quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Os Homens que Odeiam as Mulheres

Nas mãos de Fincher e do argumentista Steven Zaillian, assim, o primeiro dos três romances de Larsson ganha uma fluidez e uma inquietação envolventes, confirmando o cineasta americano como mestre do enquadramento atmosférico. O que “Os Homens que Odeiam as Mulheres” tem que o original de Niels Arden Oplev não tinha é a sensação de pântano traiçoeiro de uma sociedade que esconde uma tonelada de esqueletos no armário por trás da sua aparência de funcionalismo-IKEA. É um filme mais duro, mais impiedoso, que lança igualmente um olhar perturbante sobre uma sociedade da informação onde os segredos o são cada vez menos ou por um menor espaço de tempo. 
Mas perde-se onde, ironicamente, mais importava ganhar - na Lisbeth de Rooney Mara, mais autista e menos humana que a de Noomi Rapace. É uma criação de uma nota só, que nunca penetra realmente até ao núcleo da personagem, tanto mais quanto Daniel Craig é uma excelente opção para a personagem de Blomqvist e o restante elenco consegue fazer milagres com apenas duas ou três cenas (Steven Berkoff e Joely Richardson são extraordinários). O resultado desvia o centro de gravidade de Lisbeth para Blomqvist, com Fincher a subalternizar o mistério policial no centro da trama, reduzindo-o a um simples pretexto para um exercício de estilo virtuoso na construção de uma atmosfera inquietante de corrupção profunda, à medida de um realizador perfeccionista. É um filme eficaz e intrigante, cerebral q. b., mas ao qual falta aquele “rasgo” que o elevasse acima do mero funcionalismo de luxo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Dama de Ferro

“A Dama de Ferro” constrói-se como uma “fantasia” quase teatral sobre a vida de uma mulher que nunca quis relegar-se ao papel de esposa, mãe e dona de casa numa sociedade onde a condição social a condenava a isso, que não queria morrer ao lava-louças com a chávena de chã na mão. E é “fantasia” porque a estrutura do filme poderia ser a de uma peça de teatro desenrolando-se em quadros, num vai e vem contínuo entre presente e passado ancorado na Thatcher idosa de hoje, reformada e doente, prisioneira da sua mansão e das suas memórias, usando o poder e a política como reflexo e espelho dos jogos sociais específicos de um tempo e de um local, explicando como a ambição pessoal do “serviço público” patriótico acabou por transformar a Inglaterra do século XX de modos perfeitamente inesperados. O filme, aliás, é bem explícito nessa defesa, mais do que da política, de Margaret como mulher que se tornou inspiradora quase à sua revelia, que nunca esperou chegar a primeira-ministra e que sabia que nunca seria vista como “um deles”.
É aí que “A Dama de Ferro” ganha aos pontos: nem biografia convencional nem olhar político sobre uma figura política, é um filme de mulheres sobre uma mulher que conseguiu fazer a diferença que sempre quis fazer e que dá por si a perguntar se valeu realmente a pena. E com outra actriz a interpretar Thatcher, o filme de Phyllida Lloyd daria com certeza menos que falar, mas sim, continuaria a ser um bom filme.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Óscares: O Artista ganha nas principais categorias e cala a concorrência

Os dois filmes que mais estatuetas arrecadaram na 84.ª edição dos Óscares, neste domingo, em Los Angeles, foram O Artista e A Invenção de Hugo. A película de Martin Scorsese saiu da cerimónia com cinco estatuetas douradas, tantas quanto O Artista. Porém, o filme francês venceu nas principais categorias.
O Artista fez história, vencendo na principal categoria, de melhor filme. Foi a primeira vez que uma produção sem a bandeira norte-americana o conseguiu. O produtor Thomas Langmann foi receber a estatueta ao palco com Michel Hazanavicius, que agradeceu três vezes a Billy Wilder (realizador, 1906-2002). Hazanavicius já lá tinha estado, minutos antes, para receber o Óscar relativo ao prémio de melhor realizador.
Jean Dujardin, que interpretou a personagem do famoso "artista" que se transforma num inadaptado na mudança do cinema mudo para os talkies, foi distinguido com o Óscar para melhor actor. Quando o nome do francês foi anunciado como o vencedor, já O Artista coleccionava três estatuetas: além da de melhor realizador, a de melhor guarda-roupa e a de melhor banda sonora original.
A Invenção de Hugo venceu sobretudo nas chamadas categorias técnicas. A primeira incursão de Martin Scorsese no 3D amealhou cinco Óscares: melhor fotografia, melhor direcção artística, melhores efeitos visuais, melhor montagem de som e melhor mistura de som. Apesar de, nas contas finais, aparecer empatado com O ArtistaA Invenção de Hugo, o filme mais nomeado deste ano (11 indicações), foi assim relegado para segundo plano nesta cerimónia como um digno vencido.
A consagração de Meryl Streep, com o terceiro Óscar da carreira, foi um dos pontos altos desta edição dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A interpretação conseguida em A Dama de Ferro, no qual deu corpo à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, valeu-lhe o Óscar para melhor actriz, já depois de um Globo de Ouro e de um Bafta.
Meryl Streep, de 62 anos, foi aplaudida por uma plateia de pé. "Quando chamaram pelo meu nome, tive a sensação de estar a ouvir meia América dizer ‘oh, vá lá! Ela outra vez?'", brincou, já com a estatueta na mão. Em pouco mais de três décadas, a actriz foi nomeada 17 vezes e já tinha ganho duas estatuetas, pelos desempenhos em A Escolha de Sofia (1983) e Kramer Contra Kramer (1980). A principal concorrente era Viola Davis (As Serviçais).
"Olho para aí [para a plateia] e vejo diante dos olhos os meus velhos amigos, os meus novos amigos", disse, antes de agradecer a todos a "carreira inexplicável e maravilhosa" que tem tido, acrescentando que "tem sido uma grande honra" dedicar a sua vida ao cinema. Meryl Streep partilhou o prémio com Mark Coulier, que a acompanha desde A Escolha de Sofia e que nesta noite ganhou também um Óscar, pelo trabalho de caracterização em A Dama de Ferro. A actriz, que disse acreditar que esta era a última vez que era galardoada nos Óscares, prestou ainda uma sentida homenagem ao marido, o escultor Don Gummer.
Quem fez questão de não partilhar o seu prémio com os colegas foi Christopher Plummer, que saiu do antigo Kodak Theatre (o patrocínio foi cancelado) com o Óscar para melhor actor secundário, pelo desempenho emAssim É o Amor. "Partilharia este prémio com ele [Ewan McGregor, que com ele contracenou e cujo talento tinha acabado de elogiar], se tivesse alguma decência. Mas não tenho", afirmou o canadiano, depois de agradecer à equipa que fez o filme de Mike Mills.
Christopher Plummer, de 82 anos - e 60 de carreira -, tornou-se assim no mais velho actor a ser galardoado com um Óscar. Tinha sido nomeado apenas uma vez, em 2010, por A Última Estação. Pelo papel desempenhado emAssim É o Amor tinha já sido distinguido com um Globo de Ouro e um Bafta.Woody Allen, que como é seu apanágio não esteve presente na cerimónia, também voltou a ser premiado pelo Academia norte-americana, com o Óscar para melhor argumento original por Meia-Noite em Paris. É a quarta estatueta da carreira do nova-iorquino, que estava também indicado este ano na categoria de melhor realizador.

Lista completa dos vencedores da 84.ª edição dos Óscares:

Melhor filme: O Artista, Thomas Langmann (produtor)
Melhor realizador: Michel Hazanavicius, O Artista
Melhor actor: Jean Dujardin, O Artista
Melhor actriz: Meryl Streep, A Dama de Ferro
Melhor actor secundário: Christopher Plummer, Assim É o Amor
Melhor actriz secundária: Octavia Spencer, As Serviçais
Melhor argumento original: Woody Allen, Meia-Noite em Paris
Melhor argumento adaptado: Alexander Payne, Os Descendentes
Melhor fotografia: Robert Richardson, A Invenção de Hugo
Melhor documentário: Undefeated, de Daniel Lindsay e T.J. Martin
Melhor curta-metragem documental: Saving Face, de Daniel Junge
Melhor animação: Rango, de Gore Verbinski
Melhor filme estrangeiro: Uma Separação, de Asghar Farhadi
Melhor montagem: Kirk Baxter e Angus Wall, Millennium 1 - Os Homens que Odeiam as Mulheres
Melhores efeitos visuais: Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning, A Invenção de Hugo
Melhor direcção artística: Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, A Invenção de Hugo
Melhor caracterização: Mark Coulier e J. Roy Helland, A Dama de Ferro
Melhor guarda-roupa: Mark Bridges, O Artista
Melhor curta-metragem: The Shore, de Terry George e Oorlagh George
Melhor curta-metragem de animação: The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, de William Joyce e Brandon Oldenburg
Melhor banda sonora original: Ludovic Bource, O Artista
Melhor canção original: Bret McKenzie, Os Marretas
Melhor montagem de som: Philip Stockton e Eugene Gearty, A Invenção de Hugo
Melhor mistura de som: Tom Fleischman e John Midgley, A Invenção de Hugo

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Marilyn Monroe é a cara da 65ª edição do Festival de Cannes

Uma fotografia a preto e branco de Marilyn Monroe com um bolo de aniversário é a imagem escolhida pelo Festival de Cannes para o cartaz da próxima edição, no ano em que não só o festival celebra 65 anos, como o mundo assinala a morte da icónica actriz, que morreu há 50 anos, em 1962. 
 A fotografia foi tirada por Otto L. Bettmann dentro de um carro, possivelmente uma limusina, e mostra Marilyn Monroe com um bolo de aniversário na mão e a soprar uma vela. Para a organização, que deu a conhecer a imagem do festival na terça-feira, Marilyn celebra um aniversário “que poderia muito bem ser o de Cannes”. 
“Cinquenta anos depois da sua morte, Marilyn continua a ser uma das principais figuras do cinema mundial, um ícone eterno, cuja graciosidade, mistério e poder de sedução continuam resolutamente contemporâneos”, escreveu a organização em comunicado, justificando a sua opção. “Ela encanta-nos com este gesto promissor: um beijo sedutor soprado.”
Para o Festival de Cannes este é o ano ideal para homenagear a actriz, cujo aniversário da morte coincide com o aniversário do festival mais prestigiado de cinema do mundo.
“O festival é um templo de glamour e a Marilyn é a perfeita incarnação. Esta união simboliza o ideal de simplicidade e elegância”, continua a nota da organização.
A 65ª edição do Festival de Cannes, que se realiza entre os dias 16 e 27 de Maio, terá como presidente de júri Nanni Moretti. O realizador italiano ficará responsável pela entrega do prémio principal do festival, a Palma de Ouro, que em 2011 foi para “A Árvore da Vida”, de Terrence Malick.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Adele foi a figura dos Brit Awards

Depois do triunfo nos Grammys, Adele voltou a destacar-se numa noite de prémios, desta vez nos Brit Awards, ao conquistar os galardões de melhor artista feminina e melhor álbum. Tudo corria bem à cantora, até a organização dos prémios a obrigar a encurtar o seu discurso. Num gesto menos educado, a britânica mostrou o dedo do meio, como forma de protesto. 
 Foi o centro das atenções pelos prémios que ganhou mas também pela controvérsia que gerou. Ao receber o troféu mais cobiçado da noite, o de melhor álbum do ano, para “21”, a organização obrigou Adele a fazer um discurso rápido por causa de uma actuação dos Blur, que aconteceria logo depois. “Nada me deixa mais orgulhosa do que chegar aqui com seis Grammy e venceu o prémio de álbum do ano. Tenho muito orgulho em ser britânica”, dizia a cantora, antes de ser interrompida pelo apresentador da cerimónia, James Corden, que a obrigou a terminar o discurso.
Sem pensar duas vezes, Adele levantou o dedo à organização, que já emitiu um comunicado a pedir desculpas pelo incidente. “Lamentamos muito o que aconteceu e enviamos as nossas mais sinceras desculpas a Adele, por termos cortado o seu grande momento.”
Na semana passada, Adele conquistou seis Grammys, entre eles o de melhor álbum e artista do ano. Desde então, a cantora somou mais um recorde de vendas, com o álbum “21” a vender mais de 730 mil cópias depois da cerimónia. Desde que chegou às lojas no ano passado, o último trabalho de Adele já vendeu mais de 17 milhões de cópias em todo o mundo e atingiu o número um da tabela de vendas em 24 países. Na corrida ao Brit Award de álbum do ano estavam nomeados ao lado de Adele, os Coldplay, Florence & The Machine, PJ Harvey e Ed Sheeran.
O cantor e compositor Ed Sherran foi outro dos destaques da noite ao levar para casa os Brit Awards de melhor artista britânico masculino e artista revelação, enquanto os Coldplay conquistaram pela terceira vez seguida o galardão de melhor banda britânica.
Ao contrário do que se esperava, o Brit Award de melhor single foi para “What Makes You Beautiful” dos One Direction, deixando para trás “Someone Like You”, de Adele, “The A Team”, de Ed Sheeran, e “Price Tag”, de Jessie J e BoB.
O norte-americano Bruno Mars foi distinguido com o prémio de melhor artista masculino internacional e Rihanna conquistou o mesmo troféu na categoria feminina. os Foo Fighters, que já se tinham destacado também nos Grammys, foram considerados o melhor grupo internacional. O galardão de artista revelação internacional foi para Lana Del Rey, cujo disco de estreia chegou às lojas em Janeiro.
Os britânicos Blur, que regressam este ano aos palcos, receberam o prémio de honra pela sua contribuição para a música britânica. A última vez que a banda de Damon Albarn tinha estado presente nos Brit Awards foi em 1995, quando conquistaram quarto troféus.
A noite da cerimónia, que aconteceu na O2 Arena, em Londres, incluiu ainda uma homenagem a Whitney Houston e Amy Winehouse. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

João Salaviza vence Urso de Ouro para melhor curta

Rafa, de João Salaviza, ganhou a competição de curtas-metragens do festival de Berlim. O realizador português volta assim a ser distinguido num dos principais festivais de cinema europeus, depois de ter ganho a Palma de Ouro em Cannes, em 2010, com Arena.
João Salaviza considera Rafa como o terceiro capítulo de uma espécie de trilogia iniciada com Arena, em 2009, e continuada com Cerro Negro (encomenda do programa Próximo Futuro da Gulbenkian), no ano passado.
A nova curta-metragem do jovem realizador português, de 27 anos, conta a história de um adolescente que se aventura do interior da sua casa do subúrbio para visitar a mãe numa prisão de Lisboa. De repente, vê-se com um bebé nas mãos, angustiadamente adulto.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

“Tabu” de Miguel Gomes vence prémio da crítica em Berlim

Um filme "desconcertante", diz a Variety; "encantadoramente excêntrico", na versão da Hollywwod Reporter. Miguel Gomes está perto de se tornar "muito maior", garante o El Mundo. E é assim que "Tabu" já deixou a sua marca em Berlim, onde compete ao lado de nomes como Brillante Mendoza ou Zhang. Desde 1999 que um filme português não era escolhido para a selecção oficial. O filme foi o escolhido do júri, constituido por Scott Foundas (EUA), Essam Zakarea (Grécia), Zsolt Gyenge (Hungria), Nils Olav Saeveras (Noruega), Youngmee Hwang (Coreia do Sul), Claudia Lenssen (Alemanha), Beat Glur (Suissa), Meenakshi Shedde (India) e Bettina Schuler (Alemanha). Esta é assim a segunda vez que Miguel Gomes vence o prémio Fipresci, depois de em 2008 ter conquistado o galardão em Viena com "Aquele Querido Mês de Agosto". Dividido em duas partes, o filme a preto e branco evoca e invoca ao mesmo tempo a presença portuguesa em África e o cinema clássico, passado entre a Lisboa dos nossos dias e os anos de 1960 no sopé do Monte Tabu. O Hollywood Reporter escreveu que “Tabu” é um exercício “encantadoramente excêntrico” na meta-ficção, explicando que o realizador explora as suas personagens sem seguir qualquer regra narrativa, tornando lugares e experiências comuns “num estranho entretenimento contemporâneo”. “A liberdade de Gomes em trabalhar com peças familiares vai novamente ganhar elogios da crítica para o realizador que foi crítico”, acrescentou. No espanhol El Mundo, o crítico Luis Martínez comparou “Tabu” de Miguel Gomes ao “Tabu” do realizador alemão F. W. Murnau (1888-1931), por “ser um desses filmes” que leva “irremediavelmente” à melancolia. Para o crítico espanhol, Miguel Gomes, realizador de “Aquele Querido Mês de Agosto” ficou mais perto de se tornar “muito maior” do que aquilo que era antes da exibição do filme em Berlim. O filme tem já estreia assegurada em vários países – nos co-produtores (Portugal, Alemanha, Brasil e França), e no Canadá, Grécia, Suissa, Áustria, Sérvia, Bósnia, Montenegro, Austrália, Estados Unidos da Améria, Reino Unido, México e Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo). O prémio máximo do festival, o Urso de Ouro, que em 2011 foi para "Uma Separação", é entregue no sábado.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Exposições



A Galeria Quadrado Azul apresenta a segunda exposição individual de Hugo Canoilas. Formado na ESAD das Caldas da Rainha e bolseiro da Gulbenkian no Royal College of Art de Londres, Hugo Canoilas é um artista com um percurso versátil e experimentador de meios e estilos, que tem vindo a conquistar notoriedade por parte da crítica e do público. 
Sobre esta exposição, composta por um conjunto de 22 pinturas com textos, suspensas a partir do teto, num arranjo que desobedece à imposição da arquitetura do espaço, Hugo Canoilas refere que nas obras exibidas o texto retratado é o tempo do quadro, argumentando que o tempo de leitura do texto é o tempo de observação da pintura.





A Galeria Baginski abre o ano com a exibição simultânea de duas exposições coletivas: Scultura Fantasma e Sob Fogo/Under Fire, respetivamente organizadas pelos artistas Gonçalo Sena e André Romão. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Grammy: Adele foi rainha na noite

A morte de Whitney Houston foi um dos assuntos mais falados na passadeira vermelha, multiplicando-se os tributos e as mensagens elogiosas à cantora dos vários artistas presentes na cerimónia. Bruce Springsteen abriu a cerimónia e logo a seguir LL Cool J pediu aos presentes uma oração em memória de Whitney Houston, enquanto ao mesmo tempo foram mostrados os melhores momentos da cantora, ao som de "I Will Always Love You". "Como diz a música, todos nós vamos amar-te para sempre, Whitney", disse o músico.
Apontada como a grande favorita aos prémios, a britânica Adele confirmou todas as apostas ao ganhar tudo o que tinha para ganhar. Adele estava nomeada em seis categorias e conquistou as seis estatuetas. Foi a primeira a subir ao palco para receber o Grammy de Melhor Pop Solo Performance, pela música "Someone Like You". Ao receber o primeiro prémio, a cantora fez um agradecimento especial ao médico, "que me deu a minha voz de volta", disse. A cantora está de volta à música, depois de ter sido submetida a uma cirurgia nas cordas vocais. 
Depois disso, repetiram-se as subidas ao palco e as mensagens de agradecimento, que culminaram com o prémio máximo, o Álbum do Ano, com o recorde de vendas "21". Em lágrimas e com poucas palavras, Adele conseguiu apenas agradecer o galardão. "Rolling In The Deep” foi considerada a Música do Ano, Record Of The Year e venceu ainda o prémio de Melhor Vídeo. O galardão de Melhor Álbum Pop Vocal foi novamente para “21”. A actuação da britânica, que cantou "Rolling In the Deep", era um dos momentos mais esperados e conquistou um dos maiores aplausos da noite.
Kanye West, nomeado em sete categorias, venceu o Grammy de Melhor Álbum Rap com “My Beautiful Dark Twisted Fantasy”, e Melhor Colaboração Rap com “All of the Lights”, música que conta com a participação de Rihanna, Kid Cudi e Fergie, e que estava também nomeada na categoria de música do ano. O single "Otis", do álbum "Watch The Throne", a colaboração de West com Jay-Z, foi considerada a Melhor Rap Performance. Os dois músicos estiveram ausentes da cerimónia. 
Um dos grandes momentos da noite foi o desejado regresso aos palcos dos Beach Boys, recebidos em êxtase e com uma grande ovação de pé. Brian Wilson, Mike Love, Alk Jardine, Bruce Johnston e David Marks, que este ano comemoram 50 anos de carreira, actuaram na cerimónia, depois dos Maroon 5 e dos Foster The People terem tocado um tema cada da histórica banda.
O dueto entre Amy Winehouse e Tony Bennett, "Body and Soul", que chegou às lojas em Setembro, já depois da morte da cantora, conquistou o Grammy de Melhor Dueto/Grupo Performance. A canção, gravada em Londres em Março do ano passado, terá sido uma das últimas interpretadas em estúdio por Amy Winehouse. O dueto integrou o novo álbum de Bennett, “Duets II”, que conta ainda com a participação de nomes como Lady Gaga e Aretha Franklin, e que valeu ao cantor o Grammy de Melhor Álbum Pop Tradicional Vocal.
Nomeado pela primeira vez aos Grammys, Bon Iver, projecto musical do norte-americano Justin Vernon, conquistou o Grammy de Artista Revelação e ainda o troféu de Melhor Álbum Alternativo, com o seu segundo trabalho “Bon Iver, Bon Iver”, considerado um dos melhores álbuns de 2011. 
Ao receber a estatueta de Artista Revelação, Bon Iver disse sentir-se numa situação muito desconfortável. "Há tanto talento aqui no palco e tanto talento que não está aqui. É uma honra", disse, deixando um agradecimento não só aos pais, familiares e amigos, como também a "todos os nomeados e não nomeados".
Os Foo Fighters, que ao lado de Adele e Bruno Mars se incluiam na lista dos mais nomeados com seis indicações cada, conquistaram quatro galardões, incluindo os prémios de Melhor Álbum Rock com “Wasting Light” e Melhor Performance Hard Rock/Metal. A banda liderada por Dave Grohl venceu ainda nas categorias de Melhor Música Rock, com “Walk”, e Melhor Vídeo, com “Back And Forth”. 
Na categoria de R&B, o Grammy de Melhor Álbum foi entregue a Chris Brown, por "F.A.M.E.". Cee Lo Gree venceu dois galardões nas categorias de Melhor Performance R&B Tradicional e Melhor Música, ambos com "Fool For You".
No country, a jovem Taylor Swift voltou a ser a grande vencedora, ao conquistar os Grammys de Melhor Solo Performance com o música "Mean", também considerada a Melhor Música Country. O galardão de Melhor Álbum foi entregue aos Lady Antebellum por "Own The Night".
Já perto do fim da cerimónia houve um momento de homenagem a todos os talentos que a indústria da música perdeu entre 2011 e o princípio de 2012. No ecrã gigante do Staples Center passaram as fotografias de artistas como Amy Winehouse, Steve Jobs, Facundo Cabral, Clarence Clemons, Johnny Ottis e Jerry Leiber. Por fim, Whitney Houston, na voz de Jennifer Hudson. Emocionada, Hudson deu voz a "I Will Always Love You" e terminou a música com um "We Will Always Love You", provando que o mundo da música jamais esquecerá a cantora.
O ex-Beatle Paul Mccartney encerrou a cerimónia com uma estonteante actuação. 
A edição deste ano já foi afectada com as alterações anunciadas pela The Recording Academy que reduziram o número de categorias de 109 para 78. Com esta reformulação as categorias que distinguiam os artistas femininos e masculinos nos diferentes géneros musicais (pop, R&B, rock e country) desaparecem, concorrendo todos os artistas, em cada área, a uma única categoria, agora chamada de “Solo Performance”. No geral, todas as áreas perderam cerca de duas categorias, tendo muitas delas sido reagrupadas em apenas uma.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Meryl Streep vence BAFTA

Meryl Streep ganhou o prémio BAFTA para o melhor actriz pelo interpretação da antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em "A Dama de Ferro". Os BAFTA são considerados uma antecâmara do que poderá vir a acontecer nos Óscares, que decorrerão no dia 26 de Fevereiro
Streep, que em "A Dama de Ferro" desempenha ao mesmo tempo o papel de uma política poderosa e dominadora e de uma mulher idosa com problemas de memória, já venceu vários prémios por esta interpretação incluindo um Globo de Ouro para melhor actriz.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ano agitado para JP Simões

Vai ser um ano agitado para JP Simões, marcado por dois grandes momentos com apresentação pública em Junho. A 2, o Centro Cultural de Belém (CCB) concede-lhe "Carta Branca" - à semelhança do que fez noutros anos com Jorge Palma, Camané, Fausto e Carlos Tê - para um espectáculo em que deverá mostrar uma fornada de novas canções em processo de fabricação. Mais tarde, a 27, estreia-se no Teatro Municipal São Luiz, também em Lisboa, o "musical tragicómico" "Íntima Farsa", com texto seu e música assinada em parceria com Marco Franco, e em que participará também como actor.
O concerto no CCB terá provavelmente como título genérico "Vida Ilustrada" e terá por companheira a obra do designer e pintor Luís Lázaro. As imagens partilharão com as canções as temáticas habituais no músico, resumidas na sequência "nascer, ficar com medo, crescer, o amor, o sexo, as complicações entre responsabilidade colectiva e liberdade pessoal". A ideia, depois, é encetar uma pequena viagem, de destino ainda desconhecido. O certo é que estas novas criações de JP Simões deverão dividir-se entre "temas que têm um balanção brasileiro" e uma outra abordagem em que trabalha por estes dias e que se encontra "numa área bastante híbrida": "Não sei bem o que é, mas a minha guitarra tem andado a sonhar com aquilo que ouve às vezes na guitarra do Norberto Lobo", diz o músico. Por isso, sob os comandos de Tomás Pimentel estarão tanto alguns músicos brasileiros que tocam com Simões na Orquestra Arte & Manha (Tercio Borges, Gabriel Godoi e Juninho Ibituruna), como Marco Franco (ligado à música improvisada e à música para dança) e outros ainda por confirmar.
Quanto a "Íntima Farsa", tudo começou com o entusiasmo do anterior director do S. Luiz, Jorge Salavisa, que no final de um concerto abordou JP e abriu-lhe a porta para avançar com uma proposta de raiz. O músico escreveu um pequeno guião, destinado à prateleira durante quatro anos. "Quando o José Luís Ferreira chegou à direcção", lembra JP, "recebi um telefonema a dizer ‘está aqui um papel, uma tal ‘Íntima Farsa', quero saber mais alguma coisa sobre isto'. E então mandei-lhe de novo aquilo que tinha feito, com alguns acertos. O que ficou da estrutura inicial foi a primeira inspiração - um livro do Boris Vian, ‘A Erva Vermelha'. Peguei nisso e estruturei a peça em três dimensões: uma atrás da tela, em que a história de fundo é uma sessão de psicanálise; a meio, na tela, depoimentos e coisas que servem para atazanar, uma caricatura da super-informação a alta velocidade; e, finalmente, os actores de carne e osso".
Os actores, para além do próprio JP Simões, serão Teresa Sobral, Joana Manuel e Manuel Mesquita, ficando a música em palco a cargo de Marco Franco (director musical), Tomás Pimentel, Sérgio Costa e João Hasselberg. A encenação deste "Édipo versão 4.000.324", uma das possibilidades de leitura segundo JP, caberá a Victor Hugo Pontes. Se tudo correr bem, tudo culminará com o lançamento de dois discos e um livro.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Olga Roriz apresenta programação para um “ano difícil”

Ao fim de dois anos de permanência no Espaço Tranquilidade, na Rua da Prata, em Lisboa, a Companhia Olga Roriz abriu na terça-feira as portas para apresentar a temporada de 2012. A coreógrafa estreou um novo solo, “Present in Progress”, em colaboração com o artista plástico João Raposo e falou das residências artísticas, aulas e apresentações informais que vão habitar o 2.º andar do n.º 108 da Rua da Prata. Abriu-se assim um ano que levará a companhia até Macau, em Maio, para apresentar “Nortada” (coreografia de 2009), ao abrigo do 23.º Festival de Artes de Macau. Em Outubro a companhia estreia “A Cidade”, em Viana do Castelo, que seguirá depois para digressão nacional. À margem Olga Roriz irá remontar “Sagração da Primavera”, a peça que estreou com a sua companhia em 2010 no Centro Cultural de Belém, para a Companhia Nacional de Bailado e o Balé Teatro de Guaíra, no Brasil. Mas os objectivos traçados por Olga Roriz na apresentação da temporada são outros: manter o espaço que há dois anos, e em parceria com a seguradora Tranquilidade, ocupa na Rua da Prata, continuando uma política de abertura a aulas, residências e apresentações informais (e deu números, 146 artistas que passaram pelo espaço até agora); procurar co-produtores para as suas peças, “dando sentido à expressão dividir para reinar”; e manter o elenco de bailarinos, para evitar perdas de ritmo, de trabalho e de evolução em continuidade. São condições essenciais, disse a coreógrafa, para aguentar “um ano difícil de um futuro difícil”. Um período que obrigará a “criar outros formatos de produção que possam saciar o desejo do público e escoar a intensidade da criação artística”. “Não se pode parar”, disse várias vezes Olga Roriz.