segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Eis a resposta a Almodóvar
E o Vaticano disse:"Bento XVI não precisa de sair do Vaticano para se aperceber da existência de outros fenómenos sociais.A Igreja Católica está presente em todos os contextos humanos e certamente conhece melhor como funciona o mundo." E referiu ainda que "todos os fenómenos a que Almodóvar se referiu são marginais, se se tiver em conta o total do planeta." O Vaticano termina com a seguinte questão:"certa cinematografia quer ser um reflexo da sociedade ou, pelo contrário, quer incidir sobre a realidade social para modificar os seus valores éticos e culturais?"
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2 comentários:
Olá Bé!
O mais incrível é que ambos têm razão. Nesta questão, estamos perante um empate. Nem podemos negar e/ou segregar aqueles que têm uma orientação "diferente" (se é que o termo diferente é correcto, porque, na realidade, cada um tem a sua orientação), seja sexual ou religiosa, nem podemos deixar de reconhecer que os fenómenos que o Papa considera que "são marginais, se se tiver em conta o total do planeta" são mesmo assim: representam uma gota de água, se considerarmos que a humanidade é um copo a transbordar. Mas, claro, todas as gotas contam e merecem o seu respeito. No entanto, não posso ainda deixar de concordar que há uma corrente cada vez mais forte — e não só no cinema, embora também — a empurrar para cima a homosexualidade e sobretudo aqueles que associam isso a um modo de viver muito próprio, precisamente para, através dessa crescente visibilidade, ganharem uma dimensão tal que consigam concretizar a "ameaça" que o Papa tanto teme quando se interroga se não querem "incidir (a sua acção, acrescento eu) sobre a realidade social para modificar os seus valores éticos e culturais". Claro que quando assistimos, como eu já tive oportunidade, a um desfile como a Gay Parade de São Paulo, onde a enorme Avenida Paulista encheu com mais de três milhões de membros deste grupo da sociedade, não podemos continuar a negar o fenómeno, nem a legitimidade das suas pretensões. Não me choca que casais gays possam criar filhos, pois a orientação sexual dos humanos não é hereditária nem se pega.
De resto, só uma última palavra sobre a Igreja católica. Antes disso, convém esclarecer que não sou beato e raramente entro numa Igreja, especialmente para ouvir missa e morrer de sono com sermões que não me dizem nada. Mas quem conhece África, ou a América do Sul, para dar dois fortes exemplos, tem de reconhecer a elevada importância do papel da Igreja católica no apoio às comunidades, sobretudo as mais carenciadas. É que apesar de todos os defeitos que nós, por aqui, reconhecemos, lá são dos poucos que apoiam as comunidades sem lhes cobrar o dízimo, e a sua voz activa junto de regimes ditatoriais tem servido de protecção. Talvez seja para aliviar a consciência do Vaticano ter cooperado com o regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial, mas o passado é isso mesmo: já passou e não podemos mudar a história. embora seja uma tentação tão grande...
Beijo,
Alexandre Correia
PS - Desculpe se me entusiasmei com a escrita.
Alexandre,
Serão sempre bem vindos os entusiasmos com a escrita.
Abraço
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