terça-feira, 12 de junho de 2012

My Week With Marilyn

Adoptando um estilo narrativo clássico e ligeiramente académico, “My Week With Marilyn” acaba por apresentar um retrato fiel e despretensioso desta sex-bomb que somente desejava comprovar o seu talento, oferecendo quase duas horas de cinema competente e cheio de bom gosto aos espectadores que ansiavam ver a miss Monroe de regresso ao grande ecrã, ainda que não a verdadeira Marilyn Monroe. Simon Curtis não é dos realizadores mais conhecidos na indústria e o seu escasso currículo comprova isso mesmo. “My Week With Marilyn” é a sua primeira longa-metragem para cinema, o que não significa necessariamente que o homem não tenha talento. A sua câmara é segura quanto baste para dar vida a uma narrativa com todas as características de vencedora, ainda que Curtis retire muito partido da escola britânica de fazer cinema, claramente marcada por interpretações fortes e consistentes, recriações de cenários e guarda-roupa fabulosos, e um guião com quase tudo no sítio. De facto, é uma pena que esse mesmo guião caia demasiado na tentação de endeusar Marilyn Monroe. Os homens da película são quase todos retratados como pobres coitados que caem aos pés da miss Monroe ao mais ínfimo dos assopros, e isso soa a tremendo exagero. Porém, todos conhecemos o poder que Marilyn exercia sobre o sexo masculino, tendo o guião optado por hiperbolizar essa faceta da famosa sex-symbol. Essa será, de resto, a única falha de um argumento que prima pelo realismo e pela eficácia da mensagem que transmite. Com a ajuda de uma Michelle Williams que (quase) nos faz esquecer a verdadeira Marilyn Monroe, “My Week With Marilyn” afirma-se sobretudo como um bom filme de época, uma espécie de drama romântico com pitadas de comédia musical, que fará as delícias dos fãs da actriz falecida nos anos 60. O modo sóbrio e calculista como aborda o lado mais humano (e menos conhecido) de Monroe será um dos pontos fortes da película, que também presenteia os cinéfilos mais acérrimos com dezenas de referências cinematográficas absolutamente inesquecíveis. Em suma, não deverá desiludir a grande maioria dos espectadores, mas não se deve cair no erro de pensar que se está perante um dos filmes mais deslumbrantes do ano. Apenas um filme competente e, a espaços, divertido.

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