sexta-feira, 21 de agosto de 2009

CCB..Hoje!


No programa que o CCB dedica a África, a francesa Julie Dossavi apresenta-se como um ser compósito de referências tanto ancestrais como contemporâneas, tanto europeias quanto africanas.
Nascida em Toulon em 1968, Dossavi, hoje com 41 anos, cresceu em Brest, na Bretanha, e mudou-se para Paris apenas no final do liceu. Foi primeiro atleta, depois patinadora e só depois bailarina, trabalhando com nomes conhecidos da cena francesa como Philippe Decouflé e Joseph Nadj. Mas África foi uma presença constante na sua família originária do Benin: "É o que tenho em mim desde sempre e eu acho que as pessoas não podem esquecer as suas raízes, de onde vêm", diz.
Datada de 2003, "P.I. (Pays)" evolui ao longo de um dia e da viagem ritual de uma mulher ("uma mulher do mundo", como diz Dossavi) que atravessa diferentes paisagens íntimas tingidas com a influência da música e dança do Benim, Mali, Burkina Faso e, claro, França.
Rituais ancestrais, sim, mas também contemporâneos, ligados às grandes zonas urbanas, como na música "tecno" e o "hip hop": está tudo lá, a emergir estilizadamente através de Dossavi numa série de solos e duetos em que percussionistas africanos e sobretudo um cantor maliano surgem como alter-egos da coreógrafa e bailarina.
Não vale a pena tentar ir muito mais longe do que isto: "Realmente eu não faço parte da dança chamada conceptual. Eu estou na dança pura, na troca, na transmissão do sentimento. Gosto quando as pessoas vêem o meu trabalho e sentem. Porque para mim a dança é realmente um estado: vivo a dança da cabeça aos pés."
É um clássico de quem vai à procura das suas origens: "Acho que me sinto mais africana do que os africanos. Às vezes não podemos explicar tudo."

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