terça-feira, 28 de julho de 2009

Vice-presidente da República Democrática do Congo investigado


Jean-Pierre Bemba tinha 1,7 milhões no BPN-IFI de Cabo Verde. A conta foi detectada durante o arresto de bens do político, requerida pelo Tribunal Penal Internacional.
As autoridades judiciais de Cabo Verde estão a investigar, por suspeita de branqueamento de capitais, uma aplicação financeira de 1,7 milhões de euros realizada por Jean-Pierre Bemba numa dependência do Banco Português de Negócios (BPN) naquele país.
Jean-Pierre Bemba foi vice-presidente da República Democrática do Congo e está actualmente detido à ordem do Tribunal Penal Internacional (TPI). A localização da verba foi feita durante diligências realizadas pelas autoridades portuguesas para confiscar bens de Jean-Pierre Bemba, a pedido do TPI, de forma a ressarcir as vítimas presumivelmente provocadas pelas suas tropas em 2002-2003, imputação negada pelo arguido. O depósito foi feito no BPN IFI, o braço do BPN em Cabo Verde, que foi determinante para ocultar das autoridades portuguesas a titularidade do Banco Insular, também do BPN.
A abertura do inquérito e o congelamento daquela quantia foi feita devido ao facto de Cabo Verde não ter ainda subscrito o Tratado de Roma que criou o TPI, impedindo assim o confisco dos 1,7 milhões de euros para Haia, estando em curso diligências para esclarecer o crime subjacente que gerou aquele lucro, que está sob suspeita.
Além da conta em Cabo Verde, as autoridades portuguesas localizaram mais outras duas contas no BPN, usadas por Jean-Pierre Bemba para pagamentos de despesas em Portugal e que eram abastecidas através de transferências provenientes da República Democrática do Congo.

Bens confiscados:

Uma moradia na Quinta do Lago, avaliada em mais de três milhões de euros, é o bem mais valioso confiscado ao actual arguido por crimes contra a humanidade que vai ser julgado pelo TPI.
Este tribunal, criado para punir supostos criminosos de guerra, emitiu um mandado de detenção cumprido pelas autoridades da Bélgica no ano passado. A luxuosa moradia estava registada em nome de uma empresa localizada num paraíso fiscal de forma a poder beneficiar de isenções fiscais.
Além deste imóvel na Quinta do Lago, Jean-Pierre Bemba viu confiscados os documentos de um Boeing 737, com lotação de 130 lugares, mas adaptado a uma espécie de Air Force One: tinha uma suíte e duas amplas salas de reuniões. A apreensão de documento do avião, a bordo do qual foi apreendida também uma pistola de calibre de 9 mm, Glock.17, foi a forma expedita encontrada pelas autoridades portuguesas (Polícia Judiciária e DCIAP) para, retendo de facto os movimentos da aeronave, se eximirem a terem de pagar cerca de quatro mil euros mensais pela ocupação da pista do Aeroporto de Faro, onde está estacionado.
A Jean-Pierre Bemba foram também apreendidas duas viaturas topo de gama, um Porsche Cayenne e um jipe Nissan Armada, que é movido por um motor de 5600 centímetros cúbicos com uma potência de 470 cavalos, e um barco de cerca de sete metros.
As ligações do político congolês a Portugal são antigas, tendo estado no país pela primeira vez em 1986.

3 comentários:

Alexandre Correia disse...

Olá Bé!

É incrível como a história se repete. Sabia que o antigo ditador do Zaire, actual República Democrática do Congo, Mobutu Szé-Seko, tinha uma grande moradia apalaçada nos arredores de Armação de Pêra e que o seu avião particular, um Boeing 707 também com suites e outros luxos que tais, ficou retido no aeroporto de Lisboa após ter caído do poder, acabando por ser destruído há cerca de dois anos pela acção de um bulldozer, que nalgumas horas reduziu a um monte de sucata um avião histórico que era bem vindo para o Museu do Ar. É que para além de tratar-se do avião (aquele modelo, claro) que permitiu popularizar as viagens aéreas, pela sua rapidez e capacidade de passageiros, quer a TAP, quer mesmo a Força Aérea Portuguesa tiveram vários aparelhos desses. Mas, à boa maneira portuguesa, a ANA-Aeroportos preferiu vender a sucata a oferecer o aparelho ao Museu do Ar, que envergonhado por não o ter requerido, acabou por solicitar a parte da frente, para exibir o cockpit.

Um beijo,

Alexandre Correia

disse...

Incrivel mesmo Alexandre...que ciclo vicioso!

Obrigado pela informação... (realmente não sabia)

beijo

Anónimo disse...

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