quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Lady Bird

Lady Bird é um filme despretensioso e humilde que nos deixa com um sorriso no rosto. É isto. É mesmo isto. Greta Gerwig estreia-se nas longas metragens ao contar-nos uma história simples e deliciosa da chegada à maturidade e dos mais diversos conflitos da adolescência. Ouso dizer que há algo de biográfico neste filme que se passa em Sacramento, a cidade de Greta, e que tem como protagonista uma jovem filha de uma enfermeira e de um consultor financeiro, como a Greta. À partida, a temática é assunto bem repetido no mundo do cinema. E é: jovem adolescente tempestiva e pouco dada a popularidades, que estuda numa escola católica e vive em discussões com a mãe, que a controla como pode e desdobra-se em horas extras de trabalho para compensar as dificuldades económicas do lar.  Contudo, Greta prova-nos que é possível fazer algo de diferente mesmo abordando temáticas já bastante exploradas. 
O texto repleto de diálogos comuns e naturais, aproximam o espectador da protagonista, que consegue quase comungar do caminho da mesma até ao grito libertador da chegada à maturidade. Greta opta por ser detalhista nos diálogos que retratam com exatidão o processo atabalhoado da saída da adolescência e a entrada sufocante na vida adulta. Há um toque subtil de leveza e sensibilidade que permite exatamente isso. 
Evita-se o drama exagerado e opta-se pela surpresa e provocação, sempre ao nível dos assuntos mais comuns do dia a dia de uma adolescente. Exemplo disso é aquela descoberta (da protagonista) de que perder a virgindade pode ser a coisa mais banal e a menos especial da vida. Greta não inventa nada. Conta as coisas como elas são de forma honesta, real e autêntica. Há um senso de humor delicioso que nos faz rir do quão ridícula é a vida no seu percurso natural. 
Lady Bird é um filme feminista sobra a ansiedade de se ser mulher e todos os desejos que isso acarreta: a busca de afirmação e de amor e as quedas e tropeções até se lá chegar. 

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