domingo, 26 de maio de 2019

I'm Mickael

Filme polémico e controverso, I'm Mickael é uma porta aberta à grande discussão da homossexualidade e religião. Será realmente possível ambas coabitarem em harmonia? Ou simplesmente é impossível misturá-las? Perguntas que se fazem e se expõem neste filme baseado em factos reais sobre um jovem gay americano, co- fundador da revista Young Gay America e defensor dos direitos LGTB, que após alguns episódios e reflexões pessoais, decide negar a homossexualidade e abraçar a vida de pastor numa igreja americana
A mudança radical de vida do personagem está muito aquém do merecido, no meu entender. Fica-se com a ingenua ideia de que o personagem é algo perturbado com episódios do seu passado e num momento de grande ansiedade e medo da morte, decide ouvir a fé interior e olhar para  os céus e descobrir Deus. Deus é ao fim ao cabo uma resposta desesperada para alguém que vive num momento de total interrogação. Quero acreditar que a verdade é muito mais profunda que uma simples mente perturbada que de um dia para o outro decide mudar de vida e de crenças. 
James Franco é um perturbado compulsivo radical bastante competente que se destaca entre um roteiro e direção pouco inspirados , que coloca a religião como elemento castrador e pouco libertador e a homossexualidade como principal inimiga de castrações e faltas de liberdade. Só que a dualidade de ambas as temáticas é muito mais ambígua que tudo isto. 




sábado, 25 de maio de 2019

L'Homme Fidèle

A história deste filme é tão simplesmente o reencontro de Abel e Marianne, um ex- casal separado há mais de dez anos que se reencontra após a morte do marido de Marianne. O objectivo de Abel é reconquistar o amor da sua vida que no passado o traiu e trocou pelo então marido morto. Mas agora, existem duas pessoas que marcam o percurso e reencontro dos protagonistas: o filho criança de Marianne e a cunhada da mesma, uma eterna apaixonada por Abel.
Louis Garrel, realizador e actor do filme, não foge aos seus últimos trabalhos como cineasta. A ideia dos triângulos amorosos é até agora a sua marca mais expressiva, pincelada de humor irónico e drama um tanto ou quanto melancólico. Portanto, nada muda. Garrel é o homem fiel como ator e realizador.
Planos simples e cenários simples que atribuem leveza ao filme. Este transborda qualidade no seu ritmo natural e compassado ao contar uma história bonita que vive da agitação sentimental das personagens.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Green Book

Green Book insere-se no grupo de filmes onde o racismo é tema primordial como marca do passado ainda bem exposta ao presente. Conta a história, baseada em factos verídicos, da relação entre um motorista branco e italo-americano e o célebre pianista Don Shirley, que precisava de alguém que o conduzisse numa digressão pelo sul dos EUA. E a narrativa é gradual: dois indivíduos que nada têm em comum e onde os opostos se atraem ao ponto de culminar numa bela amizade. Shirley é o negro rico e privilegiado que não é aceite pelos brancos (a não ser quando toca piano), nem é reconhecido como negro pelo excessivo privilégio que tem de ser uma 'figura pública'. O motorista é um emigrante italiano que batalha todos os dias para colocar dinheiro em casa e ferve em pouca água (à boa maneira latina). 
Green Book, o título do filme, era  um guia para viajantes negros no Sul dos EUA, indicando os sítios a evitar e aqueles mais seguros que toleram a presença de pessoas de raça negra. Para fazer jus ao título, o filme fica um bocadinho aquém, já que esta é uma versão muito suave da segregação vigente nos EUA, nos anos 60. Contudo, não podemos esquecer que o verdadeiro intuito do filme é honrar a amizade entre dois homens de raças diferentes e não relatar a verdadeira divisão entre negros e brancos. É um hino à fraternidade. Não é um documentário sobre segregação. O filme foi o vencedor do Óscar de 2019 e beneficiou das óptimas interpretações de Viggo Mortensen e Mahershala Ali.