sábado, 29 de janeiro de 2011

"Sombras"

Ricardo Pais cria Sombras como uma “espécie de paisagem cénica insólita” à volta de alguns dos grandes textos portugueses que visitou ao longo dos últimos anos: A Castro, de António Ferreira; o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa; Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, entre outros. Espectáculo multidisciplinar, que retoma alguns temas da chamada mitologia portuguesa – a passagem do tempo, o regresso de um Rei, a timidez em enfrentar o seu próprio retrato – tem no fado «o seu coração sofrido» e no fandango «a sua cavalgada eufórica». Sombras conta com a colaboração de Mário Laginha (direcção musical), Paulo Ribeiro (coreografia) e Fabio Iaquone (vídeo), para produzir uma síntese onde se cruzam fala, canto e dança, artes e linguagens que Ricardo Pais foi explorando ao longo do seu percurso artístico.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Complexo Alemão

Complexo: Universo Paralelo funciona como um lado B de Tropa de Elite (2007). Desenha-se, de resto, quase nos seus antípodas, do outro lado da barricada. Os irmãos Patrocínio vão ao fundo da favela em busca da essência dos problemas. E descobrem-na. A questão primordial do Complexo não é a violência mas sim a miséria. Ou, como é dito nas palavras nas palavras do MC Playboy, rapper residente e personagem chave: "Em vez de investirem em prisão, devem investir em educação, é uma jogada inteligente". Há uma tentativa de focar todas as perspectivas da favela, mas sempre do lado de dentro (nunca temos o olhos do polícia). Dá a ideia de uma comunidade que vive miseravelmente em harmonia; Que tem os seus espaços de diversão e os seus dramas diários de luta pela sobrevivência. Foca as pessoas simples que ali vivem. Mas não se abstém de ir até aos traficantes, em plenas vigias e até lhes dá uma oportunidade de se explicarem. "Ninguém escolhe ser traficante", é coisa que todos afirmam. Um mérito que vem dos acasos do destino é que este filme foi feito no timing perfeito, apanhando parte da invasão policial. Ouve-se um morador dizer: "dos 17 mortos apenas sete eram traficantes". E ficamos assustados com a complexidade do caso, duvidando de que lado combatem os maus. Contudo o verdadeiro murro no estômago não vem da violência desses danos colaterais, mas da incrível e triste história de Dona Célia. A mulher cuja miséria acompanhamos ao longo do filme. Passou fome e morreu-lhe um filho. E acreditem, nem o tráfego de droga nem a violência policial têm nada a ver com o assunto. Apenas a crueldade de uma sociedade que não sabe cuidar dos seus. 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Temple Grandin

Temple Grandin ganhou o maior número de Emmys: melhor filme para TV, melhor director (Mick Jackson), melhor actriz (Claire Danes), melhor actriz coadjuvante (Julia Ormond) e melhor actor coadjuvante (David Strathairn).  Com Claire Danes no papel principal, o filme narra a trajectória de Temple Grandin, engenheira, escritora e cientista em comportamento animal, que escreveu os livros "Uma menina estranha" e 'Na língua dos bichos"  e que inventou a máquina do abraço, engenhoca que a aliviava da ansiedade que lhe provocava a sua condição autista. Claire Danes recria de forma genuína sentimentos e reacções. Valeu-lhe um Globo. Bem merecido. É de histórias assim que o cinema precisa. Sem fabricar heróis, sem dramatizar desgraças. Apenas lembranças de que bondade, força de vontade e a engenhosidade de algumas pessoas podem mudar o mundo.

Inimigo Público

Luciana Abreu e Yannick Djaló comunicaram no site da cantora que vão baptizar a sua filha com o mimoso nome de Lyonce Viiktórya. No entanto, o INIMIGO sabe que Djaló não está contente por passar tanto tempo a coçar a micose no banco do Sporting e, caso dê o salto para o Benfica, é provável que mude o nome da miúda para Águya Euzébyya Viiktórya. Se for para o FC Porto, a criança deverá passar a chamar-se Dragonce. 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ricky Gervais dificilmente voltará a apresentar os Globos de Ouro

Passado o momento da consagração do filme "A Rede Social", de David Fincher, foi da actuação de Ricky Gervais como mestre-de-cerimónias que mais se falou após o final da 68ª gala dos Globos de Ouro, na noite de domingo, no Beverly Hilton Hotel de Los Angeles. A impressão generalizada é a de que o actor britânico de 49 anos, tornado famoso com as séries televisivas "The Office" e "Extras" dificilmente voltará a ser convidado para apresentar os prémios da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA).
"Ele foi demasiado longe nas piadas, e os agentes de alguns actores queixaram-se", disse um membro da HFPA, citado pelo jornal "El País", referindo-se à actuação de Ricky Gervais, que pela segunda vez consecutiva foi convidado a apresentar os Globos de Ouro. De facto, foram muitas as estrelas, presentes e ausentes da cerimónia, que o cómico britânico contemplou com as suas farpas e piadas bem ácidas ao longo da noite. E se muitas delas foram recebidas com gargalhadas pela plateia, outras arrefeceram a atmosfera da sala.
Logo na apresentação da gala, Gervais meteu-se com um actor que não se encontrava na sala. "Esta será uma noite de festa e bebedeira, aquilo a que Charlie Sheen chamaria o seu pequeno-almoço". Presentes no Beverly Hotel, e parece que não muito agradados com as palavras que ouviriam a seguir, estavam o par Johnny Depp-Angelina Jolie, protagonistas de "O Turista", e o marido da actriz, Brad Pitt. "2010 foi um grande ano para os filmes em 3D: ‘Toy Story', ‘Gru', ‘Tron'... Parece que este ano era tudo tridimensional, à excepção das personagens de ‘O Turista'", ironizou Gervais.
O cómico também não poupou Cher, protagonista do musical "Burlesque" - "Queres ir ver a Cher a Las Vegas? Não. Porquê? Porque não estamos em 1975!" -, nem alegadamente John Travolta e Tom Cruise, quando se referiu a um dos filmes ausentes na lista dos nomeados: "‘Amo-te Philip Morris' é um filme em que dois heterossexuais interpretam dois gays, ao contrário de alguns famosos cientologistas"...
Já sobre os filmes que foram seleccionados para os Globos de Ouro, parodiou as referências a subornos ("Burlesque") ou à estratégia da HFPA para garantir a presença na gala de estrelas como o par Brangelina e Depp. Além de que se meteu ainda com Mel Gibson e a sua fobia relativamente aos judeus, Robert Downey Jr e a sua familiaridade com as prisões americanas, e Bruce Willis, a quem chamou "papá de Ashton Kutcher", numa referência ao actual marido de Demi Moore, a ex-mulher do actor de "Pulp Fiction".
Ainda durante a cerimónia, dois momentos marcaram o alinhamento: a intervenção crítica de Tom Hanks e Tim Allen, ao apresentaram o Globo de Ouro para a melhor comédia musical. "Ainda nos lembrámos de quando Ricky Gervais era um cómico algo gordito mas muito gracioso e delicado. Agora não é uma coisa nem outra". E o longo período de tempo em que, a meio da gala, Gervais esteve sem aparecer em palco, o que levou muita gente a dizer que ele teria sido repreendido pela organização.
O próprio actor-apresentador nega, numa declaração colocada no seu blogue e citada pelo "The Hollywood Reporter", que tenha existido qualquer alteração ao alinhamento inicialmente previsto. "O boato de que a organização me impediu de voltar ao palco durante uma hora é obviamente um disparate", escreveu. E afiançou que os Globos de Ouro lhe correram melhor este ano do que em 2010, além de que o ambiente na festa pós-cerimónia era o melhor possível, assegurando ter bebido um copo com Tim Allen e Tom Hanks.
Houve quem tivesse visto na actuação de Ricky Gervais um gesto calculado para não voltar a ser convidado para os Globos de Ouro. O próprio terá anunciado, antes da cerimónia, que esta seria a sua última gala. A verdade é que a impressão dominante é que a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood dificilmente o voltará a convidar para o ano, e esta convicção passa pelas crónicas escritas na imprensa americana a seguir à gala de Los Angeles - Alessandra Stanley, do "The New York Times", classificou Gervais como "mestre-de-cerimónias, mas não de urbanidade". Mas também houve quem o defendesse e elogiasse, como Ken Tucker, no "Entertainment Weekly: "Obrigado a Gervais pela sua grosseria divertida, que faz com que assistir à cerimónia dos Globos de Ouro seja um prazer".

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

“The Golden Globes” – Os Vencedores

A gala dos Globos de Ouro 2011, que se realizou domingo à noite em Los Angeles, Estados Unidos, consagrou o filme "Rede social" como melhor filme do ano e "Glee" na categoria das séries.
O filme que retrata a criação do Facebook arrecadou quatro Globos de Ouro, sendo que "Os miúdos estão bem" e "The fighter" ficaram em 2.º lugar ao vencerem dois Globos de Ouro cada um.
Em relação às séries a vencedora foi "Glee" que arrecadou três Globos de Ouro, enquanto "Broadwalk Empire" ficou em 2.º lugar ao vencer dois prémios.
Colin Firth venceu o prémio para o melhor ator dramático com o filme "O discurso do rei", enquanto Natalie Portman venceu a categoria de melhor atriz dramática graças ao seu papel em "O cisne negro".
Lista completa de todos os vencedores nas 25 categorias:
Melhor Drama:"Rede Social"
Melhor ator (drama):Colin Firth em "O discurdo do rei"
Melhor atriz (drama):Natalie Portman em "Cisne negro"
Melhor Musical ou Comédia:
"Os miúdos estão bem"
Melhor ator (musical ou comédia):Paul Giamatti em "Barney’s Version"
Melhor atriz (musical ou comédia):Annette Bening  em "Os miúdos estão bem"
Melhor filme estrangeiro:"In a Better World" (Dinamarca) – Susanne Bier
Melhor filme animação:"Toy Story 3"
Melhor ator secundário:Christian Bale em "The Fighter"
Melhor atriz secundária:Melissa Leo - The Fighter
Melhor realizador:David Fincher - Rede Social
Melhor argumento:Aaron Sorkin - Rede Social
Melhor banda sonora:Trent Reznor & Atticus Rose - Rede Social
Melhor música original:“You Haven’t Seen the Last of Me” - Burlesque
Melhor ator (série de comédia):Jim Parsons - The Big Bang Theory
Melhor atriz comédia:Laura Linney - The Bic C
Melhor série (comédia):Glee
Melhor ator secundário (série, mini-série ou telefilme):Chris Colfer - Glee
Melhor atriz secundária (série, mini-série ou telefilme):Jane Lynch - Glee
Melhor actor (telefilme e mini-série):Al Pacino - You Don’t Know Jack
Melhor actriz (telefilme e mini-série):Claire Danes - Temple Grandin
Melhor telefilme ou mini-série:Carlos
Melhor ator (série de drama):Steve Buscemi - Boardwalk Empire
Melhor atriz (série de drama):Katey Sagal - Sons of Anarchy
Melhor série (drama):Broadwalk Empire

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tron - O Legado




Há 28 anos estreava, nos cinemas, Tron - Uma Odisséia Eletrônica. O filme que, na época, revolucionou o modo de se fazer ficções científicas, recebe agora, a sua sequência. Percebi que não é preciso ter visto o original para desfrutar de "O Legado". 
Sam Flynn cresce sem a presença do pai. Entretanto, o jovem descobre que o mesmo acabou preso no próprio universo que criou. Agora, cabe a Sam resgatá-lo e para isso ele terá que enfrentar os diversos perigos do mundo cibernético e o temível programa CLU, o qual vê em Sam uma passagem para o mundo real. 
 Tron - O Legado, apresenta um resultado algo positivo, talvez, por não querer ser grande demais. O que se vê é uma história simples e que diverte. 
O filme impressiona nos efeitos especiais e funciona graças à competência de Jeff Bridges.
Olivia Wilde é outra que não decepciona. A reveleção da série "House" mostra que não é apenas um rosto bonito.
É mais um filme que cumpre o seu dever e conquista o espectador com a tecnologia da qual dispõe. Ah! E a música composta pelo Daft Punk dá um ritmo muito bom às cenas de acção.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cármen Miranda vai ter selo nos Estados Unidos

O selo dedicado a Cármen Miranda, a lançar em Março deste ano, integra-se numa nova série de selos comemorativos para o ano de 2011 que incluem vários ícones do mundo do espetáculo e da música, segundo informação divulgada pelos correios norte-americanos (USPS).
Maria do Carmo Miranda da Cunha (Cármen Miranda) nasceu no concelho de Marco de Canavezes, em 1909 e emigrou com a família para o Brasil quando tinha apenas 10 meses de idade.
Em 1933 tornou-se a primeira cantora a assinar um contracto com uma rádio no Brasil, a Rádio Mayrink Veiga, ao que se seguiu a RCA Records e a entrada no cinema; em 1939 muda-se para os Estados Unidos, onde inicia uma carreira de grande sucesso com a participação em vários programas de rádio, televisão, musicais.
Participou também em 14 filmes, chegando a ser a estrela mais bem paga de Hollywood em 1946.
A colecção de 70 selos sem valor facial, que mantêm sempre o valor da estampilha doméstica mínima, denomina-se “Forever” (para sempre).
Esta colecção teve início em 2007 com o chamado “Sino da Liberdade”, imagem do famoso sino de Filadélfia ligado à história da independência dos Estados Unidos e até hoje mais de 28 mil milhões de selos desta colecção foram vendidos no país.
A colecção de 2011 homenageia “cinco figuras lendárias do mundo do espectáculo e dos sons latinos que tiveram um impacto na música americana”, nomeadamente Tito Puente, Selena Quintanilla-Perez, Carlos Gardel e Celina Cruz.
Outros homenageados são o ex-presidente Ronald Reagan, os actores Helen Hayes e Gregory Peck, pioneiros da indústria norte-americana, cientistas, o escritor Mark Twain, acontecimentos históricos e até alguns dos heróis da Pixar Filmes.
Cármen Miranda tem uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood e uma praça com o seu nome na cidade de Los Angeles.
O seu último filme -- Scared Stiff -- data de 1953 e marcou o fim da sua carreira, pois a actriz viria a falecer dois anos depois, em 1955, vítima de ataque cardíaco, sendo sepultada no cemitério de São João Baptista, no Rio de Janeiro. 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Eco, 30 anos depois de "O Nome da Rosa"

Umberto Eco chega este ano a Portugal em dose dupla. O seu novo romance "O Cemitério de Praga" sairá na Gradiva em Março e surge trinta anos depois do best-seller "O Nome da Rosa". Através da personagem Simonini, um falsificador de documentos que vive em Paris, em 1897, se dedica também à venda de hóstias sagradas para missas satânicas, o escritor italiano revê toda a história do século XIX. Simonini, a personagem mais cínica e antipática de toda a história da literatura que odeia judeus e mulheres,  é inventado mas tudo o resto aconteceu, pelo romance passam personagens históricas como Dreyfuss, Freud e Garibaldi. Em Itália o romance vendeu 650 mil exemplares num mês. Lá para o final do ano, sairá na Dom Quixote não ficção, o primeiro volume dos quatro que constituem a "História da Idade Média" de Umberto Eco.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Morreu o pintor moçambicano Malangatana

O pintor, de 74 anos, encontrava-se internado há vários dias naquele estabelecimento hospitalar.
Malangatana vendeu os primeiros quadros há 50 anos e com o dinheiro arranjou uma casa e foi buscar a família para Maputo. Meio século depois, morreu um homem do mundo, um amigo de Portugal e um dos moçambicanos mais famosos.
Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 6 de junho de 1936 em Matalana, uma povoação do distrito de Marracuene, às portas da então Lourenço Marques, hoje Maputo. Foi pastor, aprendiz de curandeiro (tinha uma tia curandeira) e mainato (empregado doméstico).
A mãe bordava cabaças e afiava os dentes das jovens locais (uma moda da altura), o pai era mineiro na África do Sul. Com a mãe doente e um pai ausente, Malangatana foi viver com o tio paterno e estudou até à terceira classe. Aos 11 anos começou a trabalhar porque já era “adulto” e podia fazer tudo, de cuidador de meninos a apanha-bolas no clube de ténis.
Nos últimos 50 anos foi também muito mais do que pintor. Fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, actor, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até deputado, da FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência.
Ainda que o seu lado político seja o menos conhecido, Malangatana chegou a estar preso, pela PIDE, acusado de pertencer à então FRELIMO, sendo libertado ao fim de 18 meses, por não se provar qualquer vínculo à resistência colonial.
Na verdade Malangatana viveu parte da sua adolescência junto dos colonos portugueses, os mesmos que o iniciaram na pintura, primeiro o artista plástico e biólogo Augusto Cabral (morreu em 2006) e depois o arquitecto Pancho Guedes.
Augusto Cabral era sócio do Clube de Ténis, onde trabalhava um tio do pintor. “Um apanha-bolas nas partidas de ténis era um tal Malangatana Ngwenya (crocodilo), que, no fim de uma tarde de desporto, se acercou de mim para me pedir se, por acaso, eu não teria em casa um par de sapatilhas velhas que lhe desse”, contou Augusto Cabral em 1999.
O pintor iria “nascer” nessa noite, quando Malangatana foi a casa de Augusto Cabral e o viu a pintar um painel. “Ensine-me a pintar”, pediu. E Augusto Cabral deu-lhe tintas, pincéis e placas de contraplacado. “Agora pinta”, disse ao jovem, ao que este perguntou: “pinto o quê?”. “O que está dentro da tua cabeça”, respondeu Augusto Cabral.
O jovem viria a ter também o apoio de outro português, o arquiteto Pancho Guedes, que lhe disponibilizou um espaço na garagem de sua casa de Maputo e lhe comprava dois quadros por mês, a preços inflacionados. Em poucos meses Malangatana quis fazer uma exposição e foi, para espanto confesso de Augusto Cabral, um enorme sucesso.
Nas pinturas, nessa altura e sempre, Matalana, onde nasceu e cresceu e onde frequentou a escola da missão suíça de até à segunda classe. Menino pastor, agricultor, caçador de ratos com azagaia, viria a estudar só mais um ano. Fica-lhe Matalana no pincel, a opressão colonial, a guerra civil. A paz reflecte-se numa pintura mais otimista e nos últimos anos foi um carácter mais sensual que a caracterizou.
E sempre o quotidiano. “Há sempre um manancial de temas a abordar. São os acontecimentos do mundo, às vezes tristes, outras alegres, e eu não fico indiferente. Seja em Moçambique, ou noutra parte do mundo, a dor humana é a mesma", disse numa entrevista à Lusa, ainda recentemente.
Já homem, com a pintura como profissão, confessou ao jornalista Machado da Graça que sentia grande aproximação com os artistas portugueses desde os anos 70, quando foi pela primeira a Portugal, como bolseiro da Gulbenkian.