quinta-feira, 4 de agosto de 2011

The Dreamers

Adaptação cinematográfica do romance de Gilbert Adair, “Os Sonhadores” é uma óptima realização do cinema italiano, uma jóia muito bem lapidada que, abusando do conhecimento cinematográfico, da sensualidade e sexualidade, precisava ser desenvolvida por alguém muito sensível e inspirado para dar certo.
Bernardo Bertolucci conseguiu: com a sua genialidade, tratou com tamanha subtileza os temas delicados propostos pelo roteiro que transformou o filme numa belíssima obra de arte, uma viagem e resgate à ideologia dos anos 60, um poema de amor ao cinema.
Como plano de fundo para uma intrigante e envolvente história de jovens cinéfilos e sua paixão incondicional por filmes, temos o tumultuado cenário político que reinava em Paris no ano de 1968. Pelo meio hà uma revolta contra o ministro da cultura devido a deposição de Henri Langlois na Cinémathèque française. Matthew, um estudante americano aprendendo Francês em Paris, acaba por conhecer e ‘apaixonar-se’ por um casal de irmãos, Theo e Isabelle, que possuem ideias semelhantes às suas, além do principal ponto em comum (o amor pelo cinema), e aparentemente um íntimo relacionamento, que mais tarde descobre-se ser equilibrado em jogos de cinema e sexualidade, nos quais o mesmo acaba envolvido, desenrolando assim uma relação a três.
Apesar da personagem principal ser aparentemente a do actor Michael Pitt, a mestria de Louis Garrel ultrapassa-a. A personagem de Louis é bonita, manipuladora e inteligente, esbanja estilo, permitindo a Garrel ter uma participação fundamental no desenrolar do filme. Por seu lado, a bela Isabelle, personagem da não menos fabulosa Eva Green, é ao mesmo tempo sensual e erótica, romântica e misteriosa, mas acima de tudo extremamente envolvente, transportando-nos para o seu íntimo, de forma que ao passo que o relacionamento do trio se torna cada vez mais tórrido, o desenvolvimento de algumas características psicológicas fazem com que esta se torne cada vez mais intrigante.
Num primoroso trabalho de direcção e edição, Bertolucci ainda insere inúmeros documentos de arquivos, como partes de filmes dos anos 60, bem como, músicas de Françoise HardyJimmy HendrixEric ClaptonJanis Joplin, entre outros, o que nos remete à máxima absorção de conteúdo e envolvimento, além das várias e ousadas cenas de nudez dos três principais atores, que estão óptimos em suas respectivas atuações, tornando o filme tão bonito fisicamente quanto estética e ideologicamente.

Um filme que  usa um cenário conflituoso e através dele constroi uma ardente história de amor, acabando por provocar o público e ao mesmo tempo passar uma sensação de tranquilidade. O resultado é completamente surpreendente!

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