A Dália Negra
"A Dália Negra" não inventa nada e não quer inventar nada; limita-se a seguir o livro (romance de James Ellroy) com profissionalismo e correcção, o que não é pouco: previsível e controlado (o que não é apanágio de De Palma), constrói uma narrativa escorreita com um par de heróis a preceito (Josh Hartnett possui uma interessante vulnerabilidade), uma mulher fatal bem decalcada de tantas outras (Hillary Swank consciente de um certo estereótipo) e uma bem carpinteirada história, com pinceladas freudianas. (Decepcionante é o papel distribuído a Scarlett Johansson, manietada por uma figura de pouca espessura, que acaba por funcionar como elo secundário do mal disfarçado "ménage à trois".) De resto, está lá tudo, como numa antologia de melhores momentos, pensada ao milímetro para produzir um efeito. Claro que reconhecemos as marcas estilísticas de "autor" - picados verticais, travellings bem executados, panorâmicas certeiras - mas sempre ao serviço da eficácia "comercial" de um produto com leitor à vista. É pouco? Depois de "Femme Fatale", esperávamos outra tensão, soluções mais arrojadas.
Sem comentários:
Enviar um comentário