quinta-feira, 7 de junho de 2012

A Fonte das Mulheres

La Source des Femmes – A Fonte das Mulheres é o novo filme de Radu Mihaileanu e mais um dos do realizador que foge aos padrões do convencional, do que estamos habituados a ver nas salas de cinema. Não é uma grande produção, não conta com um grande orçamento, nem com uma campanha de marketing fenomenal. É um filme que se sustenta unicamente no guião, na história que quer contar – a história de uma aldeia com uma fonte, mas onde o amor já secou. O filme surge como uma lufada de ar fresco, com a sua abordagem dualística, com tanto de sério como de divertido, a um problema que tem tanto de velho como de actual, e que poucas vezes vemos retratado no cinema. Numa qualquer aldeia islamita do globo, Leila, farta das consequências que a subida à única fonte de água traz para as mulheres, decide iniciar uma greve. Uma greve que visa privar os homens daquilo que acredita ser o único poder das mulheres sobre os mesmos: o amor. Lutando contra tudo e contra todos, Leila inicia uma verdadeira revolução no seio da sociedade onde vive, pondo homens contra mulheres, pais contra filhos e pondo em causa muitos dos dogmas do Islão. Mais do que ser um filme sobre homens e mulheres, sobre a natureza e diferenças dos dois sexos, A Fonte das Mulheres é um filme sobre coragem. A coragem de Leila para lutar contra uma sociedade estagnada, com fortes e velhas raízes presas em princípios religiosos, tradições, usos e costumes seculares. Apesar da seriedade do assunto retratado, e muito embora algumas cenas sejam verdadeiramente dramáticas e violentas, a condução da narrativa é sempre feita de uma forma leve e com bom humor. A música é outro elemento que está também sempre presente: por vezes inspiradoras, outras vezes despretensiosas e engraçadas, e ainda, outras vezes, melancólicas. A Fonte das Mulheres é um filme imperdível, que não deixa ninguém indiferente, e que merece mais atenção do que aquela que tem recebido. Pela mensagem, pelas interpretações (de Leïla Bekhti e Biyouna, sobretudo) e pela actualidade dos temas.

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