domingo, 22 de abril de 2012

Perfect Sense


Perfect Sense é um drama apocalíptico com um final triste e trágico, mas ao mesmo tempo de rara beleza. Um filme que deverá passar despercebido a muita gente porque dificilmente entra nos circuitos comerciais cinematográficos. Sinopse: “Recuperando-se do fim de um romance que não deu certo, a médica Susan encontra um paciente com um caso peculiar: depois de sofer uma incontrolável crise de choro, ele perdeu completamente o olfato. Susan descobre que, nas últimas 24 horas, outras centenas de casos idênticos apareceram tanto na Inglaterra quanto em outros países próximos, como França, Espanha e Itália. É quando Susan conhece Michael, um cozinheiro, e os dois se apaixonam. A jovem médica vive a promessa de um novo amor, enquanto o mundo à sua volta começa a mudar drasticamente.” É escrito por Kim Fupz Aakeson  e dirigido por David Mackenzie. 
As pessoas não perdem apenas o olfato após uma crise de choro. Depois disso, a cada nova crise de emoções, outro sentido é perdido, até que só sobra a visão e o tacto. Enquanto isso, acompanhamos também a paixão crescente entre Michael (Ewan McGregor) e Susan (Eva Green), que embora sofra um pouco do mal dos “romances hollywoodianos”, funciona dentro da proposta do filme. Porém, Ewan McGregor e Eva Green encarnam bem os personagens e assumem as responsabilidades de prender o espectador aos protagonistas. 
É interessante a forma que David Mackenzie retrata os reflexos da epidemia. Não com pânico constante ou declarações de líderes políticos, mas a partir do restaurante em que Michael trabalha. A cada sentido que vai embora, o restaurante continua. Não mais como um lugar em que se vai apenas para comer, mas como um lugar para sentir e se relacionar. O olfato e o paladar foram embora, mas o ato de ir ao restaurante com os amigos ou com a família, curiosamente, se fortalece. Então, o terceiro sentido vai embora. A humanidade começa a perder a audição. Neste momento, David Mackenzie realiza os seus maiores acertos no filme, ao apostar de forma muito ousada na completa ausência de som, imitando a situação vivida pelos personagens. Até que a triste verdade vai-se aproximando e o mundo fica preparado para perder o quarto sentido. Novamente, uma crise de emoção toma conta de todos antes da perda. A cada sentido perdido, precisamos estar mais perto ainda para nos comunicarmos. 

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