Anora é o mais recente filme de Baker e tambem vencedor da Palma de Ouro em Cannes. O filme é uma comédia engraçadíssima sobre um tema obscuro da sociedade: a vida das bailarinas eróticas de Nova York. Uma jovem de 23 anos que mora em Brighton Beach, tradicional bairro da comunidade russa no Brooklyn, ganha a vida fazendo strip-tease num clube nocturno em Manhattan. Um dia, ela conhece Ivan, ou “Vanya”, um beto russo que se encanta por ela e paga para ela passar uma semana com ele. O que Anora não sabe é que Vanya é filho de Nikolai Zakharov, um oligarca russo com negócios sombrios. Com Vanya, Anora descobre um mundo novo de aviões particulares, festas em mansões gigantescas e fins de semana de luxo e ostentação em Las Vegas. A paixão de Vanya por Anora é tão grande que ele a pede em casamento – e é aí que as coisas começam a descambar. A família do oligarca não vai deixar o seu herdeiro casar com uma strip-teaser. O filme é surpreendente. Tudo leva a crer que estaríamos diante de mais um drama corriqueiro sobre uma pobre vítima da sociedade, uma prostituta de “coração de ouro” que tem a oportunidade dourada de mudar de vida. Mas Sean Baker é um diretor inteligente para apelar a moralismos baratos e soluções fáceis e fez uma comédia extraordinària. Uma característica apaixonante de “Anora” é que todos os personagens são interessantes e têm vida própria. Ninguém está ali apenas para cumprir um papel dentro da historia, mas sim, para adicionar humanidade a essa mesma historia. Anora é um caso raro de uma comédia inteligente, que fala de personagens que vivem à margem da sociedade, e que são mostrados sem qualquer moralismo ou julgamento. As pessoas são o que são. E isso é extraordinàrio.

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