quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Ricky Gervais dificilmente voltará a apresentar os Globos de Ouro

Passado o momento da consagração do filme "A Rede Social", de David Fincher, foi da actuação de Ricky Gervais como mestre-de-cerimónias que mais se falou após o final da 68ª gala dos Globos de Ouro, na noite de domingo, no Beverly Hilton Hotel de Los Angeles. A impressão generalizada é a de que o actor britânico de 49 anos, tornado famoso com as séries televisivas "The Office" e "Extras" dificilmente voltará a ser convidado para apresentar os prémios da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA).
"Ele foi demasiado longe nas piadas, e os agentes de alguns actores queixaram-se", disse um membro da HFPA, citado pelo jornal "El País", referindo-se à actuação de Ricky Gervais, que pela segunda vez consecutiva foi convidado a apresentar os Globos de Ouro. De facto, foram muitas as estrelas, presentes e ausentes da cerimónia, que o cómico britânico contemplou com as suas farpas e piadas bem ácidas ao longo da noite. E se muitas delas foram recebidas com gargalhadas pela plateia, outras arrefeceram a atmosfera da sala.
Logo na apresentação da gala, Gervais meteu-se com um actor que não se encontrava na sala. "Esta será uma noite de festa e bebedeira, aquilo a que Charlie Sheen chamaria o seu pequeno-almoço". Presentes no Beverly Hotel, e parece que não muito agradados com as palavras que ouviriam a seguir, estavam o par Johnny Depp-Angelina Jolie, protagonistas de "O Turista", e o marido da actriz, Brad Pitt. "2010 foi um grande ano para os filmes em 3D: ‘Toy Story', ‘Gru', ‘Tron'... Parece que este ano era tudo tridimensional, à excepção das personagens de ‘O Turista'", ironizou Gervais.
O cómico também não poupou Cher, protagonista do musical "Burlesque" - "Queres ir ver a Cher a Las Vegas? Não. Porquê? Porque não estamos em 1975!" -, nem alegadamente John Travolta e Tom Cruise, quando se referiu a um dos filmes ausentes na lista dos nomeados: "‘Amo-te Philip Morris' é um filme em que dois heterossexuais interpretam dois gays, ao contrário de alguns famosos cientologistas"...
Já sobre os filmes que foram seleccionados para os Globos de Ouro, parodiou as referências a subornos ("Burlesque") ou à estratégia da HFPA para garantir a presença na gala de estrelas como o par Brangelina e Depp. Além de que se meteu ainda com Mel Gibson e a sua fobia relativamente aos judeus, Robert Downey Jr e a sua familiaridade com as prisões americanas, e Bruce Willis, a quem chamou "papá de Ashton Kutcher", numa referência ao actual marido de Demi Moore, a ex-mulher do actor de "Pulp Fiction".
Ainda durante a cerimónia, dois momentos marcaram o alinhamento: a intervenção crítica de Tom Hanks e Tim Allen, ao apresentaram o Globo de Ouro para a melhor comédia musical. "Ainda nos lembrámos de quando Ricky Gervais era um cómico algo gordito mas muito gracioso e delicado. Agora não é uma coisa nem outra". E o longo período de tempo em que, a meio da gala, Gervais esteve sem aparecer em palco, o que levou muita gente a dizer que ele teria sido repreendido pela organização.
O próprio actor-apresentador nega, numa declaração colocada no seu blogue e citada pelo "The Hollywood Reporter", que tenha existido qualquer alteração ao alinhamento inicialmente previsto. "O boato de que a organização me impediu de voltar ao palco durante uma hora é obviamente um disparate", escreveu. E afiançou que os Globos de Ouro lhe correram melhor este ano do que em 2010, além de que o ambiente na festa pós-cerimónia era o melhor possível, assegurando ter bebido um copo com Tim Allen e Tom Hanks.
Houve quem tivesse visto na actuação de Ricky Gervais um gesto calculado para não voltar a ser convidado para os Globos de Ouro. O próprio terá anunciado, antes da cerimónia, que esta seria a sua última gala. A verdade é que a impressão dominante é que a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood dificilmente o voltará a convidar para o ano, e esta convicção passa pelas crónicas escritas na imprensa americana a seguir à gala de Los Angeles - Alessandra Stanley, do "The New York Times", classificou Gervais como "mestre-de-cerimónias, mas não de urbanidade". Mas também houve quem o defendesse e elogiasse, como Ken Tucker, no "Entertainment Weekly: "Obrigado a Gervais pela sua grosseria divertida, que faz com que assistir à cerimónia dos Globos de Ouro seja um prazer".

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu só assisti os Golden G uduas vezes, o ano passado, e este. Porque? Porque tinha o melhor comediante do mundo. OAFPA sabem disso, eles sabem que por primeira vez o Ibope dos GG foi lá pra cima, gente como eu até assistiu. Se mudarem ele o ano que vem, não vou assistir. Quer apostar que ele continua?