia soviética", destacando que "cada um se veste da mesma maneira, tem uma casa igual à do seu vizinho, e exerce a profissão mais adequada às suas habilidades, não sendo conhecidos pelo seu nome mas sim pela sua função na sociedade."
Antoine Buéno escreve ainda que os Estrunfes vivem num mundo em que a iniciativa privada não é estimulada, onde as refeições são feitas em comunidade, numa sala partilhada, e, acima de tudo, têm um único líder, não podendo abandonar o seu pequeno país.
"Isto não vos faz lembrar nada? Talvez um regime ditatorial?", questionou o professor, citado pelo "Le Figaro", numa palestra na Universidade Science Po, em Paris, comparando assim o mundo dos Estrunfes ao regime estalinista, onde o pai se veste de vermelho e é parecido com Estaline, e o estrunfe inteligente é a representação de Trotsky.
No seu estudo, o académico dá especial enfoque a um episódio onde os Estrunfes são mordidos por uma mosca que os torna pretos e os deixa mudos, aludindo ao colonialismo.
Estas afirmações não têm sido bem aceites pelos fãs dos bonecos azuis que rejeitam esta nova versão. Na Internet e nas redes sociais as críticas a Antoine Buéno não têm parado e há quem o chame de "destruidor de sonhos."
Ao "The Guardian" o autor explicou que nunca esperou esta reacção do público. "Eu não quero desencantar ninguém. É possível manter uma abordagem infantil e fazer uma abordagem analítica", disse o francês, explicando que toda a sua investigação foi "muito rigorosa e documentada."
"Eu não acredito que Peyo tenha feito de propósito mas a verdade é que inconscientemente estes elementos estão lá."
O filho do criador também já veio a público explicar que o seu pai, Peyo, nunca teve interesse pela política e por isso esta nova versão dos Estrunfes não faz sentido. Ao francês "L'Express", Thierry Culliford disse que não leu o livro de Buéno. "Ele pode interpretar as histórias como ele quiser, mesmo que eu não subscreva essa interpretação, desde que não ataque o meu pai e o seu trabalho."
Peyo morreu em 1992 e foi o seu filho Thierry Culliford quem continuou a escrever as aventuras dos Estrunfes.
Ainda este ano a história dos bonecos azuis com gorros brancos deve chegar aos cinemas, não se sabendo para já muitos pormenores.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

TV On The Radio no deserto com os Tinariwen

À primeira vista pode parecer muito exótico: o grupo de tuaregues do deserto do Sara Tinariwen tem um novo álbum pronto a ser editado - apesar de só sair lá para o final de Agosto -, e nele participam dois dos membros dos nova-iorquinos TV On The Radio, mais exactamente o cantor Tunde Adebimpe e o guitarrista Kyp Malone. E dizemos "à primeira vista" porque, na realidade, os dois grupos têm muito em comum, assentando a sua sonoridade na electricidade das guitarras e em climas e texturas que induzem a uma certa hipnose. Música ritualista, precisamente, concebida num dos casos no deserto e, no outro, na urbe, mas com muitos pontos de contacto. Para os Tinariwen, é mais uma oportunidade de chegarem a novos públicos; para os dois TV On The Radio, será certamente uma ocasião para se inspirarem, numa altura em que estão a recuperar da morte de um dos seus membros (o baixista Gerard Smith) e da frieza com que o novo álbum da banda - "Nine Types Of Light" - tem sido recebido.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Joana Vasconcelos contamina Veneza

A artista portuguesa Joana Vasconcelos ocupa desde quinta-feira o átrio do Palazzo Grassi-François Pinault Foundation, em Veneza, com "Contamination" (2008-2010), uma das obras em destaque na ambiciosa exposição internacional "The World Belongs to You", com curadoria de Caroline Bourgeois. Pensada como radiografia de uma cena artística mundial cada vez mais pulverizada, e cada vez mais organizada em torno de tópicos como a proliferação, a multiplicidade, o nomadismo e a hibridização, a exposição reúne peças de 40 artistas, a maioria das quais expressamente concebida para o espaço do Palazzo Grassi. Caroline Bourgeois destaca a intervenção da artista portuguesa como exemplo "da porosidade e das interacções que inevitavelmente existem entre as culturas num mundo globalizado", considerando "a explosão de componentes e de cores" de "Contamination" um "verdadeiro hino à hibridização". Além de Joana Vasconcelos, participam na exposição artistas como o belga David Claerbout, o japonês Takashi Murakami, a sul-africana Marlene Dumas e o italiano Francesco Vezzoli, entre outros vindos de quase todas as partes do mundo, do Gana ao Iraque, da China à Ucrânia. 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

20 curtas-metragens portuguesas em exibição em Nova Iorque

O Arte Institute de Nova Iorque promove quinta e sexta-feira o primeiro Festival de Curtas-Metragens Portuguesas, exibindo 20 filmes feitos por portugueses residentes em Portugal e no estrangeiro. 
Segundo um comunicado do recém-criado instituto, dirigido por Ana Ventura Miranda, "esta é a primeira vez que um evento deste tipo, envolvendo o cinema português, acontece nos Estados Unidos".
As exibições do Festival de Curtas-Metragens Portuguesas decorrerão em simultâneo em Nova Iorque, nos Anthology Film Archives na quinta-feira, às 18h00, e no Union Square Park (North Pavilion), na sexta-feira, às 19h30. Em Lisboa acontece no Auditório Carlos Paredes, às 22h30, com uma actuação de Noiserv, e no Auditório da Universidade Lusófona, às 21h30.
As curtas-metragens são maioritariamente da autoria de "jovens realizadores já galardoados com prémios europeus importantes ou seleccionados para festivais como Cannes e ÉCU -- Festival de Cinema Independente Europeu (o Sundance europeu)", refere o comunicado do Arte Institute.
Na quinta-feira serão exibidos, simultaneamente em Nova Iorque e em Lisboa, os filmes "A Viagem", de Simão Cayatte, "Vicky and Sam", de Nuno Rocha, "Viagem a Cabo Verde", de José Miguel Ribeiro, "Fotograma 23", de Victor Santos, "Tejo", de Henrique Pina Francisco Baptista, "Quando os monstros vão embora", de Bernardo Gramaxo, "Broken Clouds", de Yuri Alves, e "M.I.R.I.A.M", de Vhils x Orelha Negra Collaboration.
Na sexta-feira vão passar "Alegoria dos Sentidos", de Nelson de Castro e Wilson Pereira, "Dream Factory" e "Muzar", de Pedro Pinto, "A Corrida", de Rui Madruga e Catarina Carrola, "Sinfonia dos Loucos", de Vasco Mendes, "Smolik", de Cristiano Mourato, "O Risco", de José Pedro Lopes, "Cada mulher é um filme de amor", de Henrique Bento, "Algo de bom", de Rui Vieira, "DOC Film", de Cristovão Peças, "Comando", de Patrício Faísca e Sonat Duyar, e "Momentos", de Nuno Rocha.
A actriz Benedita Pereira é a cara deste festival, estando responsável pela sua apresentação em Nova Iorque. A portuguesa está em Nova Iorque a trabalhar e a viver já há muito tempo.
Fundado a 11 de Abril de 2011, o Arte Institute é uma organização sem fins lucrativos que pretende promover a arte e a cultura portuguesas.
Em entrevista à agência Lusa a 27 de Abril, Ana Miranda explicou que decidiu criar esta "espécie de Instituto Camões" para responder à invisibilidade da arte portuguesa nos Estados Unidos e à falta de apoios oficiais.
"Durante dois anos tentei de todas as formas chamar a atenção das autoridades e todas diziam que era uma complicação, era muito difícil de fazer, um projecto megalómano", disse a actriz, produtora, cineasta, jornalista e, mais recentemente, empreendedora cultural.
Assumindo-se como uma montra online para os artistas portugueses, o Arte Institute quer promover "todas as formas" artísticas, resume Ana Miranda, lamentando o "desconhecimento geral" sobre Portugal no seu país de adopção e na cidade pela qual diz estar apaixonada.
"Quando dizem que o Carnaval na tua terra é muito bonito ou [perguntam] de que parte de Espanha é que és, tem graça algum tempo. Ao fim de cinco anos, começa a ter pouca graça", referiu.
A jovem de 33 anos quer mostrar o Portugal "para além do fado" e a qualidade dos artistas portugueses. "Não é que seja muito patriota, tenho é um grande amor aos artistas e às formas de arte. (...) Quero que se veja que podemos ser um país muito pequenino, mas temos muita dinâmica, temos coisas que os outros não têm", considerou na altura.