O livro já saiu em Novembro do ano passado, mas só agora, mais de 50 mil exemplares vendidos depois, é que a polémica se instalou no Japão. Em causa está a publicação, em versão manga, do livro de Adolph Hitler, Mein Kampf (A Minha Luta, 1924), numa colecção da East Press, que tem dado também a ler, por via deste popular meio de divulgação naquele país, "grandes clássicos da literatura universal pouco conhecidos do público japonês", como referiu o editor Kosuke Maruo, citado pela Efe. E acrescenta ter sido sua intenção, ao editar Mein Kampf, que "um livro tão famoso como este esteja acessível para que as pessoas o leiam mais facilmente". "Não queremos fazer a apologia de ideias que sabemos terem conduzido a uma tragédia; queremos apenas que cada pessoa forme a sua opinião", acrescentou Kosuke Maruo.
Mas é isso que actualmente discutem muitos dos leitores e participantes no debate na internet: uns vêem nesta edição em BD, cuja audiência tem sempre muitas crianças e jovens, uma forma de condicionar e (de)formar o seu pensamento; outros acham que é bom poder conhecer a fundamentação teórica do nacional-socialismo e do nazismo para evitar repeti-lo.
O que é verdade é que, com esta edição manga, o livro e as ideias de Hitler estão a chegar a muito mais leitores do que aqueles que se interessariam por eles se se tratasse de uma edição normal. Também é verdade que uma edição anterior, O Capital, de Karl Marx, na mesma colecção, atingiu os 120 mil exemplares vendidos, bem mais do que A Metamorfose, de Kafka, ou O Mercador de Veneza, de Shakespeare.
Mas o que agora está mesmo a motivar polémica é a edição do livro de Hitler, que muita gente está a exigir que seja retirada das bancas, por considerar que ele pode ajudar à "lavagem" da imagem histórica do ditador que promoveu o Holocausto. Mesmo que o editor tenha tido a preocupação de incluir o enquadramento histórico do nazismo, da chegada de Hitler ao poder e do Holocausto.
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