quarta-feira, 22 de julho de 2009

Amarras analógicas

Duplamente adormecida
Deitada em crucifixo no portão de um quadro de cemitério
Mistério!
O que vi primeiro?
O falso rasgo espontâneo de memórias televisivas?
O rasgo permanente das minhas histórias adormecidas?
Protegida pelas asas estáticas de um corcunda absorto
Observo introspectivamente a noite
Parece um detrito voador de um quadro do Bosch.
Aroma de saudade profunda
Larga-me corcunda!
Percorro desejadamente o interior de um casario amazónico
Um frio serrano entranha-se por entre brumas verdejantes
Corro pelo espaço amazónico desconhecido
Duas vezes de lado vezes o lado de um quadrado habitado
Caio do gradeamento primordial
Larga-me já corcunda!
Larguei-me felizmente em queda estrondosa
Caída e depois de uma viagem percorrida
Subo uma rua conhecida permitida ao meu trajecto
Então?
Eis que o trajecto foi desviado. Alterado?
Sem sinal de indicação?
Se soubesse não caminhava nesta direcção.
Mas subi. Estou cá em cima.
Cá aqui não é o mesmo cimo de rua que subi
Cá em cima não estavas tu. Vens agora.
Fora!
Ordeno-te que vás embora.
Se não fores corremos o risco de estagnar
Construir uma longa demora
E depois soltas-me e amarras-me à tua ausência
Dualidade perseguidora
Perfura terreno arável mas nunca produtivo
Cuidado. Obrigo-te a que tenhas cuidado
Atenção. Caio de novo.
Não recordo o como e o porquê
Recordo as vozes, a pressão vocal que invadiu o meu sistema áudio visual
Palavras reais escondidas entre imagens virtuais
Tim Burton no meu sistema?
Burton, talvez. Tim, talvez não.
Talvez a raiz de um talvez sim e a ramagem de um talvez não.
Tim, Tim, Tim… Relógio matinal!
Regresso individual.
Adeus duo virtual.

1 comentário:

Né disse...

consigo ver algumas imagens bem ao estilo do tim burton

:)