quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Mother

 Laço Materno é um filme dedicado a afirmar que a personagem Akiko é a pior mãe do mundo. Negligente com o filho Shuhei, agressiva com a família que se afasta por não suportar mais o seu vicio em jogos e vadiagens, ela tem poucos momentos para vingar em lucidez. O seu papel é sempre o da irresponsabilidade maternal, o da negação perante uma sociedade que trabalha, tem direitos e deveres, o da marginalidade e o da insensibilidade. E Shuhei é o menino que resolve, que sobrevive sozinho, que é adulto sem poder ser criança. No entanto, o foco do filme não é Shuhei, mas sim a sua mãe. Se o foco estivesse na evolução de Shuhei, estaria tudo muito bem. Mas não. O foco é sempre a mãe, camuflada em perfeita vilã. E aqui o filme estrangula-se a si próprio. Porque a personagem é e será sempre massacrada em espiral como a principal malvada mas não apresenta resolução nem explicação para tal. Nem uma simples oportunidade para a própria vilã respirar. E o laço que tanto se quer explorar acaba por matar o núcleo destas personagens que vivem sempre num beco sem saída. E a nós, espetadores, é-nos apresentado um núcleo de personagens forte e interessante para depois se esfumar em leituras circulares, supérfluas e preguiçosas.


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