A oitava edição do festival DocLisboa vai começar amanhã. Pela primeira vez, o certame vai abrir com um filme português, o documentário «José e Pilar», de Miguel Gonçalves Mendes, que retrata o quotidiano de José Saramago e da sua mulher, a jornalista Pilar del Río. «Mais um Dia à Procura», de Maria Simões, que segue o percurso do atuneiro açoriano Pepe Cumbrera, «Ernesto "Che" Guevara», de Richard Dindo, baseado nos diários do revolucionário, e «Memórias de Fogo», de Frederico Miranda, que relatam a vida de guardas florestais do Norte e Centro de Portugal, são apenas alguns dos filmes que também fazem parte do cartaz do festival.Apesar do destaque que o documentário em português vai ganhar nesta edição, a organização sublinha a fragilidade do género no nosso país: «A situação do documentário português é muito preocupante, porque a maior parte das casas de produção estão em downsize ou à beira de fechar. O financiamento atribuído pelo ICA [Instituto do Cinema e Audiovisual] pode manter-se na quantidade, mas diminui o número de filmes financiados», alertou Sérgio Tréfaut, o director do festival. «Este é um ano de transição. Ele cresceu, ganhou novos espaços, alargou-se e hoje é um festival incontornável no panorama europeu do documentário e esta dinâmica pretende-se manter», reflectiu ainda Tréfaut, citado pela a agência Lusa durante a apresentação do festival no passado mês de Julho. O director e realizador adiantou ainda que irá afastar-se gradualmente do DocLisboa para avançar com novos projectos, sendo substituído pelo crítico de cinema Augusto M. Seabra. Na sua oitava edição, o festival contará com retrospectivas dedicadas aos realizadores Joris Ivens, que Sérgio Tréfaut chamou de «pai do documentário», Marcel Ophuls e Jorgen Leth. Os dois últimos cineastas também vão participar emmasterclasses e em encontros com o público. A competição nacional e internacional, a homenagem ao documentário suíço e a secção «A Cidade e o Campo» são outros destaques do DocLisboa deste ano. O presidente do júri será o cineasta Thierry Garrel, homem importante na mudança do documentário europeu a partir dos anos 80.
Sem comentários:
Enviar um comentário