sexta-feira, 30 de outubro de 2020

The Purge


O filme passa-se em 2022, altura em que os Estados Unidos foram "reagrupados" após vários anos em que a pobreza e a violência invadiram descontroladamente o país. Agora, anualmente, acontece a purgação: 12 horas em que qualquer cidadão do país pode cometer crimes sem ser condenado. Esta medida diminui a violência anual e ajuda na recuperação económica do país: os ricos usam este dia para chacinar as minorias (pobres, inválidos) que interferem no atraso do país. O argumento tem umas quantas falhas que tornam este cenário sempre fictício.  Nomeadamente na esfera económica: é impossível criar uma sociedade rica numa plataforma de equilíbrio e igualdade ao aniquilar a pobreza. Riqueza e pobreza justificam-se e criam-se uma à outra. No entanto, há no argumento um apelo lógico e consciente: onde se esconde a solidariedade humana quando a humanidade se perde? Repleto de inúmeros clichés dos filmes de terror, o filme desperdiça uma boa meia hora em narrações funcionais e banais, para depois cair vertiginosamente no ritmo agressivo e assustador que o espetador antevê desde o início. Previsível, todo este terror.


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Il était une fois à Monaco


Rayane Bensetti e Anne Serra formam um bonito par romântico e completamente inofensivo (porque nada nos prende, nos aniquila e nos perturba)  nesta comédia de um qualquer 'domingo à tarde'. O filme é um perfeito e animado cartão postal da cidade do Mónaco.
O resto é só conversa. Conversa que poucos querem ouvir. Por sorte, é de rápida visualisaçäo e de esquecimento veloz.

sábado, 24 de outubro de 2020

100 Metros

 

O filme 100 Metros conta a história de Ramón (Dani Rovira), executivo numa empresa de marketing e publicidade que descobre sofrer de esclerose múltipla. A partir de então ele estabelece como meta disputar uma prova de triatlo, ao mesmo tempo em que aceita, luta, supera e se depara com todas as dificuldades provocadas pela doença. E nós, público, testemunhamos todos os desafios fracassados e superados por Ramón. Dani Roriva, o Ramón,  desempenha bem o seu papel de vitima desta doença, mas para mim é Karra Elajalde, o Manolo do filme,  que brilha como sogro insuportável, antipático e bruto. O filme é uma abordagem digna e sincera da luta de todos os doentes que sofrem de esclerose múltipla. O resultado é portanto comovente- um retrato de persistência, adaptação, mudança, aceitação e resiliência.

domingo, 18 de outubro de 2020

The Last Shaman

 

Um documentário verdadeiro ou meia verdade meia ficção? É a duvida com que fico. Um jovem americano mergulhado numa profunda depressão decide viajar até ao Peru para encontrar a cura nos xamãs e na Ayahuasca- uma preparação alucinogénia feita de plantas selvagens. O documentário acompanha-o nas suas peregrinações e jornadas, intercalando imagens dos seus dias com imagens dos seus pais, angustiados e preocupados, à espera do seu regresso. Resumindo: não nos iludamos se quisermos descobrir o Peru. Do Peru só teremos as imagens.
James Freeman, o protagonista,  conhece vários xamãs que o encaminham em transes rituais e outras receitas que o debilitam fisicamente, numa giratória constante de emagrecimento e vómitos.  É clara a necessidade do afastamento da vida e rotina ocidental, o isolamento de tudo e de todos e a descoberta de um mundo indígena que se rege pelas leis da natureza. Mas também é clara a tendência do documentário em exagerar. Tanto que muitas das vezes soa tudo a falso. Atrevo-me portanto a duvidar da veracidade do documentário. E a lamentar o uso erróneo da cultura de um
país da América latina em prol de uma busca terapêutica para um mal estar tipicamente ocidental.