Rebenta a ânsia que temporalmente me visita...
Ânsia pintalgada de saudade, desânimo e desenquadramento.
Boom! Porque o enquadramento é saudoso demais.
Pinto a saudade de amarelo, azul antigo e rosa estalado
Em tela esfarrapada de um domingo que imita a segunda feira.
No pincel salpicado de amarelo, esborra-se a loucura esquizofrénica
De alguém perdido nas listas brancas de uma passadeira em estrada negra de alcatrão.
E os carros apitam na minha cabeça...
Explode o espanto em confusão.
Nas pinceladas cobertas de azul, escorre o suor frustrado
De uma corrida matinal que grita em dor musculada antiga de um braço em ruptura.
E as ambulâncias apitam na minha cabeça...
Explode o desânimo em erupção.
Na pintura rabiscada com base rosa estalada, emerge a antiga ligação possível
E o presente impossível de dias saborosos e gulosos, polvilhados de açúcar e mousse de chocolate.
E as vozes familiares abraçam o eco de neurónios que assimilam recordações.
Ouço apitos!
Explode a saudade em manifestação!
Saudade que rapta em enquadramentos desenquadrados.
O amarelo suja-me delicadamente as mãos de um brilho em raios de sol parisienses.
O azul escorre-me pela testa em antigos clarões lunares de Alfama.
O rosa invade-me a alma em múltiplos dejá vu perpendiculares, que partem de Lisboa a Oriente para uma Guarda a Ocidente.
E os encontros confusos continuam a fugir da imaginação que pinta!
Talvez pinte uma passadeira para carros e não para peões... em Paris!
E as corridas matinais continuarão a exercitar músculos que se rompem.
Talvez pinte a dor para romper telas e não músculos...em Alfama!
E os dias com ligações saborosas e gulosas continuarão a falar bem alto nos ouvidos das recordações.
Talvez pinte o sabor e a gula para provarem imagens mortas e não devorarem recordações...em Lisboa!
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