sábado, 17 de outubro de 2009

Saturday night


Encontrei um texto que justifica a minha escolha pelo Jamaica de cada vez que saio à noite:

"Lisboa, Cais do Sodré, Jamaica, 1975. - Mário Dias tem 23 anos e é convidado para pôr música. A rádio estava-lhe no horizonte e aquele era o passaporte ao seu alcance. Num ápice, desenhou a fundo o rosto do clube nocturno. Na época quente do pós 25 de Abril permitiram que a cabine de som transmitisse em directo as mensagens que queria passar. O microfone era tão utilizado como os pratos para os discos. A discoteca era o ponto de encontro das várias alas de esquerda, gente nova, entre os 18 e os 30, a sonhar ou a trabalhar nos jornais, no cinema, na música, nas artes. «Lembro-me do Eduardo Prado Coelho ter chegado a escrever que aquilo era a jamaicização da esquerda portuguesa», conta Mário Dias. «A malta sabia ao que ia. O espaço não era grande e as relações de amizade eram enormes», continua, tendo consciência que o que fez no Jamaica até 1987 era impensável nos dias de hoje. A música tinha uma linha perfeitamente definida. Música maioritariamente portuguesa, popular e rock, muito blues e reggae também, algum punk e new wave. «Nada de disco sound. Não passava nada que fosse mainstream, só o que era novo e bom. O lixo não entrava ali», lembra sem saudosismos. Até porque, quando tem vontade de sair à noite, é ao Jamaica que continua a ir. Sente-se lá bem e volta à cabine. Foi sempre assim. Mas agora há uma razão mais forte para o fazer. Bruno, o actual DJ residente do clube do Cais do Sodré, é o seu filho mais velho. «Estas coisas passam de geração em geração. Os miúdos que lá vão hoje costumam dizer ao Bruno que a mãe ou o pai me conhecem...»


In Público

2 comentários:

lumadian disse...

Fui lá muitas vezes, apenas não gosto do exterior. É uma zona bastante degradada e muitas vezes tive de me cruzar com indivíduos estranhos que urinavam nas paredes das ruas.

disse...

"Individuos estranhos que urinavam nas paredes das ruas" fez-me rir muito. Sei lá, talvez por imaginar-te a dizer isto. Mas concordo contigo...a zona é terrivel e a rua cheira mal...(há conta de individuos estranhos que continuam a urinar nas paredes das ruas).
No entanto, bom saber que também foste "jamaicano" :)