quarta-feira, 13 de julho de 2011

"Petit Tailleur", de Louis Garrel

2011 pode ter o maior número de filmes nacionais a concurso nos 19 anos do Curtas (Vila do Conde), pode ter Spike Jonze e os Arcade Fire, Rodrigo Areias e Tigerman, Pedro Costa e João Pedro Rodrigues - nada disso invalida que, para já, haja um filme que se eleva clarissimamente acima de todos os outros no arranque da competição.
E vem de um actor: Louis Garrel, o novo "menino de ouro" do cinema francês, cuja segunda curta-metragem como realizador, "Petit Tailleur", dá dez a zero a noventa por cento da produção francesa corrente de "tamanho grande" (para já não falar da maior parte da competição já exibida, nacional ou internacional, do Curtas deste ano). De caminho, também mostra que isto do "espírito do tempo" ou se agarra ou não se agarra, e que a Nouvelle Vague não precisa de ser uma influência cristalizada, parada no tempo.

Rodado num luminoso preto e branco, "Petit Tailleur" - "O Costureirinho" numa livre tradução portuguesa - é a história da paixão assolapada, e possivelmente impossível, entre um aprendiz de alfaiate (Arthur Igual) e uma actriz mitómana (Léa Seydoux), ambos perdidos nos labirintos de saberem quem são e o que querem realmente ser.

O que é espantoso é que não há nada de diletante neste filme de actor. Revela um olhar verdadeiramente de cineasta no modo como filma, monta, ritma, gosta das suas personagens; como adequa os meios que tem à história que quer contar; como tem a inteligência de deixar o filme ter a dimensão exactamente adequada (com 45 minutos, é mais uma média-metragem que uma curta). 



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