segunda-feira, 3 de agosto de 2020

IO

Filme dirigido por Jonathan Helpert e que retrata o planeta Terra em completo abandono, após a poluição chegar a níveis catastróficos. Este acontecimento obriga a população existente a encontrar formas de sobreviver fora do planeta Terra- é criada a Operação Exôdo, onde são enviadas naves com habitantes da Terra para uma colônia em IO, uma das luas de Júpiter. Neste cenário, a cientista Sam Walden (Margaret Qualley) decide ficar na Terra para tentar provar que as teorias de seu pai estariam certas, e que é possível adaptarmo-nos às mudanças e sobreviver. Vivendo numa espécie de laboratório, Sam consegue produzir a sua própria comida e trabalhar nas suas pesquisas, além de interessar-se por arte, filosofia, e comunicar-se por e-mail com seu namorado Ellon, que foi enviado para IO. A rotina de Sam muda quando uma tempestade destrói toda sua pesquisa científica, e Ellon envia-lhe um e-mail onde a informa que a última nave partirá para IO em poucos dias e que não haverá retorno à Terra. Sam decide então partir, mas antes é surpreendida pela chegada de Micah (Anthony Mackie), que viaja num balão de gás hélio até ao laboratório, esperando encontrar o pai de Sam e reforçar a sua crença de que a Terra ainda pode ser um planeta habitável. IO é um filme com apenas três atores, poucos cenários e muitos efeitos especiais. O filme vive dos diálogos entre as personagens e tem muito pouco ou quase nada de ação. Mas precisava de diálogos mais profundos e mais ricos para alcançar o devido sucesso. Porque tudo nos é longínquo e ausente e nada do que façam as personagens chega a ser desafiante ou interessante. O objetivo de IO até é de grande nobreza: apelar à consciência humana sobre os danos causados pela poluição e alertar para as possíveis consequências da degradação do planeta. Esta temática não é sentida de forma explícita, mas subentende-se durante todo o enredo e permite que cada um de nós tire as suas próprias elações.  IO não faz parte das superproduções de filmes de ficção cientifica. Não vive do espetáculo visual e da pura fantasia. Io faz parte dos filmes reflexivos e intrigantes. Vive de uma história coerente que reflete a solidão e a esperança. Mas falta-lhe coerência e profundidade para não ser o que é: frágil e por vezes enfadonho.