Vão em breve poder matar saudades do Principezinho todos aqueles que nunca mais conseguiram ver o desenho de um chapéu sem se interrogarem se não estarão, afinal, a olhar para uma jibóia que acabou de engolir um elefante. Para o ano que vem estão já anunciados um filme de animação em 3D, uma ambiciosa série televisiva em 52 episódios e um jogo de vídeo. E a editora Gallimard anunciou que planeia publicar uma centena de títulos relacionados com o livro de Saint-Exupéry, que, desde o seu lançamento em 1943, já vendeu cerca de 80 milhões de cópias.
Por trás deste regresso multimédia do simpático habitante do asteróide B612 está Olivier d'Agay, sobrinho-neto do escritor e presidente da fundação que gere os direitos da sua obra. Agay está empenhado em reciclar o Principezinho ("Le Petit Prince", no original) para as crianças do século XXI. Daí que, como conselheiro dos produtores da série televisiva, tenha concebido um Principezinho empenhado em causas que sejam familiares aos jovens de hoje, como a ecologia ou o desenvolvimento sustentado. Na sua versão actualizada, o rapazinho loiro, de cachecol e calças à boca de sino, vai salvar uma série de planetas, ajudando os respectivos habitantes a resolver os problemas que os afligem. E, claro, voltará à Terra, ainda que, na sua primeira incursão, não tenha simpatizado nada com os terráqueos adultos.
Agay admite que adaptar a personagem "foi uma dor de cabeça". Os responsáveis da série, pelo que dela se sabe, parecem ter procurado um compromisso, mantendo algumas personagens essenciais da história, como a rosa, a serpente ou a raposa - que, no livro, ensina ao Principezinho o sentido da palavra "cativar" -, mas tornando o protagonista um herói de aventuras um pouco mais vendável. Talvez por recearem que as filosóficas indagações do Principezinho original em torno da amizade e da sabedoria pudessem, digamos, não cativar os pequenos espectadores actuais.
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