Para além de escrever, Kafka também desenhava. O público espanhol tem agora a oportunidade de conhecer grande parte desses devaneios ilustrados através do volume que a editora espanhola Sexto Piso lançou este mês, "Dibujos de Kafka".
Apesar de não se saber onde se encontra grande parte do espólio desenhado pelo escritor checo - suspeita-se que parte dele esteja em bancos de Zurique e Tel Aviv -, Niels Bokhove e Marijke van Dorst reúnem a totalidade dos desenhos conhecidos e publicados por Kafka num só volume.
Os autores apresentam uma selecção heterogénea, associando os 41 exemplares desenhados que compõem o livro a fragmentos literários de obras escritas, cartas, diários, apontamentos em cadernos, postais ou outras notas soltas que o seu amigo e biógrafo Max Brod foi conservando.
Os desenhos aparentam ter sido feitos de forma espontânea, sem grande rigor perfeccionista, e revelam-se uma interessante forma de avaliar esteticamente o imaginário do autor. O facto de não se saberem as datas de cada um deles não nos permite avaliar a evolução de Kafka enquanto desenhador.
Kafka tinha interesse assumido em expressar-se desta forma, mas terá demonstrado a Max Brod o seu desejo de que todo este conjunto de desenhos fosse destruído logo após a sua morte. Pedido expresso que acabaria por ser (felizmente) desrespeitado.
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