sábado, 31 de outubro de 2009

Noite de sábado na RTP2


Esta noite na RTP2 revi dois grandes filmes:Persepolis e O Amante. Enquanto a maior parte assistia à euforia futebolística da disputa pelo primeiro lugar no campeonato português, eu preferi a excelente programação da RTP2. Também sou fã de futebol mas era impossivel resistir a duas grandes obras cinéfilas.
Persépolis é a história de uma menina que cresce no Irão durante a Revolução islâmica, a história autobiográfica de Marjane Satrapi, que já dera origem a quatro livros de banda desenhada. É através dos olhos da destemida Marjane, de nove anos, que é vista a esperança de um povo ser destruída quando os fundamentalistas tomam o poder, forçando as mulheres a usar o véu e prendendo milhares de pessoas.
Inteligente e extrovertida, Marjane consegue, mesmo apesar das proibições, descobrir a cultura punk, os Abba ou os Iron Maiden. Mas quando o tio é cruelmente executado e as bombas começam a cair sobre Teerão durante a Guerra com o Iraque, o medo começa a ganhar forma. E a ousadia de Marjane torna-se uma preocupação para os pais que acabam por tomar a difícil decisão de a enviar para uma escola na Áustria. Aí, sozinha, Marjane é confundida com o fundamentalismo religioso, exactamente aquilo de que fugiu do seu país. Mas, com o tempo, acaba por ser aceite. Quando termina o liceu, Marjane decide regressar ao Irão, mas aos 24 anos percebe que não pode continuar a viver no seu país, que trocará pela França, numa decisão cheia de optimismo face ao futuro.
Um filme comovente, trágico e ao mesmo tempo cheio de humor, sobre a ignorância, a intolerância e a forma como há pessoas que continuam a lutar contra as suas consequências e por fazer a diferença. Distinguido com o Prémio do Júri no Festival de Cannes, o filme foi candidato ao Óscar de melhor longa-metragem de animação e, entre outras distinções, ganhou o Prémio do Público nos festivais de São Paulo e Roterdão e foi considerado o Melhor Filme de Animação pelo círculo de críticos de Nova Iorque e Los Angeles.

Baseado no romance homónimo de Marguerite Duras, O Amante é uma sofisticada adaptação das suas "memórias de juventude" que transborda de paixão. Com uma interpretação primorosa e uma fotografia admirável, "O Amante" capta de forma brilhante a essência do despertar sexual e do desejo proibido.
Jane March é fascinante no papel de uma pobre adolescente francesa que na década de 1920 conhece um importante e abastado diplomata chinês (Tony Leung) durante uma travessia do rio Mekong. Fascinada pela riqueza e elegância dele, a jovem deixa-se levar pela vertigem do amor e os dois envolvem-se numa relação clandestina e tórrida. Mas se os amantes conseguem ultrapassar as diferenças de idade, raça e classe, a sociedade colonial francesa da Indochina jamais permitirá que se ultrapassem as diferenças culturais.
E porque nem tudo é futebol, dois belos filmes numa noite só!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Huis-Clos


Três cadeiras no palco, como aquelas em que nos sentamos quando estamos numa sala de espera. Na verdade estamos mesmo à espera que o ensaio comece. Além das cadeiras, só os tripés de luz povoam o espaço cenográfico. É tudo muito simples e também não adianta ficar com a expectativa de muita acção, porque neste "Huis-Clos" da Mala Voadora quem percorre a sala de teatro, age e sua é o texto do filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre (1905-1980).
O encenador Jorge Andrade explica-nos que neste trabalho aposta mais no texto do que na representação em si. Não há movimento. "Estamos livres da acção. O interlocutor de cada personagem é o público". As três personagens - Garcin (Jorge Andrade), Inês (Sílvia Filipe) e Estela (Anabela Almeida) - não se olham quando falam umas com as outras e só se movem para rodar de lugar nas três cadeiras. O texto de Sartre aqui é "tratado como objecto". A proposta é que o "público construa as imagens", continua jorge andrade: "A peça funciona como um jogo de espelhos, e por isso optámos por não ter acção cénica. Acho que iria diminuir o potencial implícito no texto". De resto, as personagens "descrevem as acções que vêem na Terra e as suas próprias acções", ali no inferno.
O texto de Sartre sublinha até que ponto a nossa identidade é construída a partir dos outros. "São os outros que nos constroem. Eu serei provavelmente uma coisa diferente para uma pessoa do que serei para outra", diz o encenador. É provavelmente por isso que está presente nesta peça uma personagem estrangeira ao contexto francês, supõe o encenador. Garcin é um jornalista do Rio de Janeiro, um pacifista que foge para o México quando uma guerra explode no seu país.
Estão mortos e a sala onde os encontramos é o inferno. Podia não ser uma sala, e podia nem sequer ter um tecto. Afinal, é aqui que garcin pronuncia uma das mais famosas frases de Sartre, e de todo o existencialismo: "o inferno são os outros".

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Lucca



Antes de sair de casa, encontrei a minha Luka assim...aposto que ela queria vir comigo. Ou então não, talvez quisesse apenas atrasar-me, ou simplesmente tirar uma soneca em cima da minha mala.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Sede

Beber água para afogar a sede,
Leve. Tão leve a água quanto a sede.
Porque não chamar a sede pelo seu significado?
Será menos complicado!
Tenho sede, dizemos antes de beber.
Tinha vontade de algo que me apetecia,
Deviamos dizer depois de beber.
Quero água! Querer...Vontade em beber água.
Dás-me um copo de água?
Dás, porque água não se nega a ninguém.
Vai e vem a vontade
Bebo água e bebo-te o tempo.
Deixas-me entrar em vai e vem
Se damos água, damos de beber a alguém
Alguém com sede, vontade e apetite.
Depois, vai e vem,
Foi e já não vem...
E o copo de água que me deste tem limite?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ALMA AFRICANA-Colecção de Arte Africana de José Berardo


Comissariada por Geert Bourgois, Professor de História de Arte e de Arte Não-Europeia na Universidade de Antuérpia (Bélgica) e curador ad hoc da Colecção Africana no Museu Monte Palace (Funchal, Madeira), propriedade da Fundação Berardo, esta mostra reúne mais de 1000 peças, divididas em três secções fundamentais: Arqueológica, Etnográfica e Contemporânea. “As obras que integram estas colecções fazem-me lembrar que há outros povos, outras maneiras de estar e outros modos de expressão. Dão-me acesso a outros mundos”, destaca José Berardo.



Pateo da Galé Terreiro do Paço 27 Outubro a 7 Fevereiro
11h e as 19h Encerra à Segunda Entrada livre ao Domingo e à Quarta-feira

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nostalgia




Ora aqui está o clássico dos clássicos. Dartacão marcou gerações com a ajuda dos seus amigos Moscãoteiros e do seu grande amor, a bela Julieta.

sábado, 24 de outubro de 2009

DocLisboa 2009 - Os vencedores



Segunda realização do repórter de imagem da SIC Jorge Pelicano, após Ainda Há Pastores?, Pare, Escute, Olhe debruça-se sobre o destino da linha ferroviária do Tua e foi o vencedor da Competição Portuguesa, recebendo os prémios de melhor longa-metragem e melhor montagem, e ainda o Prémio Escolas atribuído por um júri de alunos liceais.
Na Competição Internacional, o Grande Prémio de Longa-Metragem coube a Petition, onde o chinês Zhao Liang acompanha os habitantes da "aldeia das petições", um bairro improvisado em Pequim onde se aglomeram as centenas de pessoas que vêm à capital tentar que os serviços governamentais anulem decisões judiciais ou municipais corruptas ou injustas.
A melhor primeira obra foi October Country, sobre uma família disfuncional de classe trabalhadora do estado de Nova Iorque baseado nos ensaios fotográficos do filho mais velho, Donal Mosher, que é igualmente co-autor do filme com Michael Palmieri. Um júri de alunos universitários atribuiu o Prémio Universidades a Hasta la Victoria, onde os suíços Chris Guidotti e Massimo Besomi acompanham alguns meses na vida de um casal de médicos cubanos dividido entre Havana e a Suíça.
Também na Competição Internacional, a melhor média-metragem foi Mirages, do francês Olivier Dury, e a melhor curta-metragem 10 Min, do belga Jorge León. Foi ainda premiada, na secção paralela Investigações, a longa da cineasta russa Aliona Polunina The Revolution that Wasn"t.
Para lá de Pare, Escute, Olhe, a Competição Portuguesa premiou também as curtas-metragens Passando à de Zé Marôvas, de Aurora Ribeiro (melhor curta), e Entrevista com Almiro Vilar da Costa, de Sérgio Costa (menção especial do júri).
Os vencedores do festival foram anunciados numa conferência de imprensa que teve lugar no Pequeno Auditório da Culturgest ao fim da tarde de hoje, com o verde como mote em homenagem aos recentes acontecimentos no Irão, com Serge Tréfaut, director do festival, e muitos dos jurados em palco usando cachecóis daquela cor.
O Irão esteve este ano em particular foco no festival, não apenas através de uma selecção de produções recentes do e sobre o país mas também graças à presença no júri da Competição Internacional da cineasta iraniana Hana Makhmalbaf.
Os filmes premiados são amanhã exibidos de novo na Culturgest. No Grande Auditório, passam Pare, Escute, Olhe (16h30), The Revolution that Wasn"t(18h30), Petition (21h00) e October Country (23h00); o Pequeno Auditório recebe 10 Min e Mirages (ambos 22h30).

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Há pormenores e pormenores!!!


É um pormenor tão invisível que poderia ter passado despercebido para sempre. Uma impressão digital no canto superior esquerdo do quadro Jovem em Perfil com Vestido Renascentista parece indicar que a obra, até aqui identificada como "Escola alemã, início do século XIX", pode ser de Leonardo da Vinci, revelou a publicação especializada britânica Antiques Trade Gazette.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Juro que eu não sabia desta!!!


Um homem, de 55 anos, residente em Manteigas, desapareceu sem deixar rasto, em 2005, mas a Polícia Judiciária da Guarda concluiu agora que terá sido "barbaramente assassinado" em casa, tendo recolhido diversas provas que indiciam a sua mulher da autoria de um crime de homicídio qualificado.
Parco em pormenores, Artur Vaz, coordenador do Departamento de Investigação Criminal (DIC), apenas confirma que "o corpo da vítima nunca foi encontrado, nem as armas do crime". Acrescentou que o caso está no Ministério Público da Comarca da Guarda, a quem cabe deduzir a acusação contra a arguida.
Segundo um comunicado da PJ, a investigação foi «complexa» e envolveu inclusivamente o último grito das técnicas forenses disponíveis no Laboratório de Polícia Científica. "Foi possível recolher diversos elementos de prova material que indiciam fortemente que a vítima foi barbaramente assassinada no interior da sua residência pela sua esposa, que, para o feito, utilizou um instrumento contundente ou corto-contundente, acabando depois por se desfazer do cadáver e por limpar a habitação", diz a PJ.
Ainda de acordo com a Judiciária, apesar de casados, Luís Almeida Leitão e a mulher "viviam separadamente, em andares diferentes e autónomos do mesmo edifício", em Manteigas, onde exploravam o café-restaurante 'Glaciar'.
Em Setembro de 2005, a tese do homicídio foi logo a mais consistente. Então, Luís Almeida Leitão apresentara queixa na GNR por agressão em meados desse mês após ter encontrado a mulher na cama com outro homem. Quanto ao desaparecimento do corpo, os manteiguenses especularam que teria sido queimado num forno, servido como comida para os porcos ou mesmo levado e enterrado na serra.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A polémica e o novo livro de Saramago


José Saramago afirmou que "a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana". O escritor considerou o conceito de inferno "completamente idiota"
Sobre o livro "Caim", apresentado dia 19, o escritor defendeu que "na Igreja Católica não vai causar problemas porque os católicos não lêem a Bíblia". Mas admitiu que poderá gerar reacções entre os judeus.
"A Bíblia passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável. É uma loucura!", criticou, em Penafiel, numa entrevista à agência Lusa, o Nobel da Literatura de 1998, para quem não existe nada de divino na Bíblia, nem no Corão.
"O Corão, que foi escrito só em 30 anos, é a mesma coisa. Imaginar que o Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos!" afirmou.
Sublinhou que "as guerras de religião estão na História, sabemos a tragédia que foram". E considerou que as Cruzadas são um crime do Cristianismo, porque morreram milhares e milhares de pessoas, culpados e inocentes, ao abrigo da palavra de ordem "Deus o quer", tal como acontece hoje com a Jihad (Guerra Santa). Saramago lamenta que todo esse "horror" tenha feito em nome de "um Deus que não existe, nunca ninguém o viu".
"O teólogo Hans Kung disse sobre isto uma frase que considero definitiva, que as religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros. Só isto basta para acabar com isso de Deus", afirmou.
Criticou também o conceito de inferno: "No Catolicismo os pecados são castigados com o inferno eterno. Isto é completamente idiota!".
"Nós, os humanos somos muito mais misericordiosos. Quando alguém comete um delito vai cinco, dez ou 15 anos para a prisão e depois é reintegrado na sociedade, se quer", disse.
"Mas há coisas muito mais idiotas, por exemplo: antes, na criação do Universo, Deus não fez nada. Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê. Fê-lo em seis dias, apenas seis dias. Descansou ao sétimo. Até hoje! Nunca mais fez nada! Isto tem algum sentido?", perguntou.
"Deus só existe na nossa cabeça, é o único lugar em que nós podemos confrontar-nos com a ideia de Deus. É isso que tenho feito, na parte que me toca".

Convento na estrada

É longe.
Tão longe quanto espiritual.
Como tarefa de monge que lá longe no seu retiro espiritual
Aquece o corpo com rezas que evitam o frio.
O som de um suspiro tem gosto a barriga de freira
Cozida em forno de aldeia.
Queima os dedos à primeira fornalha
E a língua da impaciente canalha.
A canalha cresce com dedos doridos e língua queimada
E caminha rápido ao longo da estrada
Os que não queimam a língua, porque pacientes beberam água
Falam e eternizam a grande caminhada que escolheram.
Não em debandada, mas como freira sentada
Que aprecia doce de marmelada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Uma questão de nome, ou nomes...

Em Cabo Verde, as pessoas costumam ter dois nomes, o de casa e o da igreja. As vezes os dois nomes são o mesmo, outras não. O nome de casa será como um apelido, nome pelo qual somente as pessoas mais próximas conhecem a pessoa. Já o nome de igreja é o nome oficial, o dos documentos, o que os professores chamam na escola. Algumas pessoas apresentam-se aos outros pelo nome de casa mesmo, outras não. Depois, por vezes torna-se complicado(pelo menos para mim) falar das pessoas. Andava há semanas a tentar explicar à Georgy, neste caso à Fuca, ao Sérgio, o pai Muxim, e à Margarida, a Nha Pomba, que encontrei em Lisboa a Ermelinda, que dizia ser sobrinha de Muxim e de Nha Pomba e prima da Fuca. Mas com o nome da Igreja foi impossível eles perceberem quem era a Ermelinda. Só depois de saber o nome de casa dela é que todos descobriram de quem eu falava e gritaram em uníssono: "Avé Maria... È Nha Tota!!!"

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sei lá...a vida tem sempre razão (Se hoje fosse uma música seria esta)

(Le Bourgeois Experimental, de Mito Elias)


"Tem dias que eu fico pensando na vida

E sinceramente não vejo saída.

Como é, por exemplo, que dá pra entender:

A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,

Porque não há nada sem separação.

Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.

Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

A gente nem sabe que males se apronta.

Fazendo de conta, fingindo esquecer

Que nada renasce antes que se acabe,

E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora.

A hora do sim é o descuido do não.

Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.

Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão."


Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes

domingo, 18 de outubro de 2009

Alianças de sangue

Pânico em confusão familiar
Reunião da união de dois contactos humanos
Dois contactos vezes outros tantos contactos
Multiplicados pelos membros e fetos de cada geração.
União familiar paternal
Todos enraizados anualmente e na diagonal
Saudações.Conclusões.Limitações.
Saúda-se o conhecido,
Conclui-se o incompleto,
Limita-se o infinito,
Produzem-se equações fraternais.
Na janela que sobe as escadas do velho jardim
Voam tagarelices engalfinhadas.
Galinhas suspensas no ar
Adormecem atormentadas pelo humano cacarejar.

sábado, 17 de outubro de 2009

Saturday night


Encontrei um texto que justifica a minha escolha pelo Jamaica de cada vez que saio à noite:

"Lisboa, Cais do Sodré, Jamaica, 1975. - Mário Dias tem 23 anos e é convidado para pôr música. A rádio estava-lhe no horizonte e aquele era o passaporte ao seu alcance. Num ápice, desenhou a fundo o rosto do clube nocturno. Na época quente do pós 25 de Abril permitiram que a cabine de som transmitisse em directo as mensagens que queria passar. O microfone era tão utilizado como os pratos para os discos. A discoteca era o ponto de encontro das várias alas de esquerda, gente nova, entre os 18 e os 30, a sonhar ou a trabalhar nos jornais, no cinema, na música, nas artes. «Lembro-me do Eduardo Prado Coelho ter chegado a escrever que aquilo era a jamaicização da esquerda portuguesa», conta Mário Dias. «A malta sabia ao que ia. O espaço não era grande e as relações de amizade eram enormes», continua, tendo consciência que o que fez no Jamaica até 1987 era impensável nos dias de hoje. A música tinha uma linha perfeitamente definida. Música maioritariamente portuguesa, popular e rock, muito blues e reggae também, algum punk e new wave. «Nada de disco sound. Não passava nada que fosse mainstream, só o que era novo e bom. O lixo não entrava ali», lembra sem saudosismos. Até porque, quando tem vontade de sair à noite, é ao Jamaica que continua a ir. Sente-se lá bem e volta à cabine. Foi sempre assim. Mas agora há uma razão mais forte para o fazer. Bruno, o actual DJ residente do clube do Cais do Sodré, é o seu filho mais velho. «Estas coisas passam de geração em geração. Os miúdos que lá vão hoje costumam dizer ao Bruno que a mãe ou o pai me conhecem...»


In Público

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DocLisboa 2009


Arranca hoje o Festival Internacional de cinema em Lisboa. Serão 11 dias a mostrar histórias de amor e música, mas também dos Balcãs e do Irão. Destaque para a homenagem a Pina Bausch, a retrospectiva de Jonas Mekas e o debate internacional sobre serviço público de televisão.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Maitê Proença ridiculariza portugueses


A actriz Maitê Proença resolveu mostrar a sua falta de educação e de respeito, ridicularizando Portugal e os Portugueses num vídeo particular que fez quando esteve no nosso país.
Não satisfeita com a sua estupidez, resolveu depois divulgar o vídeo através da televisão na companhia de quatro amigas,também elas com uma educação igual ou menor à da autora do vídeo.
Como se pode constatar no vídeo, para além das inúmeras asneiras que diz sobre factos históricos de Portugal, o que demonstra a sua enorme burrice e ignorância, também não se percebe o que é que esta “senhora” tem na cabeça para se ridicularizar dessa maneira. Sim, porque quem faz a maior figura de parva é ela mesma.
A afirmação de que enviou um mail a dizer que não podia mandar mails(quê?) e aquele toque final do cuspo num monumento histórico português são a demonstração final para saber o quão burra ela é.
A verdade é que a sua atitude demonstra, entre outras coisas, um enorme e mal disfarçado complexo de colonização. Deve ser frustrante vir a Portugal e perceber que afinal os portugueses já não são o estereótipo do comerciante gordo e careca ou a “Maria” com bigode.
Pelo menos assim conseguiu esquecer temporariamente os imensos indicadores de desenvolvimento humano e social em que o Brasil se encontra a anos-luz atrás de Portugal.
Felizmente não se pode confundir o povo brasileiro e o Brasil com as atitudes desta actriz.

Lamento muito dizer, mas talvez seja por isso, e porque o acordo ortográfico custa a chegar cá, que nos custa a entender a finalidade de gozar, descaradamente, com um País com séculos de existência. Estas ditas "figuras públicas" deviam revelar um pouco mais de inteligência perante um povo que as recebe sempre de braços abertos. Mas valorizar assim tanto uma qualquer Maitê Proença seria desvalorizar a história de um povo que "já por cá anda há tempo demais"... Até tinha esta actriz em boa consideração mas de facto o video mostra aberrações do príncipio ao fim e muito pouca consideração por um povo a quem os brasileiros chamam irmão. A última cena, então, é decadente vinda de uma pessoa já com alguma idade. E a forma como ela está sentada durante o programa com as amiguinhas!!! Decadente demais...Enfim...

domingo, 11 de outubro de 2009

Raiz di Polón


Fortaleza, capital do Ceará recebe o espectáculo "Ruínas", da companhia cabo-verdiana de dança, Raiz di Polón, co-fundada pelo coreógrafo, intérprete, cenógrafo, e produtor José Emanuel Brandão.

"Ruínas" foi galardoada com a medalha de prata na categoria "Dança de Criação e de Inspiração Tradicional" em Dezembro do ano passado nos V Jogos da Francofonia em Niamey, Níger.

sábado, 10 de outubro de 2009

Anos 70 - Atravessar Fronteiras


A produção artística portuguesa dos anos 70, época que, naturalmente, espelha as preocupações e modificações do país revolucionário da altura está patente até 3 de Janeiro de 2010 no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, em Lisboa.
São cerca de 90 artistas portugueses e obras que retratam uma importante época de produção artística caracterizada por muita experimentação e influenciada pelas mudanças sociais e politicas da altura. A exposição, comissariada por Raquel Henriques da Silva, mostra a grande diversidade de abordagens estéticas e formais e utilizações de suportes que variam desde as tradicionais pintura e escultura à fotografia, filme, performance e instalação.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Hoje é noite de concerto


"Ô Carolina isso é muito natural
Ô Carolina eu preciso de você
Ô Carolina eu não vou suportar não te ver
Carolina eu preciso te falar
Ô Carolina eu vou amar você..."

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Festival do Cinema Francês

Começa hoje a festa do Cinema Francês que se prolonga até dia 10 de Novembro. Agnès Varda, Jane Birkin, Jeanne Balibar e Agnès Jaoui são alguns dos muitos nomes fortes do cinema francês que visitarão Portugal nos próximos dias.
A Festa do Cinema Francês é promovida pelo Institut Franco-Portugais, pela Embaixada de França e pela Alliance Française, e decorrerá em Lisboa (7 a 19 de Outubro), Almada (13 a 18 de Outubro), Porto (20 a 25 de Outubro), Guimarães (22 a 25 de Outubro), Faro (28 de Outubro a 1 de Novembro) e Coimbra (4 a 10 de Novembro).
O programa pode ser visto em www.festadocinemafrances.com

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Estado de Guerra


"Estado de Guerra", é considerado um dos melhores filmes de guerra dos últimos anos. A realizadora, Kathryn Bigelow, 57 anos, natural dos arredores de São Francisco, estudou no Instituto de Artes da Califórnia, venceu uma bolsa do museu Whitney, foi aluna de Susan Sontag, participou em filmes feministas e performances conceptuais, estudou semiótica, fez um mestrado em crítica. O filme é realista, sem exageros e sem grandes eufemismos. Quase que se confunde com um documentário, sem heroís nem bandidos, apenas com homens que tentam perceber o que os move num cenário de guerra, sem intuito de apontar dedo a responsáveis. Eu gostei...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O meu Feriado

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Paty:Vamos de tractor?
Susy:Malucas!
Bé e Mónica:Para ti é maLUKAS. maLUKAS.



domingo, 4 de outubro de 2009

Chuva tropical

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Acordei já assim...com umas saudades estúpidas de tomar um bom banho de chuva na cidade da Praia. Mesmo que por ali a chuva suje, mesmo que fique terrivelmente suja depois da chuva. Ai, sabia-me tão bem sujar-me num bom banho de chuva.

sábado, 3 de outubro de 2009

Copo de leite

Estava sentada frente a um homem num restaurante lisboeta. A cor da sua pele era escura. Não consegui comer. Levantei-me três vezes para ir à porta respirar. Ele entrou com o cabelo molhado pela chuva. Perguntei-lhe o que queria beber. "Um copo de leite", respondeu-me. O leite do copo contrastava com a sua pele escura. Nos seus lábios a cor da minha pele era sugada bem devagar. Bebia tranquilamente. "Que queres perguntar-me?", disse-me baixinho. "Vim até aqui para que me digas quem eu sou. Espero uma resposta." E ele diz-me:" Ninguém sabe quem é. Deus não tem cara mas eu acredito nele. Contudo não sei quem ele é. É assim. Achas que te posso beijar agora ?" Levantamo-nos ao mesmo tempo. Beijamo-nos. Em qualquer parte do mundo alguém beija também, alguém ama pela primeira vez. Nenhum de nós diz nada. "Sabes o que diz a minha avó?" Foi ele a quebrar o silêncio. "O quê?", pergunto-lhe. "Beber leite é como beijar alguém de pele clara." E ri-se. Sinto-me estremecer. Arrependo-me e beijo-o novamente. "Continuas tão mentiroso como sempre." Sussuro-lhe ao ouvido. "Estás bem?", pergunta-me segurando a minha cara. "Estou bem." Ouço-o rir ao dizer:" Isso é coisa que se diga a um amigo?" "E tu a mim?", respondo. "Embaraças-me", diz-me a sorrir. Repito "E tu a mim", mas agora sem interrogação. "Telefona-me", pede-me ao afastar-se. Eu digo-lhe que sim, mas sei que não o farei, mesmo sabendo que só consigo beber leite com chocolate.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Veneza 2009


-Leão de Ouro, melhor filme: "Lebanon", de Samuel Maoz
-Leão de Prata, melhor realização: "Shrin Neshat, "Women without Men"
-Prémio Especial do Júri: "Soul Kitchen", de Fatih Akin
-Taça Volpi para a melhor interpretação masculina: Colin Firth, "A Single Man", de Tom Ford
-Taça Volpi para a melhor interpretação feminina: Ksenia Rappoport, "La Doppia Ora", de Giuseppe Capotondi
-Prémio Marcello Mastroianni para um jovem actor emergente: Jasmine Trinca, por "Il Grande Sogno", de Michele Placido
-Melhor Cenografia: Sylvie Olivé, por "Mr. Nobody", de Jacob Van Dormael
-Melhor Argumento: Todd Solondz, por "Life During Wartime", de Todd Solondz


Fora do palmarés principal foram ainda entregues os prémios Leão do Futuro, para uma primeira obra: "Engkwentro", de Pepe Diokno; prémio FIPRESCI, para um filme em competiçao: "Lourdes", de Jessica Hausner; Queer Lion Award: "A Single Man", de Tom Ford; prémio do público Regione del Veneto para o cinema de qualidade: "Tehroun", de Takmil Homayoun Nader.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Edição manga de Mein Kampf de Hitler motiva polémica



O livro já saiu em Novembro do ano passado, mas só agora, mais de 50 mil exemplares vendidos depois, é que a polémica se instalou no Japão. Em causa está a publicação, em versão manga, do livro de Adolph Hitler, Mein Kampf (A Minha Luta, 1924), numa colecção da East Press, que tem dado também a ler, por via deste popular meio de divulgação naquele país, "grandes clássicos da literatura universal pouco conhecidos do público japonês", como referiu o editor Kosuke Maruo, citado pela Efe. E acrescenta ter sido sua intenção, ao editar Mein Kampf, que "um livro tão famoso como este esteja acessível para que as pessoas o leiam mais facilmente". "Não queremos fazer a apologia de ideias que sabemos terem conduzido a uma tragédia; queremos apenas que cada pessoa forme a sua opinião", acrescentou Kosuke Maruo.
Mas é isso que actualmente discutem muitos dos leitores e participantes no debate na internet: uns vêem nesta edição em BD, cuja audiência tem sempre muitas crianças e jovens, uma forma de condicionar e (de)formar o seu pensamento; outros acham que é bom poder conhecer a fundamentação teórica do nacional-socialismo e do nazismo para evitar repeti-lo.
O que é verdade é que, com esta edição manga, o livro e as ideias de Hitler estão a chegar a muito mais leitores do que aqueles que se interessariam por eles se se tratasse de uma edição normal. Também é verdade que uma edição anterior, O Capital, de Karl Marx, na mesma colecção, atingiu os 120 mil exemplares vendidos, bem mais do que A Metamorfose, de Kafka, ou O Mercador de Veneza, de Shakespeare.
Mas o que agora está mesmo a motivar polémica é a edição do livro de Hitler, que muita gente está a exigir que seja retirada das bancas, por considerar que ele pode ajudar à "lavagem" da imagem histórica do ditador que promoveu o Holocausto. Mesmo que o editor tenha tido a preocupação de incluir o enquadramento histórico do nazismo, da chegada de Hitler ao poder e do Holocausto.