Alejandro González Iñárritu abandonou as múltiplas histórias entrecortadas e montagem frenética de Babel e Amores Brutos para se dedicar a apenas um personagem. O resultado foi o Biutiful, no qual o cineasta mexicano mergulha na dor de um pai quase como um processo terapêutico. Um filme propositadamente desconfortável.
Como realizador, Iñárritu expõe-se imensamente e chama um grande ator a fazer o mesmo: Javier Bardem. Bardem incorpora a destruição de Uxbal, quarentão que vive a explorar imigrantes chineses, além de ser pai de dois filhos pequenos e precisar prepará-los para a morte que se aproxima.
Mas o que Iñárritu propõe é registar um homem oprimido ou pela força da natureza (morte) ou pela conjuntura social. Do lado de fora da casa de Uxbal, está o mundo. Lá a situação é pior ainda. Aí, Iñárritu voltou a trazer a política para os seus filmes, assim como fizera em Babel, a partir de dramas familiares. Mas, sejamos sinceros, neste filme, o que importa mesmo é Uxbal.
Biutiful atinge a intensidade pretendida ao sufocar o seu personagem. Mesmo sem um roteiro poderoso, Iñárritu tenta remediar quase tudo com a câmera. Na maioria das vezes consegue. Mas nem sempre...
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