sábado, 5 de dezembro de 2009

Se...

Coragem... Se soprasse uma brisa, qualquer aragem, eu já tinha partido.
Assim parto os pés e as pernas de cada vez que cobardemente caminho contra a minha própria vontade.
Vontade...Se tivesse sempre apetite já me tinha saciado.
Assim satisfaço a minha gula e nunca a minha fome.
Fome...Se uma cabeça de peixe aparecesse constantemente à mesa eu já tinha viajado.
Assim viajo a imaginação e deixo o corpo preso ao leme.
Leme…Se eu soubesse nadar já me tinha primeiro afundado.
Assim, vou até ao fundo do meu ser e quase que morro angustiada.
Angústia…Se o vento me acalmasse eu já tinha sossegado.
Assim sossego os outros enquanto eu me deixo estar...
Estar… Se me ensinassem como é talvez não quisesse regressar
Assim regresso em cada verso com mais vontade de amar.
Amar… Se o tempo me empurrasse eu já tinha fugido
Assim fujo em busca do empurrão…
Só não quero ficar...
Quero correr mesmo com os pés partidos, mesmo cheia de fome,
Quero quebrar o leme mesmo que me afunde,
Só não quero estar com vontade de amar,
Só quero cair para não ter que ficar...

2 comentários:

Alexandre Correia disse...

Olá Bé,

Se... perdemos as dúvidas, a vida perde também alguma da sua piada. Porque quando só temos certezas, deixamos de sentir a emoção do desconhecido, desvanecem-se os mistérios e tudo o que nos acontece é exactamente aquilo que esperávamos que acontecesse. E perdíamos talvez essa inspiração que nos leva a fazer tantas coisas. Como os textos que escrevemos, os pensamentos que partilhamos...

Beijo,

Alexandre

PS - Se... a compreendo bem!

disse...

Alexandre: :)

Bom bom, é poder ouvir depois o Se de Djavan...

Abraços...