sexta-feira, 29 de julho de 2011

Portugueses espraiando-se pelos festivais

Como uma rapariga em cada porto, haverá um filme português em cada festival. Em Locarno (3 a 13 de Agosto), Gonçalo Tocha, o rapaz de Balaou, está na secção Cineastas do Presente com uma viagem pelos Açores, o documentário É na Terra, não É na Lua - festival em que Paulo Branco preside ao júri da competição principal. Gabriel Abrantes e Liberdade, filmado em Luanda, em colaboração com Benjamin Crotty, está também no festival suíço, secção Leopardos de Amanhã. 

Sangue do Meu Sangue, de João Canijo, espraia-se por San Sebastian, em concurso (16 a 24 de Setembro), Toronto, secção World Cinema (6 a 18 de Setembro), Rio de Janeiro (6 a 18 de Outubro) e Busan, Coreia do Sul (6 a 16 de Outubro). Em Toronto também, Joaquim Sapinho, com Deste Lado da Ressurreição, secção Visions.

À secção Horizontes do Festival de Veneza (31 de Agosto a 10 de Setembro) Teresa Villaverde leva Swan, com Beatriz Batarda e Israel Pimenta, e, de novo, Gabriel Abrantes, Palácios de Pena. É nesta secção, mais exploratória, que estão novos trabalhos de Jonathan Demme, Pippo Delbono, James Franco (um biopic de Sal Mineo, o companheiro de James Dean em Rebel without a Cause) ou - termo insuficiente para descrever um percurso de recriação de uma autobiografia - o documentarista Ross McElwee.

Veneza, então, a 68ª edição: depois de anunciados os filmes de abertura (The Ides of March, de George Clooney, com ele próprio e com Ryan Gosling) e de encerramento (Damsels in Distress, de Whit Stillman), o programa oficial, competitivo e fora de competição, mostra-se vibrante. Como querendo evidenciar que, pelo menos em 2011, "o" festival é ali, no Lido. 

Eis os filmes que concorrem para o Leão de Ouro, júri presidido por Darren Aronofsky: Tinker, Tailor, Soldier, Spy, de Tomas Alfredson, Wuthering Heights, de Andrea Arnold, Texas Killing Fields, de Ami Canaan Mann, A Dangerous Method, de David Cronenberg - ou os perigos de estar próximo de Carl Jung e Sigmund Freud -,Shame, de Steve McQueen (nova colaboração com o actor Michael Fassbender), Silent Souls, de Aleksei Fedorchenko, Last Day on Earth, de Abel Ferrara, Killer Joe, de William Friedkin, The Exchange, de Eran Kolirin,Alps, de Yorgos Lamthimos, Carnage, de Roman Polanski (adaptação de God of Carnage, de Yasmina Reza com os dois casais em confronto interpretados por Jodie Foster, Kate Winslet, John C. Reilly e Christoph Waltz),Chicken with Plums, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, A Burning Hot Summer, de Philippe Garrel, A Simple Life, de Ann Hui, Faust, de Aleksander Sokurov, Dark Horse, de Todd Solondz, Himizu, do japonês Sion Sono, Seediq Bale, de Wei Desheng (Taiwan), e os italianos Quando la Notte, de Cristina Comencini, Terraferma, de Emanuele Crialese, e L"Ultimo Terrestre, de Gipi.

Fora de competição, destaques para La Folie Almayer, de Chantal Akerman, The Moth Diaries, de Mary Harron,W.E., de Madonna - sobre Wallis Simpson e Eduardo VIII, Contagion, de Steven Soderbergh, Wilde Salomé, de Al Pacino (já deu, em Looking for Richard, uma lição sobre o Ricardo III de Shakespeare, agora é Salomé, de Oscar Wilde). Pacino receberá o prémio Glory to the Filmmaker, pelo seu trabalho como realizador, no qual a organização vê "um original contributo para o cinema contemporâneo", e o italiano Marco Bellocchio receberá o Leão de Ouro de carreira por ser "um dos maiores nomes do cinema moderno".

quinta-feira, 28 de julho de 2011

BES Revelação 2011 distingue Ana de Almeida, Catarina de Oliveira e colectivo de artistas

A edição 2011 do prémio BES Revelação, organizado anualmente pelo Banco Espírito Santo e pela Fundação de Serralves distinguiu três projectos de cinco jovens artistas, dois individuais e um colectivo. Ana de Almeida (1987, Praga), Catarina de Oliveira (1984, Lisboa) e o colectivo de artistas constituído por Gonçalo Gonçalves (1988, Lisboa), Luís Giestas (1988, Vila do Conde) e Almeida e Silva (1981, Lisboa) são os vencedores, anunciou esta quarta-feira a organização.
Segundo o comunicado do BES, o júri, constituído por Ana Anacleto (artista e curadora independente, de Lisboa), Marianne Lanavère (directora do Centro Cultural La Galerie, em Paris) e Manuel Segade (curador independente em Paris) decidiu por unanimidade distinguir estes três trabalhos, escolhidos entre cerca de 70 submetidos a concurso, tendo em conta a qualidade intrínseca de cada projecto e a ambição apresentada e adequação à bolsa de produção.
Os trabalhos, os três com conteúdos, materiais e temas diferentes, vão estar expostos no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, a partir de Novembro, ainda numa data a anunciar, numa exposição comissariada por Ana Anacleto. Juntamente com a possibilidade da exposição, cada projecto irá receber uma bolsa de produção no valor de 7.500 euros, que servirá de apoio à realização dos trabalhos a apresentar no Museu de Serralves.
Ana de Almeida, nascida em 1987, em Praga, apresentou um projecto intitulado "Al Wahda", uma instalação constituída por diapositivos, vídeos e um artigo de imprensa, todos relativos a naufrágios, encalhes e afundamentos de navios. Um dos casos apresentado é um navio que afundou perto do Estoril em 1989 depois de ter sido arrastado por uma tempestade, explica a organização do prémio em comunicado. A artista procura com este trabalho questionar as práticas documentais na arte contemporânea, e a fronteira entre ficção e realidade, propondo uma reflexão sobre uma possível história pessoal e nacional e as possibilidades da sua representação.
Já Catarina de Oliveira, nascida 1984, em Lisboa, apresentou um trabalho, ainda sem título definido, "que consiste num vídeo retroprojetado num acrílico, em que a artista se propõe investigar a criação, nos dias de hoje, de mitologias e sistemas de crença que não sirvam uma agenda de políticas nacionalistas e de territorialização".
O terceiro projecto distinguido, o colectivo de artistas constituído por Gonçalo Gonçalves (1988, Lisboa), Luís Giestas (1988, Vila do Conde) e Almeida e Silva (1981, Lisboa), apresenta um projecto que consistirá no envio, por parte de um dos membros do grupo, de uma fotografia ou algo "photography media related" para os outros dois.
"Após a sua recepção, cada membro do grupo criará um novo trabalho, em resposta aos recebidos e envia-os para os outros dois membros, e assim sucessivamente". O processo começará já a ser posto em prática até um mês antes da inauguração da exposição, período durante o qual darão forma ao trabalho final que será exposto em Serralves.
O prémio BES Revelação destina-se a todos os artistas até aos 30 anos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Desenhos de Kafka reunidos em livro

Para além de escrever, Kafka também desenhava. O público espanhol tem agora a oportunidade de conhecer grande parte desses devaneios ilustrados através do volume que a editora espanhola Sexto Piso lançou este mês, "Dibujos de Kafka".
Apesar de não se saber onde se encontra grande parte do espólio desenhado pelo escritor checo - suspeita-se que parte dele esteja em bancos de Zurique e Tel Aviv -, Niels Bokhove e Marijke van Dorst reúnem a totalidade dos desenhos conhecidos e publicados por Kafka num só volume.
Os autores apresentam uma selecção heterogénea, associando os 41 exemplares desenhados que compõem o livro a fragmentos literários de obras escritas, cartas, diários, apontamentos em cadernos, postais ou outras notas soltas que o seu amigo e biógrafo Max Brod foi conservando.
Os desenhos aparentam ter sido feitos de forma espontânea, sem grande rigor perfeccionista, e revelam-se uma interessante forma de avaliar esteticamente o imaginário do autor. O facto de não se saberem as datas de cada um deles não nos permite avaliar a evolução de Kafka enquanto desenhador.
Kafka tinha interesse assumido em expressar-se desta forma, mas  terá demonstrado a Max Brod o seu desejo de que todo este conjunto de desenhos fosse destruído logo após a sua morte. Pedido expresso que acabaria por ser (felizmente) desrespeitado.

domingo, 17 de julho de 2011

Exposição do Prémio EDP Novos Artistas 2011

Ana Manso. André Trindade. Carla Filipe. Catarina Botelho. Catarina Dias. João Serra. Nuno da Luz. Priscila Fernandes. Vasco Barata 

Nove jovens criadores apresentam as suas obras na exposição do Prémio EDP Novos Artistas 2011, que decorre entre 1 de Julho e 18 de Setembro, no Museu da Eletricidade, em Lisboa.

Estes artistas foram selecionados num total de 408 candidatos que concorreram à 9ª edição deste prémio bienal, que tem por objetivo promover a criação artística e distinguir os valores emergentes da arte contemporânea portuguesa.

O comissariado de seleção foi constituído por Delfim Sardo, Nuno Crespo, comissários independentes, e João Pinharanda, programador da Fundação EDP.

O Prémio EDP Novos Artistas foi instituído em 2000. Joana Vasconcelos, Leonor Antunes, Vasco Araújo, Carlos Bunga, João Maria Gusmão e Pedro Paiva, João Leonardo, André Romão, Gabriel Abrantes são os nomes dos já vencedores, aos quais se juntam duas menções honrosas, Maria Lusitano e Mauro Cerqueira.

Confirmando estas escolhas, por vezes muito precoces, o percurso de cada um deles, como de muitos dos restantes participantes, vem-se afirmando, de modo decisivo, no panorama nacional e internacional.

O Prémio EDP Novos Artistas, no valor de 10.500 mil euros, tem ritmo bienal e é atribuído por um júri internacional. O vencedor da presente edição será anunciado no dia 7 de Setembro, altura em que se apresenta também o catálogo da exposição coletiva.

sábado, 16 de julho de 2011

Palmarés completo do Curtas Vila do Conde 2011


Competição Internacional
Grande Prémio Cidade Vila do Conde: "Boro in the Box" (França), de Bertrand Mandico
Melhor Ficção: "Petit Tailleur" (França), de Louis Garrel
Melhor Documentário: "Get Out of the Car" (EUA), de Thom Andersen
Melhor Animação: "Wakaranai Buta" (Japão), de Atsushi Wada
Melhor Curta Europeia: "Dimanches" (Bélgica), de Valéry Rosier

Competição Nacional
Melhor Filme: "O Nosso Homem", de Pedro Costa
Menções honrosas: "Fratelli", de Gabriel Abrantes e Alexandre Melo, e "Peixe Azul", de Tiago Rosa-Rosso
Melhor Fotografia: Carlos Catalan, por "North Atlantic", de Bernardo Nascimento

Prémio do Público
"Apele Tac" (Roménia/Alemanha), de Anca Miruna Lazarescu

Competição Experimental
"The Pushcarts Leave Eternity Street" (EUA), de Ken Jacobs

Competição Videos Musicais
"Release the Freq" (Noruega), de Kim Holm

Curtinhas (Curtas-metragens para crianças) 
"Ormie" (Canadá), de Rob Silvestri

Take One (Competição de filmes de escola
"Artur", de Flávio Pires
Prémio Onda Curta
"Apele Tac"
"Maska" (Polónia/Grã-Bretanha), dos irmãos Quay

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Lars Von Trier vai ser “persona non grata” no Nimas

 Depois de ter sido "persona non grata" na última edição do Festival de Cannes, de onde saiu banido depois das suas espectaculares (supomos que as tenha proferido para "fazer espectáculo) declarações de amor a Hitler e de ódio anti-semita, o cineasta dinamarquês Lars Von Trier vai ser "persona non grata" em Lisboa, no Espaço Nimas, que lhe dedica um ciclo já a partir de hoje. 

O programa completo do ciclo, que decorre até 7 de Agosto, inclui a exibição da trilogia europeia do realizador ("O Elemento do Crime", "Epidemia", "Europa"), assim como das duas séries de "O Reino" (de 23 a 26 de Julho) e de duas raridades: "The Five Obstructions", a sessão de tortura em cinco capítulos a que submeteu o veterano Jorgen Leth e a que, chegou a noticiar-se antes do escândalo de Cannes, se preparava também para submeter Martin Scorsese (não é um inédito em Portugal, mas quase: foi filme de abertura das Curtas Vila do Conde há uns anos), e "The Boss of It All". 

Também haverá curtas-metragens e outros lados B de uma obra, digamos, cada vez mais fracturante, e que muitos críticos consideram nunca mais ter-se aguentado em pé desde "Ondas de Paixão" (ou mesmo desde "O Elemento do Crime", nos casos de rejeição mais radical), mas o momento mais pedagógico deste ciclo pode mesmo ser "Tranceformer: A Portrait of Lars Von Trier", o documentário de Stig Björkman e Frederik von Krusenstjerna que talvez (não é uma promessa) explique algumas das mais insondáveis derivações da "persona" Von Trier e eventualmente o redima.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

"Petit Tailleur", de Louis Garrel

2011 pode ter o maior número de filmes nacionais a concurso nos 19 anos do Curtas (Vila do Conde), pode ter Spike Jonze e os Arcade Fire, Rodrigo Areias e Tigerman, Pedro Costa e João Pedro Rodrigues - nada disso invalida que, para já, haja um filme que se eleva clarissimamente acima de todos os outros no arranque da competição.
E vem de um actor: Louis Garrel, o novo "menino de ouro" do cinema francês, cuja segunda curta-metragem como realizador, "Petit Tailleur", dá dez a zero a noventa por cento da produção francesa corrente de "tamanho grande" (para já não falar da maior parte da competição já exibida, nacional ou internacional, do Curtas deste ano). De caminho, também mostra que isto do "espírito do tempo" ou se agarra ou não se agarra, e que a Nouvelle Vague não precisa de ser uma influência cristalizada, parada no tempo.

Rodado num luminoso preto e branco, "Petit Tailleur" - "O Costureirinho" numa livre tradução portuguesa - é a história da paixão assolapada, e possivelmente impossível, entre um aprendiz de alfaiate (Arthur Igual) e uma actriz mitómana (Léa Seydoux), ambos perdidos nos labirintos de saberem quem são e o que querem realmente ser.

O que é espantoso é que não há nada de diletante neste filme de actor. Revela um olhar verdadeiramente de cineasta no modo como filma, monta, ritma, gosta das suas personagens; como adequa os meios que tem à história que quer contar; como tem a inteligência de deixar o filme ter a dimensão exactamente adequada (com 45 minutos, é mais uma média-metragem que uma curta). 



quinta-feira, 7 de julho de 2011

Fora de Si- CCB

O presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Mega Ferreira, apresentou o programa do Fora de Si 2011. O festival de Verão inaugura com as músicas do mundo no dia 15 de Julho e prolonga-se até dia 14 de Agosto.
Na sua 5ª edição, o festival Fora de Si, uma parceria entre o Turismo de Portugal e o CCB, apresenta um programa de cinco semanas dedicadas à música, ao teatro, cinema, performance e workshop.
"Entendemos que Julho e Agosto era bom para virar o CCB do avesso", explica Mega Ferreira. O epicentro é a Praça do Museu e a motivação é a cultura emergente dos imigrantes com residência estabelecida em Portugal.
A directora do Fora de Si, Margarida Vieira, afirma que "existem conjuntos de criadores em Lisboa que merecem toda a atenção." Já o Presidente do Turismo de Portugal, Luís Patrão, destaca a "prestigiosa e inovadora" programação que não resulta de uma continuação do ano anterior mas sim "pegar numa folha em branco e começar a escrever".     
Para o dia 16 de Julho, está marcada a actuação da artista cabo-verdiana Lura que promete "um espectáculo realmente especial". Fernando Luís Sampaio, responsável pela programação na música, destaca também o espectáculo de Morcheeba no dia 23 de Julho, que vêm a Portugal apresentar o novo álbum "Blood Like Lemonade". Dissidenten, os "pais" da worldbeat, Couple Coffee, duo brasileiro, Gilberto Gil e Cheikh Lô mereceram igualmente destaque.
António Tavares, que esteve no CCB em 2009 com a ópera "Crioulo", regressa agora com o espectáculo "Jus Soli".
No cinema, José António Fernandes Dias, comissário do ciclo de cinema "Ficheiros da Imigração", realça a existência de 11 filmes, nove dos quais são documentários e dois documentários de ficção. "Jóias Negras do Império", de Anabela Saint-Maurice, "Lisboetas", de Sérgio Tréfaut, "Cidade de Ouro", de Andrey Romashov e "China, China", de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, são alguns dos filmes a ser exibidos.
"Debandada", uma co-produção com o Teatro Maria Matos, é o destaque de teatro na programação.          
Na performance, André Teodósio, em colaboração com Patrícia Silva, apresenta "Egosistema", um jogo definido pelo próprio como uma ode a um "capitalismo com um sistema aberto em que cada um é independente".
Duarte Rato preparou duas instalações: "Quimeroscópio", uma escultura habitável e "Casulo", unidade híbrida móvel cujas peças e materiais são reutilizados.  
Quanto à existência de um festival Fora de Si em 2012, Mega Ferreira e Luís Patrão expressam desejo de continuidade da parceria.  

quarta-feira, 6 de julho de 2011

“Mistérios de Lisboa” nomeado para Prémio LUX do Parlamento Europeu

O filme "Mistérios de Lisboa", adaptação do romance de Camilo Castelo Branco feita pelo chileno Raul Ruiz, é um dos nomeados para o Prémio LUX, atribuído pelo Parlamento Europeu. A obra é a única longa-metragem portuguesa a integrar o lote de dez nomeados para a edição deste ano do galardão europeu. 
"Essential Killing - Matar Para Viver", de Jerzy Skolimowski, "Pina", de Wim Wenders e "Habemus Papam", de Nanni Moretti, fazem também parte da lista de filmes nomeados para o Prémio LUX divulgada durante o Festival Internacional de Karlovy Vary (República Checa).
A lista de nomeados será, posteriormente, reduzida a três filmes. As três obras seleccionadas como finalistas serão projectadas no Parlamento Europeu durante os meses de Outubro e Novembro. A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar em Estrasburgo, França, a 16 de Novembro.
Criado em 2007 para valorizar longas-metragens de origem europeia, contribuindo para a sua visibilidade, o Prémio LUX já foi atribuído a obras como "Do Outro Lado", de Fatih Akin, em 2007, "O Silêncio de Lorna", dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, em 2008, ou "Welcome - Bem-vindo", de Philippe Lioret, em 2009. "O Estrangeiro", de Feo Aladag foi o vencedor da edição do ano passado. A realizadora alemã tornou-se na primeira mulher a ser nomeada e a vencer os Prémios LUX.
Ao contrário de outros prémios, os LUX não atribuem dinheiro aos vencedores. O Parlamento Europeu responsabiliza-se por financiar a legendagem do filme vencedor nas 23 línguas oficiais da União Europeia, distribuir no espaço europeu e a adaptar a versão original para pessoas com deficiência visual e auditiva
"Mistérios de Lisboa" já conquistou inúmeros galardões internacionais, entre os quais a Concha de Prata no Festival de San Sebastián, o Prémio da Crítica na Mostra de São Paulo e o Prémio Louis Delluc. Em Maio conquistou, em Portugal, os três prémios da categoria de cinema nos Globos de Ouro.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Alfredo Jaar- A Hundred Times Nguyen

A exposição de fotografia Cem vezes Nguyen, de Alfredo Jaar, criada em homenagem às crianças nascidas nos campos de refugiados vietnamitas, está patente no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, desde  27 de Maio até 28 de Agosto.
A mostra, de um artista inédito em Portugal, é uma espécie de álbum de recordações da visita de Alfredo Jaar a um campo de refugiados vietnamitas, em Hong Kong, em 1991, onde conheceu a pequena Nguyen Thi Thuy.
Em homenagem às crianças nascidas nos campos de refugiados, e de entre as 1.378 fotografias tiradas durante a sua estada, decidiu publicar apenas o retrato desta menina, repetido cem vezes.
Nascido em 1956 em Santiago do Chile, Alfredo Jaar gosta de fazer perguntas incómodas sobre o mundo complexo em que vivemos, como no caso de Rwanda Project (1994-2000), em que usava imagens de tutsis massacrados que colocava dentro de uma caixa.
Sobre esse trabalho, o filósofo francês Jacques Rancière chegou a comentar: «A imagem estava escondida, mas a caixa trazia escrito o nome e a história da pessoa».
«Jaar mostrava desta forma que aquele milhão de vítimas era um milhão de indivíduos, que não estávamos perante uma massa indistinta predestinada à vala comum, mas diante de corpos com a mesma humanidade do que nós», salientou o pensador francês.
Noutro projecto, intitulado Rushes (1986), onde havia uma imagem de um jovem mineiro brasileiro, Jaar comentava: «Gosto da maneira como ele olha o fotógrafo, me olha, vos olha».
Para Cem vezes Nguyen (1994), Alfredo Jaar fotografou Nguyen Thi Thuy cinco vezes, com cinco segundos de intervalo entre cada imagem.
O resultado é uma situação triangular entre o autor, o objecto do trabalho - a menina vietnamita - e o público, sendo o fotógrafo mediador desta transmissão da realidade.
Esta exposição resulta de uma parceria entre o Museu Berardo e o evento PhotoEspanha 2011, que decorre entre 1 de Junho e 24 de julho em Madrid, este ano com comissariado geral de Gerardo Mosquera, sucessor do português Sérgio Mah.
A PhotoEspanha mostrará novamente obras de alguns dos melhores artistas do mundo - reunidos sob o tema Interfaces: retrato e comunicação - como Cindy Sherman, Thomas Ruff, Ron Galella, Alfredo Jaar, Hans-Peter Feldmann, Dayanita Singh, Kan Xuan e Nancy Burson.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

«One after another, a few silent steps»

Uma exposição retrospectiva sobre Pedro Cabrita Reis, com cerca de 300 obras desde os anos 1980 até à actualidade, e ainda alguns objectos inéditos, inaugurou hoje, às 19:30, no Museu Berardo, em Lisboa.


«One after another, a few silent steps» é o título desta retrospetiva que desde 2009 está em itinerância pela Europa, tendo já passado pela Kunsthalle de Hamburgo, na Alemanha, pelo museu Carré d´Art de Nîmes, em França, e pelo museu M de Lovaina, na Bélgica.

Esta mostra encerra a itinerância na capital portuguesa, cidade onde Pedro Cabrita Reis nasceu, em 1956, e onde reside e trabalha, ficando patente no Museu Berardo até 02 de outubro de 2011.

domingo, 3 de julho de 2011

Five Rings - Orla Barry & Rui Chafes

Five Rings apresenta-se como um percurso através de uma sequência de palcos que nos conduzem até um espaço de memória ficcional. A exposição tem lugar nas salas mais escuras do Museu Coleção Berardo.
O intimismo e a total ausência de luz natural foram o que atraiu Orla Barry e Rui Chafes a estes espaços. Desta forma, evitam as grandes e luminosas salas de exposição, criando um espaço de intimidade e de natureza artificial. Os artistas colaboraram em 2001, sendo esta a segunda vez que trabalham juntos.
Poderia dizer-se que esta colaboração se desenvolveu ao longo dos últimos 10 anos. Os artistas conseguiram assim produzir atmosferas que dão forma, se complementam e agem como paradoxos umas em relação às outras, numa única obra total. O visitante pode ouvir vozes que falam sobre memória perdida, memória sem imagens, a memória retida por pedras negras. Num outro palco colorido é possível apreciar a voz ribombante do futuro ao recordar-se dos dias antes do fim. A arte não é um acontecimento natural: é a mais artificial das existências. Nesta exposição, uma nuvem artificial articula os seus mais íntimos segredos.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

KIDS

A partir de um texto de dramaturgia europeia contemporânea, nunca estreado em Portugal – “Kids” (2002), do autor francês Fabrice Melquiot - o encenador e pedagogo João Mota dirige, na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, o exercício de fim de curso de finalistas da licenciatura em Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema. Um grupo que integra alunos do ramo de Actores, bem como dos ramos de Design de Cena, Dramaturgia e Produção.
O objecto cénico resulta assim de uma criação teatral que em tudo se assemelha ao trabalho num contexto profissional e artístico para o qual estes licenciandos em Teatro se habilitam. Uma realização que é fruto, uma vez mais, do protocolo que o TNDM II mantém com a ESTC, numa sinergia que nos recorda e concretiza o nascimento gemelar que presidiu à fundação de ambas as instituições, sob a égide tutelar de Almeida Garrett.