sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Queer Lisboa arranca hoje com Portugal em destaque

Continental, de Malcolm Ingram, sobre uma mítica sauna nova-iorquina, abre hoje, pelas 21.00, a 17.ª edição do Queer Lisboa - Festival Internacional de Cinema Queer. Dois dos pontos fortes desta edição serão o documentário Interior. Leather Bar, de Travis Mathews e James Franco, inspirado pela mitologia de Cruising (1980), de William Friedkin, e In the Name of..., do polaco Malgoska Szumowska (vencedor do Prémio Teddy em Berlim). A secção Queer Focus propõe este ano um olhar sobre a relação das comunidades queer com as suas realidades urbanas (com especial foco no fenómeno da gentrificação), destacando--se o filme Boy Eating the Bird"s Food, do grego Ektoras Lygizos, retrato do percurso de um rapaz pelas ruas da Atenas atual. Já a secção Queer Art exibirá um dos mais mediáticos documentários deste ano, Gore Vidal: The United States of Amnesia, de Nicholas Wrathall.
Este ano, a juntar às competições de melhor longa-metragem, documentário e curta-metragem, há uma nova secção competitiva: In My Shorts, que exibirá filmesde escola europeus, num total de 12 títulos, entre eles vários de jovens autores portugueses. As novas gerações serão mais sensíveis às temáticas queer, mas João Ferreira garante não se tratar apenas de uma questão geracional: "Com o acesso cada vez mais fácil e barato às novas tecnologias audiovisuais e equipamento vídeo, diria que o cinema se democratizou e a verdade é que há cada vez mais jovens, profissionalmente ou de forma mais amadora, a explorar esta linguagem do cinema queer."
Um dos filmes mais aguardados do festival é E agora? Lembra-me, o corajoso e aclamado retrato autobiográfico do realizador Joaquim Pinto, que ganhou dois importantes prémios no Festival de Locarno. Um filme que representa um género mais confessional que não é muito frequente em Portugal. "O Joaquim Pinto, uma vez mais, vem desafiar cânones no cinema português. Se em finais dos anos 80 ele foi o que eu chamaria uma expressão do cinema do coming of age, passados mais de 20 anos ele vem de novo desafiar o nosso cinema. Há, de facto, muito pouca tradição do género confessional no documentário português, e o E agora? Lembra-me acredito que vai causar um enorme impacte, não só nos espectadores mas também nos profissionais do cinema, por ser de algum modo inaudito entre nós. Um tipo de documentário já realizado, particularmente nos EUA, como consequência direta da eclosão da epidemia da sida", realça o diretor do Queer Lisboa.

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