terça-feira, 7 de abril de 2009

Gulbenkian Jardim

Pássaros que discutem por entre ramadas que caiem zangadas, chateadas com o barulho.
Sarrabulho?!?! Ouve-se em grito. Acho que sarrabulho é o som do aflito.
Pombas que nos olham de lado passam por entre as pernas como se fossem gatos.
Debicam ratos? Por vezes acho que debicam ratos e espalham fezes.
A senhora que lê, com as pernas na horizontal levantadas.
Leituras encantadas? Pela expressão facial acho que lê romance policial.
Dois jovens deitados. Ele trinca-lhe o braço destemido. É atrevido.
Ela ignora-o com o olhar. É envergonhada. Acho que está apaixonada.
O homem que a cada frase escrita muda de lugar.
Gosta de se coçar. Coça-se com a caneta. Acho que é um escritor da treta.
Eu, como letras e vomito-as depois. Tudo o resto é jardim. Folhas, patos, água e coisas assim.

3 comentários:

Ângela Jorge disse...

Que lindo Bé, como vomitas as letras???? Eheheheheh

lumadian disse...

Ainda bem que não és pintora, caso contrário vomitarias tintas. Ou pior ainda, imagina que eras cozinheira, ou trabalhavas nas limpezas....
Bom, mas falando mais sério, lindo jardim é o da Gulbenkian, muitas vezes dei por mim a caminho de lá, sempre que procurava um lugar para repousar ideias ou simplesmente para namorar. Posso dizer que lá levei as minhas namoradas, lá levei também os meus filhos, lá fotografei, lá filmei e até escrevi.

vita disse...

no fim somente uma realidade e que permanece ; o jardim , a imagem do jardim fica-nos para sempre