Duas horas para contar a missão de
dois oficiais britânicos em campo inimigo, durante a primeira guerra mundial, encarregados de entregar uma
carta na linha de frente que salvará milhares de vidas. 1917 é isto. Apoiado numa narrativa simples e de linguagem básica, este filme de guerra é quase excecional no que toca à forma com as cenas de ação foram filmadas. Há uma transição constante de imagens entre o que o espetador vê e o que as próprias personagens veem. E as personagens são meros adereços que o realizador utiliza a seu belo prazer, como se de um jogo de vídeo se tratasse, para completarem com sucesso a missão à qual se propõe. E estes aspetos desumanizam as personagens e conferem-lhes um vazio sentimental somente reajustado pela ação maquinal das mesmas. Mendes, o realizador, cria assim um filme sobre a primeira guerra mundial que não prestigia os heróis, não desprestigia os inimigos, não é fiel à memoria dos intervenientes e não cria qualquer empatia com os mesmo. Contudo, se o roteiro fica aquém do esperado, todas as técnicas de direção, fotografia e imagem são bastante harmoniosas. A capacidade da direção de fotografia de Roger Deakins é algo quase inacreditável: o
espetáculo visual de luzes, sombras e cores é hipnotizante. É
nesse ponto, inclusive, que também se destaca com mais intensidade a
música de Thomas Newman.
1917 é um filme de guerra que desconstrói o próprio conflito ao alienar-se dele para se focar na vontade de viver ao celebrar a obsessividade do sucesso da missão.
1917 é um filme de guerra que desconstrói o próprio conflito ao alienar-se dele para se focar na vontade de viver ao celebrar a obsessividade do sucesso da missão.
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