Monte Palace Madeira

 

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Vigiles musicales- Abbaye de Ligugé

 

Perfect days

 

Perfect Days é um dos poucos filmes que ganha voz através da imagem e da simplicidade, conseguindo assim emocionar o publico. Sem precisar de diálogos. Acompanhamos o dia-a-dia e as rotinas de Hirayama, um homem simples, leitor assíduo, amante de musica e de fotografia, tímido e trabalhador exímio: limpa casas de banho na cidade de Tóquio. Hirayama vive um dia de cada vez, sem lamentar o passado e sem ansiar o futuro. Wim Wenders oferece-nos uma obra de enorme beleza. Para muitos será mais um filme repetitivo, lento e em que nada acontece. Mas esse 'nada acontece' é repleto de mestria e harmonia. E é na contemplação e no silencio que tudo acontece. Formidável. 

O Mundo Depois de Nós

 

O filme passa-se durante um evento apocalíptico no qual os EUA são “desconectados” de todos os seus sistemas tecnológicos e o ser humano entra numa espiral de sobrevivência quando deparado com eventos estranhos e inesperados. O filme é o espelho da nossa atual dependência tecnológica, mostrando tudo o que deixaria de funcionar em uma situação como esta: a falta de acesso à Internet,  GPS, navegação de aviões e navios, carros automáticos em avaria, comunicações cortadas, etc. Esmail, o realizador, mostra grande habilidade a retratar momentos de pânico e angustia numa sociedade que se depara de um momento para o outro com os perigos da tecnologia (ou falta dela) e com os desafios de toda uma humanidade ( ou falta dela). 'O Mundo Depois de Nós' é um thriller envolvente mas sem respostas. Bem dirigido e com um elenco de luxo, é este o seu maior trunfo: as suas personagens e seus atores. Porque para uma  temática apocalíptica ultimamente bastante explorada, os clichés ainda säo muitos e há ideias demasiado repetitivas. Assim como o uso exagerado de planos aéreos. Demasiado repetitivo.

Cesária Évora

 

Ana Sofia Fonseca desenvolveu um apurado trabalho de arquivo ao compilar um vasto acervo videográfico, sonoro e fotográfico- registos de concertos e gravações em estúdio e também cenas da vida de Cesária. A montagem é oleada por vozes em Off de pessoas que privaram com Cesária, como o seu produtor e a sua neta.  O que sobressai neste documentário é a modéstia de Cesária que confessa não querer mais do que uma casa , saúde e um carro para quando não puder andar.

É traçada cronologicamente a vida de Cesária, desde pequena até à sua morte.  E a imagem que guardamos é a de alguém profundamente afetado pela bipolaridade ( diagnosticada tardiamente) e por  episódios de depressão. Alguém profundamente ligado às suas raízes e aos costumes cabo-verdianos. Alguém que nunca se deslumbrou com a fama e sucesso. 

É verdade que o documentário é superficial no que diz respeito à vida de Cize antes dos anos 90. Talvez por falta de material. Mas a realizadora consegue ainda assim retratar Cize genuinamente. Sao crus e justos todos os registos sonoros  e todas as imagens do filme.

Barbie

 

Um golpe de puro marketing que alicerça os caminhos do feminismo com um certo cheirinho a comédia satírica- o filme é isto. E é-o de uma forma bastante fiel e convincente. Contudo, não deixa também de ser um objeto de culto Pop: cenários cor-de-rosa, mensagens críticas e conscientes, cabeça de cartaz, imagens refrescantes e uma bela homenagem à imagem da boneca que lhe dà vida. Greta Gerwing construiu assim  uma verdadeira ode ao feminismo , colocando a mulher no papel central e subjugando os homens a papéis secundários. Bonito mas exagerado, cansativo e algo azeiteiro.

Generations - Exhibition

 

Vigadó Gallery - Exhibition hall on the 5th Floor

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Never Realised Buildings in Budapest- Exhibition

 

                                          Vigadó Gallery Budapest

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THE NUTCRACKER

 

 

Hungarian State Opera

Nyad

 

Diana Nyad nadou 177 km, entre Cuba e a Flórida, passando mais de dois dias inteiros em alto mar. Ninguém acreditava que a antiga nadadora de competição conseguiria tal feito. Entretanto, após quatro tentativas falhadas, tornou-se a primeira pessoa a atingir este objetivo em toda a história. Hoje, faz aparições na televisão e em eventos, encorajando as pessoas a acreditarem nos seus sonhos, e a nunca desistirem. O filme em jeito de documentário, disponível na Netflix, é dedicado a este grande feito e à protagonista do mesmo.  O retrato do feito, da vida e obra desta mulher é alicerçado numa certa falta de compromisso. Refiro-me a temáticas no domínio da ética e da moralidade. A referência à  homossexualidade de Nyad é ténue. Existe, mas é simplista. A referência à pedofilia e aos abusos sexuais de que Nyad foi vitima, säo ténues. Existem, mas säo simplistas.  A explicação de como se conseguiu o dinheiro para patrocinar a travessia, é ténue. Existe, mas é simplista. Por ventura, há um certo receio de se ficar de um dos lados da historia. Agradam-se os homossexuais, aplaude-se a punição da pedofilia e de atos violentos e  é-se fiel aos factos reais. Mas também se agradam da mesma forma os mais conservadores, os que não encaram a verdade e a violência e os que pretendem só glorificar o feito da nadadora. Porque há um equilíbrio perturbador em agradar todo o tipo de publico. De louvar, säo as imagens reais de Nyad que embelezam este filme biográfico. Säo poucos os filmes biográficos que caminham de mãos dadas com o material real de arquivo. Annette Bening e Jodie Foster dão vida às suas personagens, representadas de uma forma bastante confortável, muito pelo facto do excelente desempenho de ambas. 

Killers of the Flower Moon

Killers of the Flower Moon, de Martin Scorsese,  é uma tentação para qualquer cinéfilo. A sua duração é longa, longuíssima. Mas, ainda assim, é difícil resistir e não ver. Até porque o elenco é prometedor:  Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e a nova estrela, Lily Gladstone. O filme é baseado no livro (com o mesmo nome) de David Grann e foca-se nos homicídios na Nação Osage durante a década de 1920, cometidos após a descoberta de petróleo em terras tribais. É um capítulo negro da história dos Estados Unidos da América retratado no grande ecrã. 

As interpretações säo um dos trunfos deste filme, e säo simplesmente extraordinárias. Dicaprio oferece-nos uma interpretação intensa e intrigante. De Niro encarna de forma cativante e arrepiante a sua personagem. E Gladstone é autêntica e puramente hipnotizante. Facilmente transmite ao grande publico a sua dor, coragem e resiliência.

Scorsese com este seu Killers of the Flower Moon, retrata friamente e apaixonadamente as injustiças históricas e raciais, explorando o lado sombrio da natureza humana, quando exposta à ganância, corrupção e poder. 

O trabalho de edição é louvável, assim como o é a banda sonora. Há uma transição violenta mas feita com muita mestria entre a serenidade das paisagens das terras Osage e os crimes cometidos contra este povo. E aquele acrescento dado pela banda sonora submete a historia a toda a carga dramática necessária. 

É quase perfeito, mas peca pela previsibilidade dos acontecimentos e a orfandade em imprevistos. Também não consegui sentir-me próxima dos relacionamentos amorosos deste filme: säo mornos e pouco arrebatadores.

Znachor

 

Znachor é um filme polaco, baseado num romance muito popular neste país, que conta agora com três edições- a original de 1937, a de 1982 e esta ultima disponível na Netflix.O filme conta-nos a historia de um respeitado cirurgião, que após ter sido abandonado pela mulher  e sofrer um assalto seguido de agressões, perde a memoria. Entretanto, vagueia pelo país, instala-se numa pequena aldeia e acaba a ajudar pessoas doentes. A generosidade e fama deste 'curandeiro' geram ódios e invejas que nos permitem testemunhar os interesses sociais, poder e glória que espezinham os mais vulneráveis e carenciados.  O filme apresenta um interessante ritmo contemplativo e um roteiro bem estruturado, onde cada personagem, mesmo secundária, tem a sua importância potencializada no decorrer da ação.Contudo, há um certo ambiente novelesco que pode não agradar a todos.

Mundo flutuante: estampas japonesas «ukiyo-e»

 

23 jun  - 30 out 2023 

10:00 – 18:0

Galeria de Exposições Temporárias Museu Calouste Gulbenkian

NATALY e Banda B.Leza

 

                                             B.Leza Associação

Festival Iminente

 

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Temos Apenas o Presente

 

re-Encanto - Mayra Andrade

 

40.ª Seixalíada

 

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Futebol- Liga 3

 

                                      Estádio da Medideira, Amora

5.ª Festa do Bem-Estar Animal

 

                          Local :Parque Municipal do Serrado, Amora                 

                                            7 e 8 de Outubro

Les Journées du Patrimoine en Vendée

 

 

 

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Les Misérables

 

Acompanhamos a chegada de um novo policia à Brigada anti-crime de Montfermeil, arredores de Paris, no ano de 1993. Este irá trabalhar em parceria com uma dupla experiente e habituada ao ambiente caótico que caracteriza os bairros sociais nos arredores de Paris. Rapidamente, a tensão e a violência vivida entre os vários grupos étnicos destes bairros é testemunhada pelo novo policia, que durante uma missão inesperada assiste ao ferimento de uma criança pelo seu colega de profissão e a um drone que filma tudo isto e coloca em perigo a carreira dos três policias. Estamos perante o retrato de uma política francesa de integração que falhou redondamente ao longo dos anos. Os jovens originários de bairros sociais säo os principais inimigos da policia. Os limites da lei säo muitas das vezes ultrapassados. O medo, a desconfiança, a raiva e o abandono social säo chama ardente nos subúrbios parisienses. Onde estará a origem do problema? Quem està certo e quem està errado? Näo considero o filme objeto de propaganda ou um testemunho sobre discriminação. Näo há uma escolha clara entre a lei e a policia e os jovens marginais. Há narração. Narração dos últimos acontecimentos sociais que tão bem definem a França. E há uma mensagem clara a nível político. Les Misérables, tal como o livro de Victor Hugo, expõe uma camada da sociedade abandonada à sua sorte, onde a desconstrução deu lugar à falta de civismo e educação. Tecnicamente, este é um filme com algumas lacunas de encenação que abusa em exageros descritivos. A verdade é genuinamente exposta e trabalhada mas aproxima-se em demasia de uma caricatura perigosa. Portanto, este é um filme francês genuíno, discutível, denso e polémico.

Just Mercy

 

Just Mercy  é um filme que nos relembra a importância de se debater a pena de morte, ainda existente em tantos países. Contudo, é também um filme que suaviza a problemática do racismo institucional, também ele ainda presente em tantos países.  É uma obra cinematográfica pouco inovadora, que nunca se distancia do relato comovente de uma historia verídica, com as estratégias habituais.  Merecia mais este testemunho de vida de Walker McMillian (injustamente acusado de assassinar uma jovem de dezoito anos, apesar da falta de provas que existiam para a sua acusação enquanto culpado).

100 dias com Tata

 

Miguel Ángel é um artista espanhol que desde criança foi criado pela Tata, sua tia-bisavó.  Cúmplices desde sempre, foi após alguns problemas de saúde de Tata que Miguel reforçou esta cumplicidade com receio de um dia ver partir a sua querida tia- bisavó.  Decidiu então fazer um documentário da vida dela que a eternizasse e a desse a conhecer ao grande publico. Mas a pandemia baralhou-o. Contudo, não desistindo da ideia inicial, viu a sua vida mudar por completo ao decidir morar com Tata no seu minúsculo apartamento durante os meses mais perigosos da COVID. Este documentário Netflix acompanha os 100 dias desta dupla amorosa: acompanha os dramas, os medos, as preocupações e todos os sacrifícios que se fazem por amor para cuidar de alguém idoso. É assim um ótimo testemunho da difícil realidade de todos os cuidadores familiares deste mundo. Eu recomendo.

Festival de Nîmes

 

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Festival d'Avignon

 

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Fête multi époques- Brouage

 

Festival Moul'stock

 

Martinho da Vila- Coliseu de Lisboa

 

La chanson [reboot]

 

Mardi 23 mai | 20h30 | Le Moulin du Roc à Niort 

Mercredi 24 mai | 19h00 | Le Moulin du Roc à Niort

Sing 2

 

Sing 2 brinda-nos no seu regresso com clássicos da musica americana e sucessos de pop infantil. Simpático, para o começo. A historia é mais uma vez simples, divertida e com mensagens interessantes sobre esforço, resiliência, amizade e trabalho. No entanto, vão surgindo atitudes menos corretas moralmente, que säo facilmente aceites e normalizadas, já que säo colocadas em prática por estes heróis do mundo animado, que säo fofos, bonitos e divertidos. Para crianças, pode ser algo confuso, no que diz respeito à distinção do que é ou não politicamente correto. Agora, Sing 2 não deixa de ser um filme realmente engraçado, com piadas fáceis e familiares misturadas com muita diversão, danças e musicas. As personagens säo maravilhosas, mas a isso o primeiro Sing já nos tinha habituado.  De todas as personagens, a melhor é a dona Kiki, a camaleoa, com o seu olho do vidro estático, a sua forma caricata de andar e de tremelicar.  Finalizo e relembro que o filme é uma animação para todo o publico e todas as idades.

Against the ice

 

Baseado numa historia real e filmado na Groenlândia e Islândia, dois homens seguem em busca de uma expedição anterior para comprovarem que a Groenlândia é uma única ilha. A viagem de regresso ao navio demora mais tempo que o expectado e é por isso que estes dois homens ficam por conta própria no meio do gelo a lutar para sobreviver. A mensagem é a da superação que se torna marcante por estarmos perante uma historia verdadeira. Como obra cinéfila, o filme não impressiona, mas retrata de forma honesta as intempéries e os obstáculos de sobrevivência em terras geladas. 

 

When They See Us

 When They See Us é uma mini série Netflix de quatro episódios, realizada por Ava DuVernay, que nos relata a história verídica conhecida como o caso dos “The Central Park Five”.  No final dos anos 80 muitos casos de violação ficavam por resolver em Nova Iorque e a pressão social e política era tal que este caso e todos os seus acontecimentos foram consequência disso. Por esta altura, uma jovem é encontrada abandonada e quase morta, vitima de violação em pleno Central Park. Nessa mesma noite, vários grupos de jovens encontravam-se no mesmo local. As autoridades, acusando a pressão social e política da altura, começaram a investigação. Os alvos foram jovens maioritariamente negros e residentes em bairros sociais das redondezas. Cinco säo levados pela policia, quatro deles menores de idade. A partir daqui, somos testemunhas de abusos policiais, desde manipulação a violência física e psicológica, no intuito de forçarem crianças a acusarem-se mutuamente e a admitirem um crime que não cometeram. Todos os cinco foram julgados e cumpriram as suas penas, mesmo sendo inocentes. When They See Us é um verdadeiro diário que nos encaminha ao longo de todo este processo judicial e emocional dos intervenientes. É um documentário riquíssimo que nos expõe ao debate sobre todo o sistema prisional e as questões étnicas de toda uma sociedade.  É um documentário que dói. Dói por ser espelho de uma realidade que interrompe injustamente a vida de pessoas inocentes e acusadas de cometer um crime do qual não participaram. E depois de se lhes reconhecer a inocência, as marcas do que viveram seguem com eles agarradas à pele.

 

Hillbilly Elegy [Lamento de uma América em Ruínas]

 

"Lamento de Uma América em Ruínas” é um filme baseado na história verdadeira de J.D. Vance, um ex-oficial da Marinha, com origens no Sul do Ohio e com uma infância bastante difícil, que acaba a estudar Direito em Yale. E são essas mesmas dificuldades de infância ( dependência de drogas, pobreza, desemprego e disfuncionalidade familiar), a âncora deste filme. A direção é de Ron Howard e duas das personagens principais säo interpretadas por Glenn Close e Amy Adams, portanto, estamos perante um grande elenco. Mas quando elenco, temática e direção reúnem tudo para triunfar, eis que a proposta do filme, que seria a de retratar um percurso de superação e de ascendência social e de denunciar a farsa da igualdade de oportunidades, acaba por esquecer esta importante visão crítica da sociedade para se perder em dramas familiares previsíveis. A maior parte das questões sociais säo faladas de forma superficial e de ânimo leve e as brilhantes atuações das duas atrizes não merecem a falta de oportunidade em explorar a complexidade de ambas as personagens. Contudo, há que admitir que os figurinos e maquilhagem säo sublimes. Todas as personagens têm fortes parecenças com as suas versões na vida real, como se pode confirmar em fotos e vídeos apresentados no fim do filme.

O exorcista do Papa

Contrariamente a todos os filmes clássicos sobre exorcismo, este arrisca-se a ser o menos assustador e um dos piorzinhos. Estamos longe de apanhar valentes sustos com espíritos malignos e vultos, de nos amedrontarmos sistematicamente com crenças sobre o mal enraizadas na nossa cultura... esta nova versão é menos do Além e mais terrestre. Aqui , estamos perante uma espécie de vingança levada a cabo por um padre super-herói, contra velhas verdades da igreja católica. As lutas corpo a corpo entre o demónio e o padre são dignas da Marvel e de todo um mundo fantástico. De terror este filme não tem nada.Surpreendida fiquei com Russell Crowe embarcar nesta desaventura.

 

Concerts

 

Seven Kings must die

 

O filme, no seguimento da série The Last Kingdom, é a continuação épica da mesma, até na rigorosidade das filmagens. E por ser uma continuação, é algo difícil para quem não viu a série, conseguir acompanhar o filme. Sobretudo para compreender o enredo e a ligação entre as personagens. Porque nada é explicado, a historia flui através do tempo.O foco aqui é a batalha final e a 'homenagem' à personagem principal: Uhtred. Os diálogos parecem algo apressados mas o desempenho dos atores contrabalança qualquer vazio narrativo. The Last Kingdom: Seven Kings Must die, é efetivamente um filme para os fãs da série que desejavam um fim satisfatório para a maioria das personagens.

Heidi

 

Heidi é um carismático filme infantil germano-suíço, baseado no livro de Johanna Spyri, lançado em 1880. Depois de várias versões no cinema, esta é a mais recente - de 2016,  e é uma bonita história infantil que muitos conhecem e é recontada e adaptada ao longo dos tempos. Heidi é o típico filme para se ver em família, numa tarde de domingo: uma singela história infantil com uma forte mensagem de amor e da importância dos laços familiares. O filme destaca-se pelas suas belas paisagens das montanhas suíças, pela representação fidedigna dos atores e pela mensagem de amor, humildade e valorização do campo em detrimento da cidade. A narrativa é que apresenta alguns retalhos, passagens mal explicadas e alguma confusão cronológica que nos dificulta a compreensão de certos detalhes. Mas colocando de lado estas questões, Heidi é um filme infantil ideal para partilhar em família. Não é fantástico mas vale pela história simples, pura e genuína.

A Cúmplice do Mal: Monique Olivier

 

Mini-série baseada na história de Michel Fourniret, um serial killer francês que confessou ter assassinado e abusado sexualmente de 12 vítimas na região fronteiriça entre a Bélgica e a França, de 1987 até 2003. Monique Olivier é a esposa e cúmplice de Michel, que teve um papel ativo nos raptos, abusos e assassínios das vitimas. A série é muito bem editada e direcionada e acompanha cronologicamente todos os acontecimentos que levaram à prisão deste casal, desde a fuga de uma das vitimas até ao relacionamento dos dois intervenientes no desaparecimento de mulheres e crianças durante longos anos. Existem entrevistas reais, nomeadamente a detetives e policiais que trabalharam no caso. Há leituras de cartas escritas entre Monique e Michel. E há reconstituições de crimes. Um ponto em comum a tudo isto: o casal apresenta uma frieza e ausência de sentimentos doentios. Quase que sentimos inicialmente alguma empatia por Monique ao julgarmos que porventura esta mulher foi forçada num clima de terror e medo a fazer parte desta tragédia. Os primeiros testemunhos da mesma assim o demonstram. Sò que à medida que a mini-série avança somos surpreendidos pela crueldade de Monique que demora a desvendar as suas próprias intenções. Monique é tão ou mais perversa que o seu marido e fica comprovada a ajuda e participação da mesma em todos os atos de sequestro, abuso e assassinato. Para quem gosta de séries policiais, aqui està uma ótima oportunidade para estudar a mente de assassinos reais que cometeram crimes atrozes.

Tár

A protagonista desta história é a maestrina Lydia Tár (Cate Blanchett), da Orquestra Filarmônica de Berlim e uma das artistas mais conceituadas no mundo da musica clássica: ela é a primeira mulher a dirigir uma Filarmónica. A narrativa decorre quando Lydia, com uma carreira profissional consolidada, se prepara para lançar um livro de memórias e gravar uma grande sinfonia.  Contudo, o sucesso tem altos e baixos, e Lydia, de caráter controverso, controlador, egocêntrico e narcisista, é alvo de uma investigação após o suicídio de uma ex-aluna. Cate Blanchett é incrivelmente realista a interpretar Tàr, a ponto de grande parte do público pensar que este personagem era real, que esta história era real. Não é. É ficção. E é uma história fictícia excecional ao explorar o lado mais complexo da glória, do sucesso, da genialidade e do poder.

Vulcão Whakaari: Resgate na Nova Zelândia

 Com direção de Rory Kennedy, este documentário exclusivo Netflix é uma autêntica narrativa sobre a erupção do vulcão Whakaari, que em 2019 matou 22 pessoas na Nova Zelândia. A erupção colocou a vida de diversas pessoas em risco, entre turistas a guias turísticos. As filmagens säo detalhadas e há relatos reais dos sobreviventes desta tragédia. O documentário é sincero e honesto: o objetivo é celebrar a vida dos sobreviventes, agradecer a quem participou nos resgates e refletir sobre os limites de um turismo que se deseja seguro e responsável.

Les Choses qu’on dit, les choses qu’on fait

 

Realizado por Emmanuel Mouret, este é um filme bem escrito, bem dirigido e bem interpretado. Porque existe talento espalhado um pouco por todo o lado e a todos os níveis. Os diálogos säo interessantes e expiram inteligência. Contudo, é tanta a inteligência que todos os personagens parecem ser teólogos do amor. E por isso mesmo perdemos o fio à meada, cinefilamente falando. É demais o artificio literário utilizado. É excessivamente filosófico, este filme. E em certos momentos é entediante, antiquado e sem fim. 

Um homem chamado Otto

 

Um Homem Chamado Otto é uma adaptação do filme sueco En man som heter Ove e traz- nos Tom Hanks no principal papel.  A historia é sólida e bem construída e as personagens facilmente cativam o espetador. Estamos assim perante uma comédia dramàtica que explora a solidão durante o luto e todas as possibilidades de continuar vivendo após um período de dor. Tom Hanks encarrega-se de credibilizar o enredo, com uma atuação incontestável e natural- algo a que há muito nos habituou. Apesar de algum sentimentalismo americano cliché, este remake de filmes europeus é capaz de ser dos mais cativantes e dos mais sinceros a ver.

 

A Voz das Mulheres

 

 Baseado no romance de Miriam Toews,  "A Voz das Mulheres" conta com um elenco poderoso: Rooney Mara, Claire Foy e Jessie Buckley, sendo realizado pela grande cineasta Sarah Polley. Estamos perante um filme totalmente feminista, que celebra a mulher e que retrata a luta das mesmas pela conquista da liberdade, do respeito e independência, num contexto social e religioso bastante complexo. Embora o assunto e o elenco sejam suficientes para cativar o público, o filme perde-se nos seus discursos filosóficos sociais-comunitários demasiado extensos e densos. Contudo a mensagem de luta por igualdade de género é clara, importante e transparente.

Tudo em todo o lado ao mesmo tempo

 Nesta edição dos Óscares 2023 não podemos criticar Hollywood por atribuir prémios sempre às mesmas fórmulas cinéfilas, e subestimando a diversidade, a criatividade e a diferença- esquecendo géneros como o terror, comédia, ação ou ficção científica. Nesta edição, "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo", que arrecadou sete Óscares, contraria a história de todos os premiados de Hollywood até então.  O filme é um misto de ação, ficção científica e comédia, que nos apresenta uma narrativa excêntrica e extravagante, puro entretenimento e elevada qualidade técnica. O elenco é exemplar e o seu expoente máximo dá pelo nome de Michelle Yeoh. Há muito que Michelle Yeoh merecia ser premiada. Faz-se então justiça. Ao seu lado, Yeoh tem a companhia de outros tantos atores sublimes,  como Jamie Lee Curtis ou James Hong. O filme tem conquistado meio mundo por se aventurar a explorar o absurdo e o abstrato com a liberdade de caricaturar o insano de todas as questões humanas sobre o existencialismo.

The Whale

 

The Whale é o filme que traz de volta Brendan Fraser aos grandes ecrãs, de quem muitos se lembram certamente, sobretudo nos anos 90. A sua nova personagem não podia ser mais desafiante: um homem gay que sofre de obesidade mórbida. E Fraser agarrou-se ao personagem com unhas e dentes e a sua interpretação é surpreendente. Além do mais, Fraser està acompanhado de ótimos atores que também honram as suas interpretações. O filme, esse, é de um guião simples, expectável, óbvio e pouco impressionante. O cenário é limitado e repetitivo, mas por opção. A narrativa passa-se sempre dentro de quatro paredes para demonstrar a ideia de abandono total à vida e a entrega (também total) à tristeza e à desistência. O espetador sentir-se-à invadido -de forma exagerada, por uma variedade de emoções que nos obrigam a ficar comovidos. Eu senti-me obrigada a ficar comovida por um desencadear de assuntos clichés que não embelezam  o filme. Todas as réstias de esperança para continuarmos fieis até ao fim residem em Brendan Fraser e na sua espetacular interpretação.

A Mulher Rei

 

Filme feminista de 2022, A Mulher Rei é baseado nos feitos das mulheres guerreiras Agojie, exército africano que protegeu o Reino de Daomé no início século XIX. Gina Prince-Bythewood, a realizadora, està verdadeiramente empenhada em dar protagonismo às mulheres e relatar feitos históricos feministas (talvez) pouco valorizados até então. As batalhas e lutas corpo a corpo säo o cenário escolhido para tal intuito.  A virilidade feminina, a rudeza, as cicatrizes, o espírito de combate e de compromisso säo realçados mas a fórmula do filme é comum a tantos outros de historia/ação: há um 'Hollywoodismo' do realismo fantástico e sensacional bem vincado.  Contudo, Viola Davis, no papel principal, atribui alguma dignidade ao filme. Ela e uma panóplia de outros atores, nomeadamente, os atores negros do filme, com representações respeitáveis. Por fim, ficamos boquiabertos (pela negativa), quando ouvimos o nosso português de Camões ser tão mal falado e tão maltratado- ou os atores faltaram às aulas de português ou este filme diz-nos muito da maneira errada como os americanos recriam África, numa narrativa vazia que só enche o espetador pelas imagens.  

Théâtre:Zypher Z

 

                                                mardi 21 février 

                                                        | 20h30 |  

                                            Le Moulin du Roc à Niort

'Pamela Anderson: Uma História de Amor'

 

Pamela Anderson: Uma História de Amor é contada na primeira pessoa, algo inédito na vida desta atriz, que viu desde sempre a sua historia ser usada e contada na terceira pessoa. E säo muitas as versões na terceira pessoa que 'perseguiram' Pamela: desde paródias, a piadas em filmes  e até mesmo numa série do Hulu (Pam & Tommy), que fala sobre o roubo de uma “sex tape” caseira, sem qualquer autorização ou consulta por parte de Pamela Anderson. O documentário é, assim, a oportunidade da atriz ter voz novamente. Contudo, é básico e vulgar. Há uma sequência de imagens de arquivo e de partes de entrevistas que säo alinhadas a leituras do próprio diário de Pamela. Os filhos da mesma interagem em diálogos com a mãe, numa espécie de comentadores das próprias vidas. Além disso, o roteiro é bastante previsível: Pamela Anderson a ler uma parte da sua vida. No entanto, mesmo não sendo criativo, o filme consegue mostrar uma Pamela Anderson que nunca vimos — ou, melhor, que nunca foi mostrada ao público na primeira pessoa.  Dificilmente será um recomeço para Pamela. Mas não deixa de ser uma forma de contar a sua história sem esta lhe ser roubada ou caricaturada.

Todo Dia a Mesma Noite

 

Inspirado no livro “Todo Dia a Mesma Noite: A História não Contada da Boate Kiss” (2018), da jornalista e escritora Daniela Arbex, Todo Dia a Mesma Noite é uma mini série que retrata o incêndio ocorrido na discoteca Kiss, em Santa Maria, Brasil. A mini série tem como principal objetivo sensibilizar a opinião publica em relação à luta dos pais que ainda não viram punidos os principais responsáveis por esta  tragédia. A tarefa é delicada , já que, e acima de tudo, há que respeitar a memoria das vitimas, há que respeitar os familiares, e evitar todas as formas de explorar a dor. A ação é social, em prol de uma causa e nunca o inverso: a causa , motor da criação artística. Na minha opinião pessoal, o respeito foi garantido , embora tudo o resto seja separado por uma linha bem ténue. A mini série acaba por ser um resumo da precariedade da justiça brasileira, a braços dados com a  corrupção e a impunidade. Todos os momentos da tragédia säo mostrados detalhadamente, com a ajuda de efeitos visuais e computorizados. Argumento e direção colaboram em equilíbrio e os movimentos de câmara escolhidos dão ao espetador a sensação de claustrofobia e agonia possivelmente vividos. A direção de fotografia optou por valorizar as belas paisagens de Santa Maria, com planos abertos e luzes naturais. Um senão: A caricatura da cultura gaúcha é algo exagerada e os sotaques acabam por parecer forçados.