Com a Terra à beira da catástrofe, o choque com outro planeta, decorrem os dias de duas irmãs, interpretadas por Charlotte Gainsbourg e Kirsten Dunst. A primeira hora é dedicada ao casamento de Dunst, e Lars quer que se repare na proeza. Na segunda, o mundo abeira-se do fim, Dunst está já sem marido, e nem a irmã que a protegia lhe vale. O filme nunca satisfaz a expectativa da catástrofe nem se distingue por existir de forma silenciosa e plácida na catástrofe.
Em Melancolia, os planos do banho de lua de Kirsten Dunst, de caras o momento mais surpreendente do filme, indicam-no com bastante força. Fora fogachos como este, contudo, Melancolia (que nada tem de esteticamente repulsivo como Anticristo”) continua a carecer de uma mão à altura da amplitude do gesto: a primeira parte, no casamento, é pobre, em estilo reportagem (câmara à mão) sem vigor nenhum); e a segunda, incapaz de resolver se espera pelo fim do mundo como metáfora ou como facto, arrasta as personagens (também elas perdidas entre a composição e a simples silhueta) num corrupio esvaído de qualquer angústia, ou... melancolia, especial. Nada de repulsivo, apenas de muito enfadonho.
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