terça-feira, 18 de outubro de 2011

Afinal Van Gogh não se suicidou, foi vítima de uma bala perdida

Uma nova biografia de Vincent Van Gogh, dos autores Steven Naifeh e Gregory White Smith, vencedores de um Pulitzer pela biografia de Jackson Pollock, defende a tese de que o pintor não se suicidou mas morreu alvejado acidentalmente por dois rapazes.
O mestre da pintura morreu em Auvers-sur-Oise, na França, a 29 de Julho de 1890, tinha apenas 37 anos. Segundo a história, Van Gogh, que teria muitos problemas na altura, suicidou-se com um tiro no peito mas a arma nunca foi encontrada. Foi sobre esta parte da história que os dois escritores centraram a investigação e chegaram às conlusoes agora apresentadas no livro "Van Gogh: The Life have claimed", que chegou esta segunda-feira às livrarias britânicas.
Depois de terem passado os últimos dez anos a investigar e a trabalhar com mais de 20 tradutores e investigadores, Steven Naifeh e Gregory White Smith, que tiveram ainda acesso a centenas de documentos escritos por Van Gogh, garantem a que tese que defendem é a que tem mais lógica.
Van Gogh, que morava em França, tinha por hábito passear pelos campos de trigo para se inspirar e pintar. Terá sido num desses passeios que o pintor terá disparado contra si, caminhado depois sozinho para o hotel onde estava hospedado, acabando por vir mais tarde a morrer. Esta é a história que se conta até hoje mas os autores da mais recente biografia têm outra explicação. "É muito claro para nós que ele não foi para os campos com a intenção de se matar", disse à BBC Steven Naifeh, explicando que a bala atingiu o abdómen de Van Gogh de um ângulo oblíquo, e não directamente como seria de esperar num suicídio.
De acordo com Steven Naifeh, no passeio aos campos, Van Gogh foi atingido por uma bala perdida de dois jovens que brincavam aos cowboys. "Aquilo que as pessoas que o conheciam [Van Gogh] contavam era que ele foi morto acidentalmente por dois rapazes e decidam protegê-los ao aceitar a culpa", continua o autor, citando os estudos que o historiador de arte John Rewald fez na altura em que visitou Auvers-sur-Oise, em 1930. O historiador terá viajado a França com o propósito de investigar a morte do pintor, tendo falado com os moradores da região.
"Estes dois rapazes, um deles estava até vestido de cowboy e tinha uma arma defeituosa, eram conhecidos por irem [para os campos] beber àquela hora do dia com o Vincent [Van Gogh]. Então tu tens dois adolescentes, uma arma defeituosa, um rapaz que gosta de brincar aos cowboys, tens três pessoas que provavelmente beberam todas de mais", diz o autor, explicando o acontecimento fatal. Por isso, Steven Naifeh considera a tese de "homicídio acidental" a mais lógica de acordo com a sucessão de acontecimentos.
Gregory White Smith explicou ainda que Van Gogh não queria morrer mas quando "ela chegou a si, ou quando lhe foi apresentada como uma possibilidade, ele abraçou-a". Para este autor, os problemas que enfrentava por não conseguir vender os seus quadros, terão abalado muito o pintor.
Nesta nova biografia, os autores escrevem ainda que a família de Van Gogh terá tentado internar o pintor, que sofria de epilepsia, num asilo. Steven Naifeh e Gregory White Smith defendem Van Gogh viva sob grande aflição e que terá sido a mistura de sentimentos, entre a mania e a depressão, que terão provocado a sua epilepsia. Num capítulo do livro, pode-se ler ainda que a relação do pintor com o seu pai era tão tumultuosa e violenta que alguns membros da família acusaram Van Gogh de matar o próprio pai.
O Museu Van Gogh, em Amesterdão, disse ao "El País" que é preciso encarar estes novos factos com calma, defendendo que a "teoria de homicídio acidental não está bem sustentada".

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