terça-feira, 18 de setembro de 2012

Apenas uma noite


Apenas uma Noite é a estreia da iraniana Massy Tadjedin na direção, e com certeza merece alguma atenção. Tendo sido a sensação do Sundance Film Festival, o filme retrata o declínio de um casamento, tendo como base a suspeita de uma traição e um amor inesquecível. 
A chegada do ex-namorado de Joanna e a viagem de Michael com uma atraente secretária divide o foco das atenções, e a incrível montagem paralela de Susan E. Morse (editora dos filmes de Woody Allen de 1979 a 1998), não permite que o marasmo ou a perda do ritmo narrativo aconteça num único momento.
A fotografia urbana e escura de Peter Deming transmite às imagens a frieza que toma conta do relacionamento principal, que já abalado, aparece em conflito com novos objetos de desejo pelo meio do caminho. A banda sonora é precisa e pontual, marcada pela sensibilidade das cenas, optando por uma propícia variação musical ao piano. As actuações são um caso à parte. Keira Knightley é mediana mas bastante interessante. A sua personagem ultrapassa poucos centímetros a linha de mudança, e a atriz consegue transmiti-la para o espectador com muita competência e carisma. Sam Worthinton não tem espaço para mostrar muita coisa, de modo que sua actuação aqui pode passar despercebida. Quem realmente brilha é o francês Guillaume Canet e o novaiorquino Griffin Dunne, duas personagens muitíssimo bem construídas e com atuações deliciosas. Eva Mendes é a bela amante de Michael, mas não se destaca além da média.
Sem pretensões e com um final sugestivo, Apenas uma Noite é um filme tecnicamente muito bem executado, e que concentra um nível mínimo de erros cénicos e narrativos. Não temos uma inovação nos dramas românticos ou uma proposta diferente no que se refere a um casal preso ao passado – ou a algo do presente que não pertença ao casamento; mas mesmo assim, a película destaca-se com facilidade de muitas outras produções do género que não se desprendem da vulgaridade. 

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