terça-feira, 11 de setembro de 2012

Herta Müller apresenta exposição na Biblioteca Camões


A Nobel da Literatura Herta Müller apresentou esta tarde a exposição 'O círculo vicioso das palavras', sobre a sua vida, que pode ser vista até dia 28 de setembro na Biblioteca Camões, em Lisboa. A autora falou sobre o seu novo livro e a sua carreira mas também deu a sua opinião sobre a crise portuguesa.
"A exposição serve para que as pessoas tenham uma ideia geral sobre de onde venho. Existe na Roménia uma minoria alemã, e eu fazia parte de um grupo de autores, o 'Banat'. Mas também do meu contexto familiar, o papel da nossa minoria durante o nacional socialismo", explicou a autora nascida na Roménia.
A alemã afirmou que o seu processo criativo remonta há 20 anos e que a realidade é um pretexto para o que escreve. "Fui dezenas de vezes interrogada pela polícia secreta e nunca anotei como foi, mas tendo vivido aquela situação sei bem como podia ser. Este livro da raposa, infelizmente, não é uma história inventada", disse.
A visita a Lisboa vem no seguimento da exposição que abriu portas dia 6 mas também do lançamento do seu romance 'Já então a raposa era o caçador' que chegou hoje às bancas pela primeira vez em português. A apresentação está marcada para dia 13 de setembro, às 18:30 no Goethe-Institut.
Em relação à crise da zona euro a escritora afirmou que a Europa não se limita à questão financeira, mas é uma união cultural, deixando claro que não é especialista em questões económicas nem tem nenhuma receita mágica para acabar com a crise. "Mas seja qual for a solução, países tais como Portugal e Grécia são parte da Europa", afirmou.
Herta Müller falou também sobre o Nobel que recebeu em 2009: "Tive de lidar com isso. Tive de aceitar mas não sou eu, como pessoa, quem ganhou o prémio. Eu não mudei como pessoa. À excessão de algumas coisas exteriores, como conferências de imprensa, nada mudou. O mundo exterior é que associa [o prémio] a um certo status. Quando estou a escrever não penso que sou prémio Nobel, nem me ajuda. Quando vejo o papel em branco, o prémio Nobel diz adeus".

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