sábado, 18 de outubro de 2014

Um Castelo em Itália


Aos 43 anos, Louise (Valeria Bruni Tedeschi) depara-se com o maior dilema da sua vida: ao mesmo tempo que espera o primeiro filho, é obrigada a cuidar do irmão Ludovic (Filippo Timi), que está hospitalizado devido a uma doença terminal. A somar a tudo isto, tem de avaliar a relação com Nathan (Louis Garrel), o seu jovem namorado, e resolver as questões práticas associadas à venda do velho castelo do seu pai, localizado em Itália.
Com realização de Valeria Bruni Tedeschi  que escreve o argumento em parceria com Noémie Lvovsky e Agnès de Sacy, um filme sobre relações familiares que esteve em competição pela Palma de Ouro na edição de 2013 do Festival de Cannes. 
O filme tem pormenores idênticos à vida da realizadora. Quiça este encaixe na tentativa de resolver alguns fantasmas pessoais. É uma boa comédia em humor algo cinzento e grotesco sobre as dificuldades e os dramas de uma família rica à beira do colapso nervoso, da ruína económica e da perda do património. No entanto, a sequência narrativa perde algumas vezes o bom senso, copiando a personalidade das personagens. É Valeria Bruni Tedeschi com uma atuação leve, descontraída e eficaz que sustenta o filme quando ele nos parece cair narrativamente por ali abaixo. Para ver, rir e perceber que nem só de lágrimas vive a dor

sábado, 4 de outubro de 2014

A cadeira que queria ser sofá


«A cadeira que queria ser sofá» é o título de uma das três histórias reunidas no livro com o mesmo nome, escritas pelo dramaturgo e encenador brasileiro Clovis Levi, à época professor na Escola Superior de Educação de Coimbra. Foi editado em 2012 pela editora conimbricense Lápis de Memórias e recebeu no ano seguinte o Prémio Nacional de Ilustração. 
Notando algumas das características que tornam tão singular a obra da ilustradora de Coimbra, os jurados assinalam a «evidente relação com o formato diário gráfico, caderno de esboços ou scrap book», bem como «o desenho por tentativa e erro e o apelo ao táctil». Na análise concreta do livro premiado, foi realçado «o valor plástico arrojado na figuração e na representação alegórica da morte e da solidão» e a forma como as ilustrações respondem ao texto «de forma simultaneamente coerente e desconcertante».
O trabalho premiado esteve em destaque no stand da DGLAB na edição deste ano da Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha (Itália), um dos mais importantes certames da área em todo o mundo. Antes de Coimbra, a exposição, que reúne cerca de 50 ilustrações, passou pela Amadora (24º Festival Internacional de Banda Desenhada), pela Figueira da Foz e por Beja (X Festival Internacional de BD).
Para a apresentação na sua cidade, que conta com o apoio da Câmara Municipal, a autora preparou um enquadramento especial, com cenografia da artista plástica Filipa Malva.
 Às cerca de 50 ilustrações que integram a exposição original, junta várias ilustrações de grande formato, concebidas propositadamente para este contacto com o público de Coimbra.
A inauguração da exposição aconteceu no dia 9 de Setembro e esteve patente até hoje. Eu fui e posso dizer que gostei imenso das ilustrações. Muito mais que da obra que ilustra. O traço irregular propositado, o colorido que dá a ideia de textura, e a infantilidade expressiva de cada desenho cativaram-me. Uma palavra ao trabalho de cenografia de Filipa Malva: genial.