Vai ser um ano agitado para JP Simões, marcado por dois grandes momentos com apresentação pública em Junho. A 2, o Centro Cultural de Belém (CCB) concede-lhe "Carta Branca" - à semelhança do que fez noutros anos com Jorge Palma, Camané, Fausto e Carlos Tê - para um espectáculo em que deverá mostrar uma fornada de novas canções em processo de fabricação. Mais tarde, a 27, estreia-se no Teatro Municipal São Luiz, também em Lisboa, o "musical tragicómico" "Íntima Farsa", com texto seu e música assinada em parceria com Marco Franco, e em que participará também como actor.
O concerto no CCB terá provavelmente como título genérico "Vida Ilustrada" e terá por companheira a obra do designer e pintor Luís Lázaro. As imagens partilharão com as canções as temáticas habituais no músico, resumidas na sequência "nascer, ficar com medo, crescer, o amor, o sexo, as complicações entre responsabilidade colectiva e liberdade pessoal". A ideia, depois, é encetar uma pequena viagem, de destino ainda desconhecido. O certo é que estas novas criações de JP Simões deverão dividir-se entre "temas que têm um balanção brasileiro" e uma outra abordagem em que trabalha por estes dias e que se encontra "numa área bastante híbrida": "Não sei bem o que é, mas a minha guitarra tem andado a sonhar com aquilo que ouve às vezes na guitarra do Norberto Lobo", diz o músico. Por isso, sob os comandos de Tomás Pimentel estarão tanto alguns músicos brasileiros que tocam com Simões na Orquestra Arte & Manha (Tercio Borges, Gabriel Godoi e Juninho Ibituruna), como Marco Franco (ligado à música improvisada e à música para dança) e outros ainda por confirmar.
Quanto a "Íntima Farsa", tudo começou com o entusiasmo do anterior director do S. Luiz, Jorge Salavisa, que no final de um concerto abordou JP e abriu-lhe a porta para avançar com uma proposta de raiz. O músico escreveu um pequeno guião, destinado à prateleira durante quatro anos. "Quando o José Luís Ferreira chegou à direcção", lembra JP, "recebi um telefonema a dizer ‘está aqui um papel, uma tal ‘Íntima Farsa', quero saber mais alguma coisa sobre isto'. E então mandei-lhe de novo aquilo que tinha feito, com alguns acertos. O que ficou da estrutura inicial foi a primeira inspiração - um livro do Boris Vian, ‘A Erva Vermelha'. Peguei nisso e estruturei a peça em três dimensões: uma atrás da tela, em que a história de fundo é uma sessão de psicanálise; a meio, na tela, depoimentos e coisas que servem para atazanar, uma caricatura da super-informação a alta velocidade; e, finalmente, os actores de carne e osso".
Os actores, para além do próprio JP Simões, serão Teresa Sobral, Joana Manuel e Manuel Mesquita, ficando a música em palco a cargo de Marco Franco (director musical), Tomás Pimentel, Sérgio Costa e João Hasselberg. A encenação deste "Édipo versão 4.000.324", uma das possibilidades de leitura segundo JP, caberá a Victor Hugo Pontes. Se tudo correr bem, tudo culminará com o lançamento de dois discos e um livro.
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