Declaro-me mais uma vez adepta de futebol e como é óbvio fiquei claramente contente com o apuramento da selecção portuguesa para o mundial 2010. Contudo, a situação económica do país é preocupante. A economia portuguesa atravessa um período de estagnação económica que se arrasta desde 2002, e que constituirá o mais longo período de ausência de progresso económico na sua história desde há várias décadas. Para esta situação conjugam-se problemas estruturais por resolver, enquadramentos económicos externos penalizadores da especialização produtiva nacional e erros graves de estratégia e de gestão económica dos últimos governos. Depois de nos últimos três anos terem sido controlados desequilíbrios em algumas variáveis económicas, nomeadamente nas contas públicas, o governo português tinha a expectativa que os anos de 2008 e 2009 fossem já de recuperação, o que esta crise veio pôr dramaticamente em causa.
A crise sentida nos mercados financeiros está a manifestar-se em Portugal de diferentes formas.
Mas quando hà jogo da selecção ou do Benfica o povo faz a festa. E enquanto isso nos bastidores deste país:
A educação continua destrutiva. Não existem mais analfabetos em grande quantidade nas estatísticas, apenas na realidade...Nas escolas aprende-se a aceitar tudo o que é imposto pela comunicação social e pelo governo. E esta lavagem cerebral funciona. Há muita gente que está feliz com seu salário minimo, de viver entre um cêntimo e outro, de não ter acesso a todos os serviços, de apenas ficar nas vitrines da vida, apreciando o que os bem afortunados podem usar à vontade.
Os mundiais e todos os jogos e competições de futebol acabam... quem fica depois para limpar os festejos?
Na área da saúde as pessoas "morrem" em filas de espera, os médicos queixam-se dos ordenados...e nós pagamos impostos para quê?
Em tempos remotos o império romano criou a política de alimentar e divertir o entorpecido povo Romano, que ficou marcada no tempo como a estratégia política do
“ Pão e circo”. Pão e Circo foi a táctica usada para impedir o agravar do descontentamento que se vivia naquela época. A crise era generalizada à imagem da que se vive actualmente. Os políticos desse tempo, receosos de alguma revolta popular, decidiram abstrair o povo da realidade. Então,resolveram que a solução para acalmar as insatisfações de seus súbditos fosse oferecer-lhes em pleno Coliseu, o circo e o pão para saciarem devidamente o corpo. O Império Romano ruiu mas a táctica parece que não e o povo gosta sempre. Como dizem os cristãos: "Nem só do pão vive o homem."
3 comentários:
Que saudades eu tenho do europeu em Portugal. Durante um mês, distraídos pelas bandeiras que coloriam as nossas janelas, a crise esteve de férias, não se falava dos escândalos da Justiça, nem da Saúde ou da Economia. Nesses dias, não havia más caras apenas sorrisos para os estrangeiros que enchiam as nossas ruas, como bons anfitriões que sempre fomos. Acho um disparate, para não dizer um erro fatal, queremos organizar um Mundial de Futebol, com toda a fortuna que vamos ter de gastar, mas que sinto saudades desses tempos, lá isso sinto.
Na minha modesta opinião (e sei que não te vais surpeender com isto) deveria ser feito um reset total...começar tudo do zero!
Olá Bé,
É triste, mas a superficialidade da nossa sociedade actual contenta-se com isso. Aliás, o estilo actual segue os príncipios do regime anterior, adaptados aos nossos dias: retirou-se alguma importância, mas não toda, a Fátima, diz-se que a Família continua a ser da maior importância, mas não é, e não se toca no Futebol. Porque o povo precisa de diversão. Se calhar, eu não sou povo. Porque não me revejo nessa diversão, criada para nos distraír da realidade. E lamento profundamente que haja tanta gente tão distraída, tão ignorante. O problema não é um exclusivo de Portugal. Mas o meu problema é que sou português e continuo a querer viver em Portugal.
Beijo,
Alexandre Correia
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