quarta-feira, 12 de maio de 2010
Bento XVI: Igreja precisa de aprender a estar no mundo
No discurso em que citaria Camões, o Papa afirmou: “Há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo, levando a sociedade a perceber que, proclamando a verdade, é um serviço que a Igreja presta à sociedade, abrindo horizontes novos de futuro, de grandeza e dignidade.”
Ao entrar no grande auditório do CCB, o Papa foi recebido por um forte aplauso. Algumas aclamações de “viva o Papa” também se fizeram ouvir, tendo os aplausos redobrados de intensidade quando o Papa cumprimentou o cineasta Manoel de Oliveira que, momentos depois, o saudaria em nome da assistência.
O Coro Gulbenkian iniciou a sessão cantando “O quam suavis”, de Francisco António Almeida. O bispo do Porto dirigiu depois a saudação inicial ao Papa. A intenção cultural de Bento XVI é também “entendida e bem aceite por muitas personalidades das letras, das ciências e das artes, ainda além das fronteiras da confessionalidade estrita”, afirmou D. Manuel Clemente.
Manoel de Oliveira, aplaudido de pé pela assistência, identificou-se como “pertencente à família cristã”, referiu os anjos que colocou em dois filmes como “prefigurações dos espíritos”. E acrescentou: “Ora, se os espíritos são um só, então temos nele a natureza de Deus”, acrescentou.
No CCB, podem ver-se as ministras da Cultura e da Educação, Gabriela Canavilhas e Isabel Alçada, os presidentes da Gulbenkian e do CCB, Rui Vilar e Mega Ferreira, o presidente do Centro Nacional de Cultura e do Tribunal de Contas, Guilherme d’Oliveira Martins, o deputado e historiador Pacheco Pereira e o dirigente da CGTP, Manuel Carvalho da Silva.
No leque de 15 personalidades que estão no palco, ao lado do Papa, incluem-se, além de Oliveira, a maestrina Joana Carneiro o subdirector da Cinemateca, Pedro Mexia.
O cenário de fundo reproduz uma parte da obra de Pedro Calapez na entrada principal da Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima.
No seu discurso, o Papa referiu a relação entre a estética e a busca da verdade: o conflito entre a tradição e o presente “exprime-se na crise da verdade, pois só esta pode orientar e traçar o rumo de uma existência realizada, como indivíduo e como povo”.
Bento XVI citou Camões para dizer: “Esta é uma hora que reclama o melhor das nossa forças, audácia profética, capacidade renovada de ‘novos mundos ao mundo ir mostrando’, como diria o vosso poeta nacional”. E referiu-se ao Concílio Vaticano II (1962-65), a reunião de todos os bispos do mundo para a reforma da Igreja, como a “renovada consciência da tradição católica” que “transfigura e transcende as críticas que estão na base” da modernidade trazida pela Reforma e pelo Iluminismo.
O Papa terminou o discurso com um apelo aos artistas: “Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza.” Um apelo que retoma o tom do discurso do encontro com os artistas, em Novembro, na Capela Sistina do Vaticano.
No final do discurso, enquanto o Coro Gulbenkian voltava a cantar, o Papa foi saudado por representantes de outras igrejas cristãs, de religiões não-cristãs e ainda por várias personalidades de diferentes áreas do saber e da cultura.
Terminada a cerimónia no CCB, Bento XVI dirigiu-se numa viatura oficial para a Nunciatura Apostólica, onde pelas 12h00 terá um encontro com o primeiro-ministro, José Sócrates, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Cerca das 15h45, o Santo Padre deixa a sua residência oficial durante a visita a Lisboa e parte em papamóvel para o aeroporto de Lisboa, de onde partirá em helicóptero para Fátima, pelas 16h40.
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